segunda-feira, 16 de março de 2015

EXPECTATIVA DE VIDA MAIOR E APOSENTADORIA MENOR EXIGEM PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

Crianças devem aprender a economizar desde cedo

A previdência privada sempre foi uma necessidade para quem planeja se aposentar com valor acima do teto do INSS, que hoje é de R$ 4.663,75. No entanto, o governo tem se mostrado preocupado com a sustentabilidade da Previdência Social, e não exclui a possibilidade de reformas. Um exemplo foram as mudanças nas regras para concessão de benefícios como pensão por morte e auxílio-doença. Nesse contexto, planejar as finanças se torna ainda mais necessário para garantir um futuro tranquilo.
As opções de aplicações são diversas e cabe ao interessado escolher a que mais combina com o seu perfil. Para Ruy Quintans, professor de Finanças do Ibmec, o primeiro passo é cultivar o hábito da poupança. “A previdência privada precisa de tempo e dinheiro. Então quanto mais cedo começar a economizar, melhor”, avalia o especialista.
Gerente de produtos e inteligência de mercado da seguradora Mongeral Aegon, Marcus Marinho explica que, no momento inicial, o ideal é aplicar na caderneta de poupança, até acumular uma quantia mais alta, que permita migrar para investimentos mais rentáveis.
“O produto tem que estar de acordo com a necessidade. É preciso avaliar se é uma aplicação de curto, médio ou longo prazos. Falando de previdência, PGBL e VGBL são as melhores opções para quem pretende deixar o dinheiro aplicado por pelo menos cinco anos. Mas se a pessoa está prestes a se aposentar e vai precisar sacar aquele dinheiro em menos de cinco anos, é melhor optar por fundos de investimento ou títulos do Tesouro”, explica Marinho.
Segundo o executivo, no PGBL e no VGBL, o ganho financeiro não é tributável e há a possibilidade de mudar o investimento de instituição financeira, caso sejam encontradas condições melhores. Além disso, a rentabilidade tende a ser mais alta que a da poupança.
Já Ruy Quintans aconselha que se dividam os recursos em três tipos de aplicações: muito segura (poupança ou Tesouro), intermediária (CDI, dólar, fundos multimercado) e especulativa (ações). “O Tesouro é um recurso muito interessante, pois os títulos são considerados o risco mais baixo. Além disso, rendem o equivalente à Selic ao ano. Essa taxa sobe e desce ao sabor da economia e do Copom, mas certamente sempre ganhará da inflação. Então é uma aplicação muito vantajosa”, explica o professor.

Crianças devem aprender a economizar desde cedo
Marcus Marinho da Mongeral aconselha que não se pense no futuro dos filhos antes de organizar a própria vida financeira. “Se não as pessoas acabam usando esse recurso para necessidades próprias quando a situação aperta”, diz.
Para Ruy Quintans, é preciso ensinar às crianças conceitos de educação financeira desde cedo. “A quantidade de adultos hoje ignorantes no assunto é imensa. Precisamos mudar isso, para que no futuro a sociedade tenha um maior controle sobre suas finanças”, avalia.

Previdência passará por ajustes para se tornar mais sustentável
No início do ano, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, negou a possibilidade de quebra do instituto, mas admitiu a necessidade de fazer ajustes de acordo com a evolução demográfica. “Precisamos que a Previdência seja mais justa e sustentável”, disse ele, após a cerimônia de transmissão do cargo.
Gerente de produtos e inteligência de mercado da Mongeral Aegon, Marcus Marinho explica que a tendência, em todos os países, é que as regras para aposentadoria sejam cada vez mais rígidas. “Atualmente, o número de pessoas trabalhando no Brasil começa a ser igual ao número de aposentados, o que cria um problema para as contas da Previdência. Não é a toa que o governo está fazendo ajustes”, avalia o especialista.
Segundo ele, contar apenas com o INSS é não se precaver. “As pessoas querem consumir, ter uma vida confortável. E a Previdência vai apenas garantir o básico”, aponta.
Ruy Quintans, professor de Finanças, ressalta que o INSS é uma instituição confiável. No entanto, tem ganhos limitados. “Existe um teto, e a pessoa não vai ganhar mais do que aquilo. Se quer mais, tem que ter complementar”, diz.

SAIBA MAIS SOBRE CADA TIPO DE INVESTIMENTO

1. Qual a diferença entre PGBL e VGBL?
Os dois são planos de acumulação, mas a diferença principal está na forma de tributação. O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é um plano de previdência com vantagens para quem faz a declaração completa do imposto de renda. As contribuições são dedutíveis até o limite de 12% da renda bruta anual do cliente. Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), apesar de também ser tratado como plano de acumulação, tem a diferença de ser um seguro de vida com cobertura de sobrevivência. Ele é ideal para quem não pode optar pela dedução fiscal uma vez que faz a declaração simplificada do IR ou já atingiu o teto no PGBL.

