quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

POR QUE A COMPETÊNCIA EM DADOS É UM REQUISITO PARA OS ADVOGADOS DO FUTURO


A mentalidade orientada a dados está atualmente enraizada em uma série de domínios. Setores como finanças, seguros, varejo e saúde analisam imensas quantidades de dados gerados pelos clientes. A partir dos dados coletados, empresas são capazes de identificar as dores dos clientes para, então, desenvolver produtos sob medida e serviços cada vez mais personalizados.
Gostem ou não, os profissionais da advocacia também interagem com dados todos os dias. Ainda que a maioria não tenha se formado para compreendê-los e interpretá-los, os dados são indissociáveis da rotina dos advogados. O mundo jurídico está sendo orientando por dados. E a cultura data-driven, consolidada em países como Estados Unidos, já está mostrando sua face em solo nacional. É provável que você goste.

A cultura data-driven
Prova disso é o crescimento de lawtechs e legaltechs focadas em análise de dados. Hoje, mais de 20 startups (incluindo iniciativas em early stage) estão trabalhando com analytics e jurimetria. Enquanto algumas das soluções envolvem o uso de softwares para aprimorar o processo de tomada de decisões dos advogados, outras são capazes de antecipar resultados de casos (ainda não) judicializados.
Imagine um cenário no qual o cliente comparece ao seu escritório e relate os motivos que o levaram a procurar seus serviços. Após ouvir o fato, você, como advogado (a) 4.0, digita algumas informações no software de jurimetria de seu escritório. Surpreendentemente, em poucos segundos, o programa de computador revela então a probabilidade de êxito daquela demanda, caso venha a ser ajuizada.
Parece improvável, não? Mas algumas startups estão caminhando para essa realidade. Chegar "lá" envolve concluir etapas importantes, como estruturar dados dos tribunais, definir se as análises serão realizadas com inteligência artificial ou estatística comum, treinar os modelos de análise preditiva para perguntas e respostas complexas e, por fim, transformar tudo isso em uma aplicação.

Compreendendo a competência em dados
Os avanços das tecnologias de análise preditiva têm levados especialistas a apostar na competência em dados como um requisito essencial do profissional do futuro. A data competency, que está diretamente conectada às áreas de Big Data e Business Intelligence, envolve conhecer algoritmos, inteligência artificial, machine learning e linguagens de programação, como C++ e Python.
A data competency é um habilidade fundamental que todo (a) advogado (a) deve desenvolver. Profissionais com tal competência são capazes de tomar decisões mais acertadas nos casos que patrocinam. Além disso, são capazes de analisar dados de litígios para determinar o melhor local para litigar (observadas as regras de competência) ou não litigar (soluções alternativas de conflitos).
Embora muitos advogados possam vir a adquirir softwares de análise preditiva no futuro, serão os profissionais com competência em dados os que realmente aproveitarão as ferramentas. Isso porque, ao combinar o poder computacional com a capacidade de interpretar os dados (fazendo melhores perguntas para calibrar os algoritmos), o processo de tomada de decisões se torna mais preciso.

O amanhã está reservado para os profissionais capazes de interpretar os dados
O mundo jurídico está mudando. Há algumas décadas, os advogados tinham de confiar apenas na própria experiência para tomar decisões estratégicas. Hoje, os profissionais têm a pesquisa jurisprudencial como aliada importante (mas nem sempre confiável) no processo de tomada de decisões. No entanto, o amanhã está reservado para aqueles profissionais capazes de interpretar os dados.
Em suma, advogados capazes de ler e compreender dados tomarão decisões mais acertadas; potencializarão os resultados das demandas por eles patrocinadas (judicializadas ou não); terão um diferencial competitivo em seus escritórios de advocacia; e enxergarão mais oportunidades no mercado jurídico do futuro. A competência em dados é, sem dúvida, um imperativo dos novos tempos. 
Por Bernardo de Azevedo e Souza
Fonte JusBrasil Notícias