“Como nossa percepção sensorial é bastante distinta daquela dos nossos amigos felinos, delegamos como beijo do gato o comportamento de tocar o focinho nos nossos rostos”.
Sabe aquela carinha que os gatos fazem quando estão ao seu lado? Um olhar entreaberto, um “olhinho” com charme e sono ao mesmo tempo? É um comportamento, não de sono, preguiça ou o que seja. Os gatos estão esforçando-se para estabelecer uma comunicação, passar uma mensagem para seus responsáveis. Achamos uma graça esse olhar que, quase sempre, está acompanhado do “motorzinho” e/ ou “tocar pianinho”.
Um gato comunica-se com outros gatos através de uma série de elementos comportamentais específicos da espécie. Como não exibimos movimentos tão exuberantes das orelhas, não temos uma cauda longa e vívida e, ainda, não eriçamos os pelos do corpo tão evidentemente, restam à comunicação entre o gato e o homem outras ferramentas para trocarem informações.
Gatos nos olham, em uma circunstância ambiental e social bastante reconfortante, de um modo especial. Estamos sentados na mesa do computador e os nossos felinos estão lá. Subitamente quando os olhamos, eles fecham lentamente os olhos, às vezes, os abrem e tornam a fechá-los lentamente.
Quando piscamos lentamente para o gato estamos enviando uma mensagem: Pode ficar tranquilo, você pode relaxar. Não se sinta ameaçado!
Olhar de “vontade de dar um beijo”. Quem resiste?
Nossa falta de conhecimento não permite que prestemos atenção em tal detalhe surpreendente: os gatos lentamente piscam em nossa direção. Associado aos olhos, nós podemos observar um grupo de outros elementos comportamentais que ajudam a estabelecer a comunicação. Além do “motorzinho” e o “tocar pianinho”, temos posturas corpóreas compatíveis com o relaxamento.
Contudo, o mais importante não é somente o olhar, é o fechar e abrir lentamente as pálpebras. Um piscar lento nos parece uma sinalização de satisfação plena, ainda que não seja acompanhado necessariamente de contatos físicos. Muitos gateiros chamam esse comportamento de beijo dos gatos. Como nossa percepção sensorial é bastante distinta daquela dos nossos amigos felinos, delegamos como beijo do gato o comportamento de tocar o focinho nos nossos rostos.
Mas, independente da denominação, prestem atenção neste comportamento dos gatos. Bem, depois de observar o comportamento, podemos avançar: podemos retribuir o “beijo”. Podemos fechar e abrir nossas pálpebras lentamente e enviar uma mensagem para o (a) nosso (a) gato (a). Você pode até pensar: o que fazer com aquele apertão que eu dou no meu gato acrescido com uma bitoca no meio das carícias?
E por último: gatos não “beijam” todo mundo, apenas os associados preferenciais, não espere receber um “beijo” de um gato desconhecido (se receber, leve-o para casa). O “beijo” só acontece em meio a circunstâncias favoráveis e, jamais agarre o gatão depois que perceber que tudo é verdade.
Se ele piscar (“beijar”) para você, controle a emoção, devolva o piscar dos olhos bem lentamente e só. Depois você abraça e beija. Se o fizer depois do “beijo” ele pode repensar em mandar uma piscada para você na próxima oportunidade.
Por Carlos Gabriel Almeida Dias