A
previdência privada sempre foi uma necessidade para quem planeja se aposentar
com valor acima do teto do INSS, que hoje é de R$ 4.663,75. No entanto, o
governo tem se mostrado preocupado com a sustentabilidade da Previdência
Social, e não exclui a possibilidade de reformas. Um exemplo foram as mudanças
nas regras para concessão de benefícios como pensão por morte e auxílio-doença.
Nesse contexto, planejar as finanças se torna ainda mais necessário para
garantir um futuro tranquilo.
As
opções de aplicações são diversas e cabe ao interessado escolher a que mais
combina com o seu perfil. Para Ruy Quintans, professor de Finanças do Ibmec, o
primeiro passo é cultivar o hábito da poupança. “A previdência privada precisa
de tempo e dinheiro. Então quanto mais cedo começar a economizar, melhor”,
avalia o especialista.
Gerente
de produtos e inteligência de mercado da seguradora Mongeral Aegon, Marcus
Marinho explica que, no momento inicial, o ideal é aplicar na caderneta de
poupança, até acumular uma quantia mais alta, que permita migrar para
investimentos mais rentáveis.
“O
produto tem que estar de acordo com a necessidade. É preciso avaliar se é uma
aplicação de curto, médio ou longo prazos. Falando de previdência, PGBL e VGBL
são as melhores opções para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por pelo
menos cinco anos. Mas se a pessoa está prestes a se aposentar e vai precisar
sacar aquele dinheiro em menos de cinco anos, é melhor optar por fundos de
investimento ou títulos do Tesouro”, explica Marinho.
Segundo
o executivo, no PGBL e no VGBL, o ganho financeiro não é tributável e há a possibilidade
de mudar o investimento de instituição financeira, caso sejam encontradas
condições melhores. Além disso, a rentabilidade tende a ser mais alta que a da
poupança.
Já
Ruy Quintans aconselha que se dividam os recursos em três tipos de aplicações:
muito segura (poupança ou Tesouro), intermediária (CDI, dólar, fundos
multimercado) e especulativa (ações). “O Tesouro é um recurso muito
interessante, pois os títulos são considerados o risco mais baixo. Além disso,
rendem o equivalente à Selic ao ano. Essa taxa sobe e desce ao sabor da
economia e do Copom, mas certamente sempre ganhará da inflação. Então é uma
aplicação muito vantajosa”, explica o professor.
Crianças devem aprender a economizar desde cedo
Marcus
Marinho da Mongeral aconselha que não se pense no futuro dos filhos antes de
organizar a própria vida financeira. “Se não as pessoas acabam usando esse
recurso para necessidades próprias quando a situação aperta”, diz.
Para
Ruy Quintans, é preciso ensinar às crianças conceitos de educação financeira
desde cedo. “A quantidade de adultos hoje ignorantes no assunto é imensa.
Precisamos mudar isso, para que no futuro a sociedade tenha um maior controle
sobre suas finanças”, avalia.
Previdência passará por ajustes para se tornar mais
sustentável
No
início do ano, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, negou a
possibilidade de quebra do instituto, mas admitiu a necessidade de fazer
ajustes de acordo com a evolução demográfica. “Precisamos que a Previdência
seja mais justa e sustentável”, disse ele, após a cerimônia de transmissão do
cargo.
Gerente
de produtos e inteligência de mercado da Mongeral Aegon, Marcus Marinho explica
que a tendência, em todos os países, é que as regras para aposentadoria sejam
cada vez mais rígidas. “Atualmente, o número de pessoas trabalhando no Brasil
começa a ser igual ao número de aposentados, o que cria um problema para as
contas da Previdência. Não é a toa que o governo está fazendo ajustes”, avalia
o especialista.
Segundo
ele, contar apenas com o INSS é não se precaver. “As pessoas querem consumir,
ter uma vida confortável. E a Previdência vai apenas garantir o básico”,
aponta.
Ruy
Quintans, professor de Finanças, ressalta que o INSS é uma instituição
confiável. No entanto, tem ganhos limitados. “Existe um teto, e a pessoa não
vai ganhar mais do que aquilo. Se quer mais, tem que ter complementar”, diz.
SAIBA MAIS SOBRE CADA TIPO DE INVESTIMENTO
1. Qual a diferença entre PGBL e VGBL?
Os
dois são planos de acumulação, mas a diferença principal está na forma de
tributação. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é um plano de previdência
com vantagens para quem faz a declaração completa do imposto de renda. As
contribuições são dedutíveis até o limite de 12% da renda bruta anual do
cliente. Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), apesar de também ser
tratado como plano de acumulação, tem a diferença de ser um seguro de vida com
cobertura de sobrevivência. Ele é ideal para quem não pode optar pela dedução
fiscal uma vez que faz a declaração simplificada do IR ou já atingiu o teto no
PGBL.
