O
Manekineko (招き猫, gato acenando, em tradução literal), no
Japão, ele é o “Gato da Sorte”, mas também conhecido como o “Gato do dinheiro”
ou o “Gato que acena”.
A
figura do Manekineko é um dos amuletos de boa sorte mais famosos no Japão, e
também fora dele. Destinado a fomentar o comércio e promover a prosperidade nos
lares, é comum encontrarmos estes simpáticos gatinhos nas entradas e
prateleiras das lojas com uma pata levantada, atraindo os clientes para entrar.
Dizem
que as imagens de Manekineko, com a pata direita levantada, supostamente atrai
dinheiro, enquanto que, a pata esquerda estendida, atrai clientes.
Contudo,
as pessoas adquirem o Manekineko como talismã, que dependendo da cor, material,
tamanho, estilo, posição das mãos e ornamentação adicionadas a sua imagem, pode
representar diversos tipo de simbologia, mas sempre com a crença de que é um
gato amuleto da sorte.
Quase
todos são representados usando coleira vermelha com um sino pendurado, que
dizem ser lembrança dos costumes do período Edo (1603 – 1867), quando o gato
era um animal de estimação muito caro. As damas da corte agradavam seus gatos
colocando-lhes coleiras vermelhas, feitas de hi-chiri-men (tecido de luxo da
época) e pequenos sinos, usados com o propósito de vigiá-los.
O
Manekineko mais comum é representado segurando um koban (moeda de ouro do
Período Edo), que possui forma ovalada. Contudo, o koban verdadeiro vale um
ryo, e o koban do Manekineko é de dez milhões de ryo. Ou seja, a moeda fictícia
é um símbolo de riqueza e prosperidade.
O
Manekineko tornou-se popular na segunda metade do Período Edo, apesar de haver
poucos relatos da época. Foi um pouco antes do início do Período Meiji
(1868-1912) que o Manekineko começou a aparecer com regularidade em publicações
e nos estabelecimentos comerciais.
O
gesto do Manekineko, que parece ser um convite, trata-se, na verdade, de gestos
típicos de um gato limpando o rosto ou quando está brincando, querendo pegar ou
tocar algo, e como o gesto assemelha-se a um aceno, começaram associar que,
colocando a figura de um gato levantando uma pata dianteira, chamaria a atenção
das pessoas.
O
gato é um animal altamente sensitivo, que pressente a chegada de uma pessoa ou
a aproximação de chuva, e mudanças em sua rotina o deixa inquieto. Então, ele
começa a dar voltas ou esfregar o rosto, pois esse é o tipo de comportamento
que o tranquiliza. Mas, para um ser humano, isso pode ser interpretado como,
por exemplo, se o gato esfregar o rosto, é sinal de chuva ou de visita, e,
esses tipos de interpretações, podem ser uma das origens da lenda do
Manekineko.
Acredita-se
que sua origem remonte há cerca de quatro séculos, por volta no início do
Período Edo (1603 – 1868), e muitas são as histórias relativas ao seu
surgimento, que, porém, ninguém sabe ao certo qual a verdadeira.
No
Japão, existe um templo chamado Gotokuji, em Tokyo, no bairro de Setagaya, e um
Santuário em Imada, locais que o Manekineko pode ser reverenciado e onde se
encontram relatos das principais versões que remontam sua origem.
Lenda sobre Manekineko do Templo Gotokuji
Contam
que, quando Li ou Ii Naotaka (1590~1659), do clã Omi, voltava do cerco e tomada
do Castelo de Osaka, após ter comandado 3,2 mil homens e se destacado na
Batalha de Tennoji, em março de 1615, foi surpreendido por uma forte chuva
repentina e abrigou-se em baixo de uma árvore próxima ao Templo Gotokuji, em
Setagaya.
Na
época, Gotokuji era um templo decadente, de pouca frequência e, portanto, muito
pobre. No templo, vivia um monge budista e uma gata de nome Tama. Solitário, o
monge conversava com a gatinha lamentando-se, quase sempre, a fase de penúria
que o templo encontrava-se.
