O câncer de tireóide é mais comum em indivíduos submetidos à radioterapia da cabeça, do pescoço ou do tórax, muito freqüentemente por problemas benignos (embora, atualmente, o tratamento radioterápico para distúrbios benignos não seja mais realizado).
Ao invés de provocar um aumento de toda a tireóide, o câncer normalmente produz pequenas tumorações (nódulos) no interior da glândula.
A maioria dos nódulos da tireóide não são cancerosos e os cânceres de tireóide geralmente podem ser curados. Freqüentemente, os cânceres de tireóide apresentam uma capacidade limitada de captar o iodo e de produzir hormônio tireoidiano. No entanto, muito raramente, eles produzem hormônio suficiente para causar hipertireoidismo.
Os nódulos apresentam maior probabilidade de serem cancerosos quando é detectada a presença de apenas um nódulo ao invés de vários, quando a cintilografia da tireóide revela que o nódulo não é funcionante, quando o nódulo é sólido e não com conteúdo líquido (cístico), quando o nódulo é duro ou quando ele cresce rapidamente.
Uma proeminência indolor no pescoço é normalmente o primeiro sinal de câncer de tireóide. Quando o médico detecta a presença de um nódulo na tireóide, ele solicita vários exames.
A cintilografia da tireóide determina se o nódulo é funcionante, uma vez que um nódulo não funcionante apresenta maior probabilidade de ser canceroso do que um funcionante.
A ultrassonografia é menos útil, mas ela pode ser realizada para determinar se o nódulo é sólido ou se o seu conteúdo é líquido. Comumente, é realizada a coleta de uma amostra do nódulo através de uma punção biópsia com agulha fina para exame microscópico, a melhor maneira de se determinar se o nódulo é canceroso.
Câncer Papilar
O câncer papilar representa 60 a 70% de todos os cânceres de tireóide. As mulheres apresentam o câncer papilar duas a três vezes mais que os homens.
No entanto, como os nódulos são mais comuns nas mulheres, um nódulo em um homem sempre levanta uma maior suspeita de câncer.
O câncer papilar é mais comum nos indivíduos jovens, mas cresce e dissemina mais rapidamente nos indivíduos idosos.
Os indivíduos submetidos a radioterapia do pescoço, geralmente para tratar uma condição benigna na lactância ou na infância ou por um outro câncer na vida adulta, apresentam maior risco de desenvolver câncer papilar.
O tratamento do câncer papilar, o qual algumas vezes dissemina para os linfonodos vizinhos, é cirúrgico.
Os nódulos que possuem menos de 2 cm de diâmetro são removidos juntamente com o tecido tireoidiano circunjacente, embora alguns especialistas recomendem a remoção de toda a glândula.
Quase sempre a cirurgia cura esses pequenos cânceres.
Como o câncer papilar pode responder ao hormônio estimulante da tireóide, são administradas doses suficientemente elevadas para suprimir a secreção do hormônio estimulante da tireóide e para auxiliar na prevenção da recorrência.
Quando um nódulo é maior, é realizada a remoção da maior parte ou de toda a glândula e o iodo radioativo é freqüentemente administrado na esperança de que qualquer tecido tireoidiano ou câncer remanescente que disseminou além da tireóide capte essa substância e seja destruído.
Uma outra dose de iodo radioativo pode ser necessária para se assegurar a destruição de todo o câncer.
O câncer papilar é quase sempre curado.
Câncer Folicular
O câncer folicular representa aproximadamente 15% de todos os cânceres de tireóide e é mais comum entre os indivíduos idosos.
O câncer folicular também é mais comum em mulheres que em homens. No entanto, assim como no câncer papilar, um nódulo em um homem apresenta maior probabilidade de ser canceroso.
Muito mais agressivo que o câncer papilar, o câncer folicular tende a propagar-se através da corrente sangüínea, disseminando células cancerosas a várias partes do corpo (metástases).
O tratamento do câncer folicular exige a remoção do máximo possível da tireóide e a subseqüente destruição do tecido tireoidiano remanescente, incluindo as metástases, com iodo radioativo.
Câncer Amaplásico
O câncer anaplásico representa menos de 10% dos cânceres de tireóide e ocorre mais comumente em mulheres idosas.