2. Existe um valor mínimo para investir em previdência privada?
O investimento mínimo varia de acordo com cada instituição financeira. Mas de um modo geral, é possível iniciar o investimento na previdência privada com uma contribuição a partir de R$ 100 mensais. “O mais importante é começar a juntar, mesmo que seja um valor baixo”, diz Marcus Marinho, gerente de produtos e inteligência de mercado da Mongeral Aegon.

3. Posso resgatar o dinheiro do meu plano quando eu quiser?
Sim. A previdência privada não serve apenas para aposentadoria. Ele pode ser uma ótima modalidade de aplicação para quem quer fazer um investimento de médio e longo prazos. É possível resgatar o dinheiro investido a qualquer momento. Porém, assim que o cliente contrata o plano, ele tem que aguardar 60 dias para realizar qualquer tipo de resgate ou portabilidade. É muito importante ainda ficar atento, na hora da contratação, ao regime do Imposto de Renda do plano escolhido — se regressivo ou progressivo.

4. Qual a diferença entre o Imposto de Renda regressivo ou progressivo para o investimento na previdência privada?
Se a tabela for progressiva, o IR é definido sobre o valor da renda – que reflete o imposto de acordo com a faixa de renda do contribuinte (de 0% a 27,5%) – ou do resgate – que possui uma taxa fixa de 15%, a título de antecipação para ajuste na declaração do IR. Se a opção for a tabela regressiva, a alíquota do IR é definida de acordo com o tempo de permanência de cada contribuição (de 35% a 10%). Logo, quanto mais tempo mantiver este investimento, menor será o imposto de renda pago.

5. Como eu faço para investir na previdência privada?
É possível aplicar em PGBL e VGBL tanto por meio de bancos, quanto por meio de seguradoras. Normalmente, os bancos cobram taxas mais altas. Vale lembrar também que quanto maior for o investimento inicial, menores são as taxas cobradas.

6. Se eu parar de aplicar na previdência privada, o dinheiro que já investi continua rendendo?
A previdência privada possui várias vantagens. Caso o cliente pare de investir, a reserva formada até aquele momento continuará rendendo até o momento do resgate do plano. A única “perda” de dinheiro que existe é na hora em que o cliente vai realizar o resgate do valor investido, sobre o qual irão recair o imposto de renda e a taxa de carregamento. Isto se não for possível manter o plano por prazos mais longos, quando, em geral, as chamadas penalidades de saída são zeradas.

7. Que outras aplicações posso fazer para guardar dinheiro para aposentadoria?
Se o perfil do investidor é conservador, o ideal é aplicar na poupança ou no Tesouro. No segundo caso, os rendimentos são mais altos, pois o cálculo é feito com base na taxa Selic, que atualmente está em 12,75% ao ano. Já para investidores com perfil mais arrojado, fundos multimercado ou Certificados de Depósito Interbancário (CDI) podem ser boas opções. O futuro investidor pode buscar mais informações nos bancos ou em corretoras.

8. E investir na Bolsa de Valores? É uma opção para quem pensa na aposentadoria?
A Bolsa de Valores é uma opção para quem está disposto a correr certos riscos. A forma mais saudável é aplicar os recursos em setores estáveis e comprar regularmente essas ações, independentemente de estarem em alta ou em baixa. Porém, quando se aproximar a data da aposentadoria, o investidor deve vender as ações e aplicar em um investimento seguro, como a poupança. “Cada ação da bolsa tem um perfil de risco, associado ao mercado, gestão, etc. A Petrobras até dois anos atrás era um investimento absolutamente seguro. A Vale também já teve essa posição. O Banco do Brasil hoje tem essa posição. Mas é um jogo como qualquer outro. As empresas mais arriscadas geralmente são aquelas que estão começando, em mercados competitivos, como empresa de computadores”, avalia Ruy Quintans, professor de Finanças da pós-graduação do Ibmec.

9. Com quantos anos eu devo começar a me preocupar com a aposentadoria?
Quanto mais cedo a pessoa começa a juntar dinheiro, melhor. O ideal é que o jovem inicie uma poupança logo que começa a trabalhar. Assim, terá recursos para fazer investimentos maiores no futuro.

10. É melhor ter aplicações de risco ou conservadoras?
Risco indica volatilidade, é algo imprevisível. Normalmente as opções mais seguras te dão rentabilidade baixa, mas garantida. Já as aplicações de risco têm maior rentabilidade. O melhor é dividir os recursos entre investimentos conservadores (ideais para longo prazo) e especulativos (para curso prazo).

Por Stephanie Tondo
Fonte O Dia Online