quinta-feira, 2 de setembro de 2021

MORRI! E AGORA? OS REFLEXOS FINANCEIROS QUE VÃO RESTAR QUANDO VOCÊ SE FOR!


“Afinal de contas, o que fazer quando você morrer? Não estou perguntando o que você vai fazer quando morrer, mas sim o que as outras pessoas irão fazer quando você morrer. Elas saberão cuidar do patrimônio que você deixou? Elas saberão onde estarão guardados seus documentos pessoais? Eles saberão quantas contas bancárias e quais investimentos você tinha?
Preparar seus entes queridos para o pós-morte é fundamental para deixá-los mais tranquilos a respeito da reorganização financeira da família. E, supondo que você também terá que arrumar a bagunça de alguém, por tabela, o assunto também é do seu interesse.
Um conjunto de dicas muito legais de Larissa Schucht, que certamente lhe ajudará a refletir e, sobretudo, agir a respeito do assunto. Boa leitura!

Morri! E agora? Eu vou morrer. Você também.
Esse assunto pode não ser do seu interesse hoje, mas será do interesse daqueles que vão arrumar a bagunça que você deixar quando morrer. Supondo que você também terá que arrumar a bagunça de alguém, por tabela, o assunto, também, é do seu interesse. Mais cedo ou mais tarde será útil. Eu não estou mórbida ou doida. Muito menos desejando que você morra. Trata-se de mera constatação, vai acontecer com você também. E por isso precisamos ser PRÁTICOS.
Uma forma simples de avaliar a vida da pessoa é observar o que fica para o inventariante organizar quando a pessoa morre. Todos os anos eu invisto dois dias no mês de janeiro para arrumar o meu escritório e o de casa… E um dia por mês, todos os meses, para atualizar, organizar, arrumar, gerenciar e arquivar papéis, contas, documentos etc. Pode parecer muito tempo, mas não é. Nesses dias, eu organizo os papéis, a vida e os sentimentos.  Separo e classifico toda a documentação e as contas, rearquivo ou elimino o que puder, refaço anotações e aproveito para ouvir uma boa música e tomar uma taça de vinho tinto enquanto organizo. Aproveito para pedir uma pizza de margherita e curtir a vida. Ligo um som bem alto e ouço, canto e azucrino o ouvido dos vizinhos, sou absolutamente desafinada! Só consigo fazer esse processo se estiver absolutamente sozinha. Reforça minha sanidade!
Quando meu pai faleceu gastamos quase seis anos para finalizar o inventário. Não por excesso de bens, mas por excesso de caos. Juro, não tinha sequer uma semana que o assunto não me assombrava. E era papel, advogado, documentação e tanta falta de informação da família sobre os CNPJs das empresas, pendências, restrições, ativo e passivo que demoramos um tempão pra regularizar tudo.
A questão é a seguinte: Quando eu morrer, meu marido já tem as exatas orientações sobre como proceder. Aqui vão algumas dicas do que você pode fazer:

1. Arquive seus relatórios financeiros e planilha de investimentos em um lugar que os herdeiros possam ter acesso e avise a alguém em quem você possa confiar. Não, eu não sei em quem você pode confiar, mas reflita e encontre a pessoa. Se você parar pra pensar vai encontrar, afinal como diz a PNL a resposta sempre está dentro de nós;

2. Arquive todas as declarações de IR (e os recibos) de todos os anos em local seguro e avise o cônjuge, em geral, o coitado é o último a saber que você não fez o que deveria enquanto estava vivo;

3. Adote o hábito de conversar sobre a vida financeira, sonhos e projetos, de modo que cada um saiba exatamente o que esperar quando o outro se for, tendo amplo e irrestrito conhecimento de saldos no banco, senhas de acesso a sistemas financeiros, empréstimos e financiamentos contraídos;

4. Arquive e liste as apólices de seguro de vida e previdência privada (muita gente morre e só muito tempo depois a família fica sabendo que tal apólice existia);