2. Existe um valor mínimo para investir em previdência
privada?
O
investimento mínimo varia de acordo com cada instituição financeira. Mas de um
modo geral, é possível iniciar o investimento na previdência privada com uma
contribuição a partir de R$ 100 mensais. “O mais importante é começar a juntar,
mesmo que seja um valor baixo”, diz Marcus Marinho, gerente de produtos e
inteligência de mercado da Mongeral Aegon.
3. Posso resgatar o dinheiro do meu plano quando eu
quiser?
Sim.
A previdência privada não serve apenas para aposentadoria. Ele pode ser uma
ótima modalidade de aplicação para quem quer fazer um investimento de médio e
longo prazos. É possível resgatar o dinheiro investido a qualquer momento.
Porém, assim que o cliente contrata o plano, ele tem que aguardar 60 dias para
realizar qualquer tipo de resgate ou portabilidade. É muito importante ainda
ficar atento, na hora da contratação, ao regime do Imposto de Renda do plano
escolhido — se regressivo ou progressivo.
4. Qual a diferença entre o Imposto de Renda
regressivo ou progressivo para o investimento na previdência privada?
Se
a tabela for progressiva, o IR é definido sobre o valor da renda – que reflete
o imposto de acordo com a faixa de renda do contribuinte (de 0% a 27,5%) – ou
do resgate – que possui uma taxa fixa de 15%, a título de antecipação para
ajuste na declaração do IR. Se a opção for a tabela regressiva, a alíquota do
IR é definida de acordo com o tempo de permanência de cada contribuição (de 35%
a 10%). Logo, quanto mais tempo mantiver este investimento, menor será o
imposto de renda pago.
5. Como eu faço para investir na previdência privada?
É
possível aplicar em PGBL e VGBL tanto por meio de bancos, quanto por meio de
seguradoras. Normalmente, os bancos cobram taxas mais altas. Vale lembrar
também que quanto maior for o investimento inicial, menores são as taxas
cobradas.
6. Se eu parar de aplicar na previdência privada, o
dinheiro que já investi continua rendendo?
A
previdência privada possui várias vantagens. Caso o cliente pare de investir, a
reserva formada até aquele momento continuará rendendo até o momento do resgate
do plano. A única “perda” de dinheiro que existe é na hora em que o cliente vai
realizar o resgate do valor investido, sobre o qual irão recair o imposto de
renda e a taxa de carregamento. Isto se não for possível manter o plano por
prazos mais longos, quando, em geral, as chamadas penalidades de saída são
zeradas.
7. Que outras aplicações posso fazer para guardar
dinheiro para aposentadoria?
Se
o perfil do investidor é conservador, o ideal é aplicar na poupança ou no
Tesouro. No segundo caso, os rendimentos são mais altos, pois o cálculo é feito
com base na taxa Selic, que atualmente está em 12,75% ao ano. Já para
investidores com perfil mais arrojado, fundos multimercado ou Certificados de
Depósito Interbancário (CDI) podem ser boas opções. O futuro investidor pode
buscar mais informações nos bancos ou em corretoras.
8. E investir na Bolsa de Valores? É uma opção para
quem pensa na aposentadoria?
A
Bolsa de Valores é uma opção para quem está disposto a correr certos riscos. A
forma mais saudável é aplicar os recursos em setores estáveis e comprar
regularmente essas ações, independentemente de estarem em alta ou em baixa.
Porém, quando se aproximar a data da aposentadoria, o investidor deve vender as
ações e aplicar em um investimento seguro, como a poupança. “Cada ação da bolsa
tem um perfil de risco, associado ao mercado, gestão, etc. A Petrobras até dois
anos atrás era um investimento absolutamente seguro. A Vale também já teve essa
posição. O Banco do Brasil hoje tem essa posição. Mas é um jogo como qualquer
outro. As empresas mais arriscadas geralmente são aquelas que estão começando,
em mercados competitivos, como empresa de computadores”, avalia Ruy Quintans,
professor de Finanças da pós-graduação do Ibmec.
9. Com quantos anos eu devo começar a me preocupar com
a aposentadoria?
Quanto
mais cedo a pessoa começa a juntar dinheiro, melhor. O ideal é que o jovem
inicie uma poupança logo que começa a trabalhar. Assim, terá recursos para
fazer investimentos maiores no futuro.
10. É melhor ter aplicações de risco ou conservadoras?
Risco
indica volatilidade, é algo imprevisível. Normalmente as opções mais seguras te
dão rentabilidade baixa, mas garantida. Já as aplicações de risco têm maior
rentabilidade. O melhor é dividir os recursos entre investimentos conservadores
(ideais para longo prazo) e especulativos (para curso prazo).
Por
Stephanie Tondo
Fonte
O Dia Online