domingo, 19 de dezembro de 2021

A FLEXIBILIDADE NA CONTRARIEDADE!


"Um homem sensato pode apaixonar-se como um doido,
mas não como um tolo."
 (François de La Rochefoucauld)

Você já parou para se perguntar até onde você conseguiria se flexibilizar diante de uma contrariedade? Podemos dizer: depende da contrariedade. Obviamente que sim, todavia, a questão nos remete ao estado de “estresse” que todos nós terminamos, ou que vivemos, os nossos dias. A quantidade de vezes que nos deprimimos sem razão, que nos entristecemos, que as coisas parecem perder o sentido... Estamos em um momento importante onde a humanidade alcançou a maior curvatura referente aos níveis de informação; atravessamos uma importante era tecnológica onde os limites parecem não mais existir no mundo virtual.
Para os grandes sábios, homens que refletem com profundidade e consistência, tudo está em seu lugar; pode ser que nós estejamos deslocados. Será? Em plena era da exteriorização existencial, vejo serem grandes e alarmantes os números de pessoas que sofrem algum tipo de transtorno psíquico. As revistas espanholas mais especializadas apontam números curiosos sobre a quantidade de jovens que sofrem depressão, e acusam: já é a doença do século! Diferentes agências americanas dizem que 50% das pessoas de todos o mundo já desenvolveram ou desenvolverão algum tipo de transtorno existencial. Um fato que nos leva a re-pensar se nossas atitudes diárias estão dentro dos limites naturais de nossa existência.
À medida que avançamos em nossas idades, independentemente de termos ou não vividos boas ou más experiências, modificamos as nossas formas de conviver, de levar com tranquilidade e sensatez um problema, de resolver uma situação extrema; há quem diga que melhoramos e pioramos; crescemos e estagnamos nossas mentes em função de toda esta mudança, de todo este “estresse” cotidiano. Nos mínimos detalhes é possível perceber como a humanidade está ascendendo e descendendo; será que conseguiríamos viver sem internet? Sem luz elétrica? Ou em poucas horas o mundo se transformaria em um caos generalizado?
Por mais que estejamos cientes de que todas estas circunstâncias favorecem alguns pontos positivos, não é de agora que nossas verdades se vêem atravessadas por ventanias de sentimentos, de ira, de raiva, simplesmente por não sabermos flexibilizar. Quiçá, seja verdade que já há algum tempo que o ser humano se esqueceu de perceber que existe um mundo interno que está torcido em relação ao mundo exterior. Talvez seja verdade que este mesmo ser humano venha tentando se adaptar à medida que se vê necessária a sua intervenção ao nível humano (humanitário) e, em negativo, animal (bestial). Basta observarmos o trânsito, a vida em sociedade... As pessoas, o dia, o todo, parece que estamos indo para uma guerra; gritos, agressões verbais, buzinas... A falta de paciência, de tolerância, é geral.
É certo que estamos, ainda, em tempos de adaptação; ainda não nos habituamos aos novos volumes de intervenção externa em nossos costumes. Uma quantidade incrível de informações entram e saem de nossos ouvidos diariamente; atordoam nossas mentes com verdades e mentiras que nos obrigam a estruturar nossas personalidades e atitudes à partir de reações alheias e, mesmo assim, não somos capazes de parar; de desacelerar, pensar um pouco; por esta razão somos muitos os que nos encontramos isolados, perdidos, estagnados... Recordo-me um professor que dizia: “Pare! Desacelere!... Conheça quem é você”.
A profundidade desta colocação, por mais que pareça um aspecto “anti-natural” para um jovem cheio de energia, remeteu-me, em sua época, à capacidade de me olhar no espelho; de ver as circunstâncias sem as máscaras que nos são apresentadas. Proporcionar o bem-estar a si mesmo significa realmente ser flexível diante da dureza dos extremos. Dissolvê-las - as durezas - a ponto destas se tornarem o ponto de alcance para atingir a libertação. Isso nos leva ao ponto de olharmos para nós mesmos e, verdadeiramente, perguntarmo-nos se somos felizes; se estamos bem, satisfeitos... Para alguns mestres que conheço, tal processo significa superar as nossas qualidades negativas aperfeiçoando as nossas qualidades positivas. Isso está diretamente associado à nossa compreensão daquilo que somos em verdade. Como sabemos o quanto podemos nos flexibilizar se não nos conhecemos?

"O homem sensato constrói a própria sorte;
por isso acontecem poucas coisas que ele não quer."
(Plauto)
Por Jordan Augusto
Fonte Sociedade Brasileira de Bugei