Investir em aperfeiçoamento via cursos de extensão e pós-graduação pode não ser mais suficiente para ascender profissionalmente. Pelo menos em setores de alta competitividade, marcados por transformações velozes e desafios complexos, como o bancário, o da tecnologia da informação, de petróleo e gás, construção civil e saúde. Quem trabalha ou deseja se candidatar a vagas em uma dessas áreas provavelmente já descobriu um universo desconhecido para a maioria: o da certificação de pessoas. Para assegurar que o profissional esteja preparado para exercer determinada função, várias empresas - e até órgãos públicos - têm aplicado provas periódicas para testar seus conhecimentos.
Consolidado no exterior, principalmente nos Estados Unidos, o mercado de certificação surgiu no Brasil nos anos 80, quando empresas de informática passaram a exigir, dos profissionais de TI, comprovações teóricas e práticas de que eles dominavam softwares e sistemas operacionais importantes. De lá para cá, a tendência ganhou força em outros segmentos de negócios, principalmente no de finanças. Seja como documento obrigatório para contratação ou promoção.
De uma forma ou de outra, trata-se de um mercado com grande potencial de crescimento nos próximos dez anos, garante Marco Tyler-Williams, diretor-superintendente da Prepona, empresa líder na aplicação de provas para certificação de pessoas. Em 2010, a empresa aplicou, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mais de 80 mil exames. Um aumento de 80% sobre 2009.
- O Brasil tem adotado esse sistema em ritmo acelerado, porque já está avançado quando o assunto é certificação de produtos e processos. Falta agora o terceiro, as pessoas. O que, para mim, é o que existe de mais importante numa empresa. São elas que operam os processos e verificam a qualidade dos produtos - lembra Tyler-Williams, que tem como clientes associações do mercado financeiro e organizações como a Chevron e a Lafarge.
No caso da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), por exemplo, as instituições financeiras levantam quais tipos de atividades profissionais deveriam ser certificadas e as repassam à entidade que elabora o conteúdo das provas. O trabalho é realizado em parceria com a Prepona, que detém a tecnologia para aplicá-las; e com a FGV, que disponibiliza centros de testes conveniados em todo o Brasil para sua realização.
- Acreditamos que é mais do que uma forma de contribuir para a qualificação dos profissionais da área. A ideia também é buscar, constantemente, a qualidade dos serviços - diz Ricardo Nardini, gerente executivo de Certificação e Educação da Anbima, que concede quatro certificações obrigatórias e duas optativas, uma para planejador financeiro e outra para analista de investimento.
Para trabalhar como agente autônoma de investimentos da corretora XP, a advogada Maria Cláudia Veloso, de 45 anos, teve de acertar 70% de uma prova com 80 questões objetivas sobre a profissão. A certificação, exigida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é concedida pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras dos Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). Faz parte do trabalho entender as necessidades do cliente para oferecer opções de investimentos segundo seu perfil.
- É uma prova que exige atenção porque faz pensar em detalhes que não podem ser esquecidos, o que é importante para o profissional se manter atualizado e, ao mesmo tempo, transmitir uma sensação de segurança para o cliente - diz Maria Cláudia.
Por Paula Dias
Fonte O Globo Online