Quem não quer ter um
melhor ano que se inicia em relação aos anos que se foram?
No artigo, “Sem planejamento e ação, Ano
Novo será como os outros”, chamamos a atenção para cinco fundamentos
que trabalhamos no Coaching de Carreira: objetivos, planejamento, ação, persistência
e aferição de resultados.
O propósito é desenvolver o profissional e
turbinar, por assim dizer, a sua carreira. E, ao fazê-lo, necessariamente
desenvolvemos a pessoa como um todo, pois tocamos em muitos outros aspectos de
sua vida.
Porque o Humano é um Ser complexo,
multifacetado e por mais que o trabalho sistematizado e criterioso seja focado
em dar musculatura às suas competências profissionais, ele (o Ser) não é divisível,
tal qual uma laranja em gomos, fragmentável em partes.
Então, se estamos verdadeiramente falando de
um profissional melhor, estamos também falando de um Ser Humano melhor.
Em outras palavras, terá possibilidade de
uma carreira melhor aquele que desenvolver as suas competências profissionais
concomitantemente com o desenvolvimento — ou minimamente com os cuidados — com
os outros aspectos ou campos de sua vida.
Como diziam os nossos professores, “condição
necessária!”.
Objetivos
Lembre-se que objetivos é um dos cinco
fundamentos que trabalhamos no Coaching de Carreira. É apenas dele que
discorreremos neste artigo. E de maneira resumida, pois o tema, rico, poderia
ser longo. Mas não será.
Quando falamos de objetivos, estamos falando
de finalidade, do fim a que algo nos leva, ou nos move. De onde queremos
chegar, do que almejamos.
Ensina-nos o Houaiss que objetivo é qualidade
do objeto. Aqui, objeto no sentido do que idealizamos, do que vemos. A cadeira
do presidente, o casamento com a mulher ou o homem pretendido, o filho
planejado, o diploma necessário, a moradia cobiçada...
Ora, sendo idealizado, está apenas na ideia,
no propósito, e se está na ideia precisamos torná-la realidade.
Isto dá trabalho. E trabalho tem etapas,
pede método. E não basta ter objetivos — nesta seara, séria, querer não é poder;
há que se planejar, agir, persistir e aferir os resultados (cinco fundamentos).
Pela leitura do preâmbulo que iniciou o
artigo, você já deve estar deduzindo que não dá para falar de objetivos
profissionais, sem abordar “os outros aspectos ou campos de sua vida” mencionados.
“Mas, que aspectos, quais campos?” Você pergunta,
com pertinência.
Comecemos por aquilo que lhe é mais
exclusivo e individual e cuja gestão depende, por princípio, mais de você do
que de qualquer outro: a sua saúde.
Uma carreira longa e produtiva costuma ser
extenuante. Você precisará ser um “ser salutar” para bem percorrer este caminho.
Estamos falando de:
— Saúde física
Este corpo que a natureza e a herança genética
lhe deram.
— Saúde psíquica
As suas emoções, sentimentos, estrutura
mental, consciência, o seu comportamento.
— Saúde moral
A sua ética, o seu espírito, por assim
dizer, incluindo aí, se for o caso, a questão religiosa, tão importante para
muitos.
Nunca estamos prontos nestes três campos da
vida. Eles pedem gestão e revisão, quando não criação, de objetivos ao longo do
tempo. E você já percebeu o quanto eles influenciam a sua carreira.
Anote: já temos três campos a gerir.
Agora, ampliemos a abordagem para os campos
que transcendem, mas, lógico, não abandonam a sua individualidade. Ou seja, nós
e os outros, nós e o mundo que nos cerca, que constitui as circunstâncias nas
quais vivemos:
— Família
Normalmente, de uma viemos e a ela damos
continuidade. Elemento básico de constituição da personalidade e da moral. A
dinâmica familiar parece fluir corriqueiramente, correr em parâmetros mais ou
menos preestabelecidos. “É como é”, ou como deveria ser, segundo os familiares,
mas exige atenção, atuação e, portanto, gestão, pois influencia sobremaneira a
saúde física e a saúde psíquica, com importantes reflexos na carreira e não só nela.
