segunda-feira, 6 de novembro de 2023

PASSOU DOS 30 E NÃO TEM NEM UM PÉ DE MEIA? SAIBA O QUE FAZER?

Se você está preocupado por que ainda não tem patrimônio e já passou dos 30 anos, saiba por onde começar

Após fazer uma avaliação da sua situação, primeiro passo é se livrar de dívidas atrasadas

Especialistas recomendam que a poupança para o futuro comece cedo – e que, ao atingir os 30 anos de idade, as pessoas já tenham feito algumas conquistas financeiras, ainda que apenas cultivar bons hábitos.
Mas e quem já passou dos 30 e ainda não tem nem um pé de meia, ou no máximo formou uma pequena poupança? É tarde demais para esta pessoa?
É claro que ter 35 anos é bem diferente de ter 60. Para o primeiro, definitivamente não é tarde. Com a expectativa de vida mais alta, essa pessoa provavelmente terá 30 anos ou mais de acumulação de recursos pela frente, o que não é nada desprezível.
No segundo caso pode realmente ser um pouco tarde para garantir a mais tranquila das aposentadorias. Mas nunca é tarde para começar a faxinar a vida financeira, se livrar das dívidas e se resguardar contra imprevistos desastrosos.
Só não será fácil, nem rápido. Você provavelmente precisará poupar mais do que quando você estava na faixa dos 20, mas possivelmente também terá uma renda maior do que quando era mais jovem.
Veja a seguir o passo a passo para pôr a vida financeira em ordem se você já passou dos 30:

1 Avalie se a situação o incomoda
Para o CFP Valter Police, planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), a partir do momento em que a pessoa se incomoda com sua situação atual, ela deve fazer algo para mudá-la, e não se acomodar.
“Não há certo e errado. A decisão de apenas viver o hoje é tão válida quanto a de poupar para o futuro. Agora, se eu não construí nada e não estou contente com a situação, eu preciso fazer algo diferente”, diz Police.
“O que normalmente causa frustração é a incoerência: estar descontente com uma situação, mas não querer tomar uma atitude diferente”, completa.
Para aqueles que valorizam a construção de um patrimônio e ainda nem começaram, mesmo estando mais velhos, o CFP alerta:
“Essa pessoa deve ficar bem preocupada. Essa é uma fase da vida em que a pessoa já deu seus primeiros passos financeiros. Quando se começa a poupar mais tarde, o esforço terá que ser bem maior”, diz Police.

2 Analise o que o levou a esta situação
O passo “zero”, segundo Valter Police, é fazer um diagnóstico da sua situação para saber o que o levou a ela. Você tem dívidas? Não consegue poupar? Por que, exatamente?
O especialista lembra que não vale se apoiar no que ele chama de “desculpas verdadeiras” – aqueles imprevistos e outros motivos que até são verdadeiros, mas que de nada servem como justificativas das suas dificuldades.
Valter Police lista alguns exemplos de “desculpas verdadeiras”: “eu ganho pouco, por isso não consigo poupar”; “não tive oportunidade na vida, por isso ganho pouco”; “meu trabalho/chefe é chato, por isso não me adapto ao emprego”; “tenho muitas despesas, por isso não consigo guardar dinheiro”; “conheço gente que poupava e morreu jovem”; “mexer com dinheiro é complicado, não gosto nem de olhar”.
“Todas essas coisas são verdadeiras, mas pensar assim não resolve o seu problema”, observa Police.
O estudo das finanças comportamentais mostra que o ser humano tende à irracionalidade e à autossabotagem, até por questões evolutivas.
Mas na hora de faxinar as finanças é preciso identificar quais são os motivos internos da falta de controle e organização, que são aqueles que você pode mudar.
Boa parte do esforço pode ser feita na maneira com que você lida com as dificuldades, a escassez e os imprevistos, e não nesses obstáculos em si.
“Você pode fazer essa autoanálise até com a ajuda de um psicólogo ou um terapeuta financeiro”, diz o planejador financeiro, que frisa que a mudança não vem sem esforço.

3 Faça um orçamento
Analisada sua situação, o primeiro passo efetivamente financeiro é fazer um orçamento: listar todas as dívidas em atraso (se houver), eventuais financiamentos de longo prazo (como os da casa e do carro), receitas e despesas, da maior à menorzinha, semanal ou mensalmente, para ver onde o dinheiro está sendo desperdiçado.
Assim é possível reduzir despesas excessivas ou até fazer um sacrifício para cortar algumas delas, principalmente o que for gasto tolo e irrelevante para a sua felicidade pessoal mais duradoura.
Economize em despesas que podem ser reduzidas, como o consumo de luz; troque opções mais caras por opções mais baratas, como reduzir o pacote de internet e TV a cabo; prefira opções de lazer gratuitas ou baratas e, se necessário, faça sacrifícios mais profundos, como vender o carro ou transferir os filhos para uma escola um pouco mais barata.
O importante é contar com a ajuda de toda a família, com quem o planejamento deve ser discutido, se você tiver cônjuge e filhos. O resultado será uma folga no orçamento, que permitirá o pagamento de dívidas atrasadas e a formação de poupança.