5. Mantenha em local seguro e centralizado todos os documentos pessoais e cópias dos mesmos, nas urgências isso facilita a vida, otimiza os processos e poupa dor de cabeça e fila pra tirar a simples cópia de um RG;

6. Se o número de bens for significativo faça um testamento, a lei tem as regras dela e você pode ter as suas preferências, e o melhor é deixá-las escritas observando estritamente o que prevê o Código Civil, confie em mim, você vai me agradecer quando passar para o lado de lá;

7. Relacione as contas (corrente e poupança) que vocês têm e, lembre-se de alertar quem ficar de que quando alguém morre é necessário comunicar do óbito tão logo seja possível. Quem precisa ser avisado de um óbito? bancos, plano de saúde, cartórios (caso haja procurações para serem revogados os direitos ou obrigações) dentre outros;

8. Relacione também a conta investimento no país e no exterior (se você opera Forex), juntamente com os usuários e senhas para que o cônjuge saiba o que fazer;

9. Arquive as contas pagas por 5 anos;

10. Arquive a documentação relacionada ao Imposto de Renda por 10 anos;

11. Arquive os exames médicos por 5 anos, isso pode prevenir futura demanda por planos de saúde, empresas de previdência ou seguradoras;

12. Arquive todas as faturas de cartões de crédito, após a conferência, também por 5 anos;

13. Arquive as contas telefônicas, energia elétrica e condomínio em pastas ou caixas específicas;

14.   Se estiver reformando sua casa ou apartamento arquive o projeto, cartões, dados, notas fiscais, cupons e 2ª via de cartão de crédito em uma caixa ou pasta, para facilitar o acesso durante a obra. Ao final da obra, elimine o que não é necessário e arquive o resto sob a rubrica: obra tal, ano tal, documentação tal. Lembre-se, se você mora em prédio, comunique o síndico por escrito e pegue recibo;

15. Se você investe em imóveis tenha cópia das escrituras, matrículas. Monte ainda uma planilha contendo todas as características gerais dos imóveis, contendo metragem, valor de mercado, se está alugado ou não, valor do condomínio, necessidades de reparo, índice de inadimplência anual do pagamento de taxa de condomínio;

16.  Arquive toda a documentação em um armário adotando a seguinte classificação: uso mensalmente, uso semestralmente, uso anualmente. Atenção: elas devem estar em lugar de fácil acesso para que você tenha motivação para mantê-las organizadas. Xô, preguiça!

17.   Todo ano reavalie as pastas e a classificação, alterando o conteúdo se necessário e também alterando o local físico em que se encontram;

18.   Anualmente elimine o que não precisa mais (é normal no estilo moderno de vida que levamos um grande acúmulo de papel, faz parte do processo, entretanto, isso não justifica caos e desorganização);

19.   Adote 2 duas caixas ou pastas para manter seus documentos e contas centralizados e organizados antes de efetuar os devidos lançamentos em planilhas ou sistema financeiro digital:
1) colocar os cupons para lançamento das despesas e receitas (extratos de banco, fatura do cartão antes de conferir, todas as 2ª vias de cartão de crédito/débito, até o lançamento no sistema financeiro, sim!
Adote um sistema para controlar as despesas e receitas, nem o meu cérebro nem o seu estão aptos a fazer contabilidade mental.
2) notas fiscais - subdivida as notas:
1. Lar: manutenção;
2. Despesas pessoais: roupas, acessórios, utensílios etc;
3. Despesas dos filhos.

Mantenha a vida financeira de sua família organizada e restarão poucas dificuldades para quando o seu dia chegar. Relaxe, esse dia chega pra todo mundo! Até pra você! E para quem fica o melhor é que restem boas lembranças e não pesadelos jurídicos, bancários ou fiscais pra resolver."
Por LarissaSchucht - Siga-a no Twitter: @LarissaSchucht
Fonte Valores Reais