Ele cresce muito rapidamente e, normalmente, produz um grande tumor no pescoço.
Aproximadamente 80% dos indivíduos com câncer anaplásico morrem em um ano.
O tratamento com iodo radioativo é inútil porque os cânceres anaplásicos não o absorvem. Contudo, o tratamento com drogas antineoplásicas e radioterapia antes e depois da cirurgia tem produzido algumas curas.
Câncer Medular
No câncer medular, a tireóide produz quantidades excessivas de calcitonina, um hormônio produzido por certas células tireoidianas.
Como o câncer medular também pode produzir outros hormônios, ele pode causar sintomas incomuns.
O câncer medular tende a disseminar (produzir metástases) através do sistema linfático até os linfonodos e através do sangue até o fígado, os pulmões e os ossos.
O câncer medular pode ocorrer juntamente com outros tipos de cânceres endócrinos na chamada síndrome da neoplasia endócrina múltipla.
O tratamento exige a remoção total da tireóide.
Uma cirurgia adicional pode ser necessária para permitir ao médico determinar se houve disseminação do câncer para os linfonodos. Mais de dois terços dos indivíduos cujo câncer medular da tireóide faz parte da síndrome da neoplasia endócrina múltipla vivem por pelo menos mais 10 anos.
Quando o câncer medular de tireóide ocorre isoladamente, as chances de sobrevivência não são tão boas.
Como o câncer medular de tireóide algumas vezes ocorre em famílias, os familiares consangüíneos devem der examinados, investigando-se a existência de uma anomalia genética que é facilmente detectada nas células sangüíneas.
Quando o resultado da investigação é negativo, é quase certo que o familiar não desenvolverá câncer medular.
Quando ele é positivo, o familiar apresenta ou apresentará um câncer medular e a cirurgia de remoção da tireóide deve ser aventada mesmo antes da manifestação dos sintomas e do aumento da concentração sérica de calcitonina.
A concentração sérica alta de calcitonina ou uma elevação exagerada da concentração após testes de estimulação também ajudam o médico a prever se alguém apresenta ou irá apresentar câncer medular de tireóide. A detecção de uma concentração incomumente alta de calcitonina levará o médico a sugerir a remoção da tireóide, uma vez que o tratamento precoce provê a melhor chance de cura.
Sobre a tireóide
A tireóide é uma glândula em forma de borboleta, situada na base da garganta, abaixo do pomo de adão. Tem duas asas (ou lóbulos), uma direita e uma esquerda. As duas estão ligadas no meio.
A glândula tireóide fabrica, armazena e libera hormônios da tireóide (chamados T3 e T4) que afetam quase todas as células do seu corpo e ajudam a regular o seu metabolismo.
O que é Câncer de tireóide?
Câncer de tireóide é um tumor maligno ou um crescimento na glândula tireóide.
Normalmente, a reposição de células velhas da tireóide por células recém-produzidas é um processo constante e regulado.
Em alguns casos, certas células se tornam anormais e não acompanham o ciclo de crescimento comum.
Quando estas células anormais continuam a crescer e a se reproduzir de maneira descontrolada, formam um tumor.
Os cânceres de tireóide papilares e foliculares são os mais comuns, sendo responsáveis por 90% dos tumores de tireóide. Em geral, costumam ser denominados cânceres de tireóide "diferenciados" ou "bem diferenciados".
O câncer de tireóide é mais comum nas mulheres do que nos homens - quase três vezes mais mulheres do que homens têm câncer de tireóide.
O câncer de tireóide ataca as pessoas em uma idade mais jovem do que a maioria dos outros cânceres - o maior número de pacientes tem entre 20 e 54 anos de idade. As probabilidades de recuperação dependem do tipo de câncer de tireóide que você tem, onde ele está localizado (ele pode estar somente na tireóide ou ter se manifestado também em outras partes do corpo), da sua idade e da sua saúde em geral.
Geralmente, a expectativa de cura para os pacientes com câncer de tireóide bem diferenciado é boa.
No entanto, mesmo depois de um tratamento bem-sucedido, o câncer de tireóide pode voltar, às vezes algumas décadas após o tratamento inicial.
Os médicos recomendam que quem teve câncer de tireóide faça exames de rotina pelo resto da vida. Isso significa que é importante continuar a fazer os exames de verificação rotineiros recomendados pelo seu médico.