— Sociedade
Somos gregários por definição. Uns mais,
outros menos, é verdade. Vivemos em meio aos outros e nos cabe fazer o bem
viver. É certo que não depende só de nós, como indivíduos; há o outro. O
colega, o amigo, o aluno, o professor, o chefe, o liderado, o patrão, o
cliente, o fornecedor, o parceiro. Não podemos sonhar com o paraíso, mas
podemos — e devemos — muito bem nos afastar do inferno, não tornando a vida um
calvário. Vital gerir os relacionamentos.
— Cultura, leia-se
também conhecimento
Nascemos analfabetos, sem nada saber ou
entender. Apenas com o instinto de sugar o mamilo materno. Depois vamos sendo
ensinados, educados, nos aculturando, num processo que só tem fim no dia da
morte. Estamos sempre aprendendo, adquirindo conhecimentos, numa dinâmica
impossível de esgotar. Em sendo inesgotável, é preciso ter critérios seletivos
quanto à qualidade, à quantidade e à utilidade desta aquisição. Talvez não
baste assistir ao Discovery, aos videozinhos da internet, ler esta ou aquela
revista, conhecer 50 tons de cinza, saber o que o monge falou para o executivo,
frequentar apenas os treinamentos fornecidos pela empresa, assistir somente às
aulas da universidade, ir àquele concerto gratuito no Ibirapuera. Questão básica:
quantas horas anuais você tem como meta para adquirir conhecimentos (técnicos
ou não), educação e cultura? Este número vem crescendo, diminuindo ou é fruto
do acaso? Lembre-se que este campo refletirá em muito na sua obsolescência ou
na sua modernidade profissional.
— Trabalho
Chegamos a ele. Aqui se aninha a carreira
profissional. É tema para toda uma biblioteca, mas sejamos breves. Se o seu
nome fosse Nasa e o seu objetivo chegar à Lua, em que ponto do caminho (carreira)
você estaria? Reflita: onde você pretende chegar? Quais são os seus recursos (competências)?
Como você tem lidado com os obstáculos — há dificuldades, certo? E mais: qual é
o seu Plano B? Afinal, este “estágio do voo” pode não dar certo, não é mesmo?
Convenhamos, sem uma eficiente (auto) gestão, vai ser difícil chegar lá.
— Lazer e Ócio
Sim e ufa, ninguém é de ferro! Trabalhar é importante
e vital, mas homem não é máquina, precisa descansar e divertir-se. Porém, atenção,
pois se por um lado o workaholic ou aquele sujeito que diz, todo orgulhoso, que
“o trabalho para mim é tudo”, sejam vistos como desequilibrados, por outro lado
o lazer e o ócio não podem correr o risco de virar obrigação, com agenda rígida,
feito programação de evento corporativo. Há que se ter flexibilidade, inclinação
à vontade momentânea, à diversidade de critérios. Ter um hobby, por exemplo, é bom.
Experimentar o mundo à nossa volta, também e por objetivo, é melhor ainda.
Pronto. Minimamente, temos oito campos da
vida que requerem gestão. Você pode argumentar que há mais, que há outros
campos. Eu concordo e contra-argumento que depende de como vemos ou como
equacionamos, modelamos a vida, e que também este artigo precisa terminar.
Recomendo e chamo a atenção para a criação
de objetivos para estes campos da vida, geri-los e o quanto isto é importante
para administrar uma carreira equilibrada, e para almejar uma vida bem vivida.
O professor Vicente Falconi, sabiamente, não
cansa de nos lembrar de que ter objetivos, metas, é o ponto de partida de
qualquer gestão. Inclusive, digo eu, a da sua vida e a da sua carreira — conjuntamente.
Se puder sugerir, inicie por estes campos
sobre os quais falamos. E lembre-se que até pipa no ar precisa ter uma linha
condutora. E boa linha, pois pipa desgarrada cai em qualquer lugar, e rápido.
Por Carlos Alberto Bitinas
Fonte Consultor Jurídico