4 Livre-se das dívidas em atraso
Você pode conviver com financiamentos e parcelamento de prazos mais longos, desde que as parcelas não estejam atrasadas e estejam previstas no orçamento, como qualquer outra despesa.
Assim, a parcela do financiamento do seu imóvel ou do seu carro terá o mesmo status da mensalidade da escola do seu filho, por exemplo.
Mas se você tem dívidas com parcelas atrasadas, especialmente dívidas caras como cartão de crédito e cheque especial, livrar-se delas deve ser prioridade.
Valter Police lista alguns exemplos de “desculpas verdadeiras”: “eu ganho pouco, por isso não consigo poupar”; “não tive oportunidade na vida, por isso ganho pouco”; “meu trabalho/chefe é chato, por isso não me adapto ao emprego”; “tenho muitas despesas, por isso não consigo guardar dinheiro”; “conheço gente que poupava e morreu jovem”; “mexer com dinheiro é complicado, não gosto nem de olhar”.
 “Todas essas coisas são verdadeiras, mas pensar assim não resolve o seu problema”, observa Police.
O estudo das finanças comportamentais mostra que o ser humano tende à irracionalidade e à autossabotagem, até por questões evolutivas.
Mas na hora de faxinar as finanças é preciso identificar quais são os motivos internos da falta de controle e organização, que são aqueles que você pode mudar.
Boa parte do esforço pode ser feita na maneira com que você lida com as dificuldades, a escassez e os imprevistos, e não nesses obstáculos em si.
“Você pode fazer essa autoanálise até com a ajuda de um psicólogo ou um terapeuta financeiro”, diz o planejador financeiro, que frisa que a mudança não vem sem esforço.

3 Faça um orçamento
Analisada sua situação, o primeiro passo efetivamente financeiro é fazer um orçamento: listar todas as dívidas em atraso (se houver), eventuais financiamentos de longo prazo (como os da casa e do carro), receitas e despesas, da maior à menorzinha, semanal ou mensalmente, para ver onde o dinheiro está sendo desperdiçado.
Assim é possível reduzir despesas excessivas ou até fazer um sacrifício para cortar algumas delas, principalmente o que for gasto tolo e irrelevante para a sua felicidade pessoal mais duradoura.
Economize em despesas que podem ser reduzidas, como o consumo de luz; troque opções mais caras por opções mais baratas, como reduzir o pacote de internet e TV a cabo; prefira opções de lazer gratuitas ou baratas e, se necessário, faça sacrifícios mais profundos, como vender o carro ou transferir os filhos para uma escola um pouco mais barata.
O importante é contar com a ajuda de toda a família, com quem o planejamento deve ser discutido, se você tiver cônjuge e filhos. O resultado será uma folga no orçamento, que permitirá o pagamento de dívidas atrasadas e a formação de poupança.

4 Livre-se das dívidas em atraso
Você pode conviver com financiamentos e parcelamento de prazos mais longos, desde que as parcelas não estejam atrasadas e estejam previstas no orçamento, como qualquer outra despesa.
Assim, a parcela do financiamento do seu imóvel ou do seu carro terá o mesmo status da mensalidade da escola do seu filho, por exemplo.
Mas se você tem dívidas com parcelas atrasadas, especialmente dívidas caras como cartão de crédito e cheque especial, livrar-se delas deve ser prioridade.
“A reserva financeira deve ser equivalente a, no mínimo, três meses das suas despesas. Quanto menor sua estabilidade financeira e profissional, maior deve ser essa reserva”, diz Luiz Krempel.
O especialista lembra que além de cobrir seus gastos em uma eventual perda de emprego, morte ou doença na família, é essa reserva que dá fôlego para aproveitar novas oportunidades de carreira, como mudanças radicais de profissão e residência.

6 Poupe para a aposentadoria
Depois de formar a reserva de emergência, chega a hora de poupar para outros objetivos. E o primeiro deles, acredita Krempel, deve ser a reserva da aposentadoria.
Nesse caso, já é possível escolher investimentos de longo prazo, como planos de previdência privada (desde que as taxas sejam baixas), Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B) no Tesouro Direto, e mesmo investimentos de maior risco, como ações e fundos de ações.
A tomada de risco, no entanto, está condicionada à idade da pessoa. Para isso é preciso ter um horizonte de longo prazo para a aposentadoria. Veja como investir para a aposentadoria depois dos 30 em cada fase da vida.

7 Não se apresse em comprar um imóvel
Se você ainda não começou a pagar um imóvel, não se apresse para fazê-lo, principalmente se você ainda estiver na faixa dos 30.
“Eu sou do time que acha que não se deve ter pressa para isso. Para mim, comprar um imóvel é um dos maiores erros das pessoas na faixa dos 30 anos. Compromete muito o orçamento com uma parcela que será paga por 20 ou 30 anos”, diz Luiz Krempel.
Segundo o planejador financeiro do Guia Bolso, a fixação de moradia reduz a flexibilidade para mudanças em função de uma melhor oportunidade de emprego. “Guarde dinheiro para isso, mas não compre imediatamente”, diz.

8 Trace outros objetivos
Depois de faxinar seu orçamento, formar uma reserva de emergência, fazer os devidos seguros e começar a poupar para a aposentadoria, chega a hora de começar a traçar outros objetivos.
Aí entram os objetivos pessoais de cada um, como comprar a casa própria, um carro melhor, fazer uma viagem mais cara, poupar para a aposentadoria ou a faculdade dos filhos que ainda são pequenos, e assim por diante.
Por Julia Wiltgen
Fonte Exame.com