Geralmente, quanto mais cedo você surpreende uma recorrência, maiores são as probabilidades de um tratamento bem-sucedido.
Como diagnosticar o câncer de tireóide
Há vários motivos pelos quais você ou seu médico podem suspeitar de câncer de tireóide. Um dos mais comuns é encontrar um nódulo na tireóide, você mesmo, através do auto-exame, ou durante uma consulta com seu endocrinologista. Nódulo é um caroço que você pode sentir ao redor da tireóide. Os nódulos não são incomuns e apenas cerca de 5% são cancerosos.
Uma das maneiras mais comuns de confirmar o diagnóstico de câncer de tireóide é fazer uma biópsia de aspiração com agulha fina. Neste procedimento, uma agulha pequena é introduzida na pele, atingindo um nódulo da tireóide, de onde se extrai uma amostra do material que há dentro do nódulo. Em geral, estas biópsias são rápidas e seguras, e não chegam a causar muito incômodo.
Aprenda a fazer o auto-exame - Ele pode salvar sua vida
Material necessário: copo com água e um espelho (se possível, com cabo).
Procedimentos
Segure o espelho e procure no seu pescoço a região logo abaixo do "pomo-de-adão" (mais conhecido como gogó). Sua tireóide está localizada aí.
Incline a cabeça para trás para que o pescoço fique mais exposto e focalize essa região no espelho.
Beba um gole de água.
Com o ato de engolir, a tireóide sobe e desce. Observe se existe algum aumento ou saliência na tireóide. Atenção: não confunda a tireóide com o "gogó". Lembre-se que a glândula está logo abaixo. Repita este teste várias vezes até ter certeza.
Ao notar qualquer alteração, consulte o seu endocrinologista.
E nunca esqueça
O auto-exame não substitui os exames periódicos que você deve fazer com o seu endocrinologista.
Informações aos pacientes
Câncer de tireóide é um tumor maligno de crescimento localizado dentro da glândula tireóide. Não é um tipo de câncer comum. Entretanto, a maioria dos cânceres de tireóide pode ser tratada com sucesso e a taxa geral de sobrevida de cinco anos é de 96%. Mesmo quando o tratamento é bem-sucedido, seu médico pode recomendar que você passe por exames de rotina para ver se houve recorrência pelo resto da sua vida. Isto porque, até 35% dos cânceres de tireóide pode voltar, e um terço de todas as recorrências só vão surgir com mais de 10 anos após o tratamento inicial.
O câncer de tireóide e o tratamento por toda a vida podem parecer confusos e até perturbadores. Como em outros cânceres, o de tireóide é tratável, com altos índices de cura, desde que detectado em seu início. Esta área do site tem como objetivo levar as informações básicas à população e aos pacientes de câncer de tireóide, quer tenham recebido um diagnóstico, quer já tenham se submetido ao tratamento. Mas as informações aqui veiculadas têm caráter estritamente informativo e educacional e não substituem as informações ou apreciações de especialistas das respectivas áreas de interesse aqui apresentadas, incluindo médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e educadores.
Para pacientes novos
Receber um diagnóstico de câncer pode ser assustador. Mas conhecer o assunto pode ajudar você a superar seus temores.
Se você ou alguém que você conhece recebeu o diagnóstico de câncer de tireóide, vai gostar de saber que as perspectivas de tratamento são excelentes. Na maioria dos casos, esses cânceres podem ser totalmente extirpados por cirurgia.
Veja alguns fatos importantes
A taxa de sobrevida de 5 anos para as pessoas com diagnóstico de câncer de tireóide é de 96%;
Apenas cerca de 8% morrem de causas relacionadas com câncer de tireóide bem diferenciado após 30 anos do tratamento inicial.
Há muito mais coisas a saber sobre o câncer de tireóide, seu tratamento e seus exames. Como sempre, seu médico, seu enfermeiro e profissionais de saúde da equipe multidisciplinar são a sua melhor fonte de informações e de orientações. Mas esta seção pode proporcionar as noções básicas, inclusive uma visão geral do câncer de tireóide, como ele pode ser diagnosticado, diversas possibilidades de tratamento e o que você pode esperar enquanto continua a levar a sua vida normalmente.