“A
situação está cada vez pior. Hoje, nem temos arroz para comer. Bem que você
podia dar uma ajuda para melhorar nossa situação, em vez de ficar dormindo o
dia inteiro”, dizia o velho monge à gata.
Esperando
a forte chuva passar sob a proteção da árvore, Naotaka olhou para o desgastado
templo e viu um gato sentado sobre suas patas traseiras e acenando com a pata
dianteira levantada em sua direção. O samurai ficou encantado pela habilidade
do bichinho e seguiu em direção ao templo para ver de perto a façanha.
Quando
Naotaka chegou junto ao templo, um raio fulminante atingiu a árvore exatamente
no local em que se encontrava a poucos momentos. O guerreiro imediatamente
percebeu que aquele gesto do gato havia lhe salvado a vida. Então, entrou no
templo para rezar em agradecimento à graça recebida.
No
salão principal, havia várias goteiras, e todo o templo encontrava-se em
condições precárias. Naotaka fez oferenda de todo o dinheiro que carregava,
depositando em um altar. Em seguida, comentou com o monge que a sabedoria do
Grande Buda o guiaria a usar aquele dinheiro para reformar o desgastado templo.
Após
esse episódio, Naotaka passou a frequentar Gotokuji, e o local passou a ser,
então, o templo oficial da família e de todo o clã de Ii Naotaka e,
consequentemente, tornou-se um santuário próspero, visitado por todas as
pessoas da região.
Para
homenagear o gesto de Tama, que tanta sorte trouxe ao templo e, principalmente,
salvou a vida de Naotaka, foi esculpida e colocada no local, uma estátua da
gata com a mão levantada. As réplicas em miniaturas da estátua, que eram
distribuídas no Templo Gotokuji como lembrança, tornaram-se, mais tarde, um
amuleto da sorte, com o nome de Manekineko, que, até os dias atuais, são
reverenciadas e vendidas no próprio templo em Setagaya, onde continuam trazendo
muita sorte e fortuna.
Contam
que quando o gato morreu, um túmulo foi erigido em sua homenagem no Templo
Gotokuji, com a estátua de um gato acenando para relembrar o episódio.
Lenda
sobre Manekineko do Santuário de Imada
Existe
outra versão para a origem do “Gato que acena”, que também data do Período Edo,
mas relativa ao Santuário de Imado, onde o Manekineko também é venerado.
A
história, muito famosa, conta que no bairro de Imado, em Edo (atual Tóquio),
uma velha senhora tinha um gato de estimação, mas, devido aos tempos difíceis
da época e a sua idade avançada, a anciã não conseguia trabalho e encontrava-se
em extrema situação de penúria.
Sem
ter mais condições de garantir seu sustento e, muito menos, de seu estimado
gatinho, tomou uma decisão e chamou o bichinho para conversar.
“É
com o coração partido que terei de lhe doar a alguém, antes que morra de fome
junto a mim, pois, com a minha condição de extrema pobreza, não tenho como
continuar lhe alimentando”, disse a triste velhinha ao gatinho que a olhava
atentamente, parecendo entender a situação.
Depois,
com lágrimas nos olhos e com o estômago contorcendo de fome, a sofrida anciã
recolheu-se em sua cama, rogando a Deus que lhe ajudasse.
Dizem
que Deus atende a todos os necessitados e, principalmente, os puros de coração.
Então, como que atendendo ao pedido, a velhinha sonhou com o seu gatinho, que
lhe passou uma mensagem: “Molde minha imagem e semelhança em barro que lhe
trará muita sorte”.
No
dia seguinte, ela resolveu fazer uma estatueta do gato, conforme o sonho havia
sugerido. Enquanto ela moldava o barro, o gato estava “lavando a cara” com
gestos exagerados e, achando engraçado, a velhinha resolveu moldar o bichinho
com a pata levantada. Nisso, passou uma pessoa em frente de sua casa e, achando
interessante, quis comprar a estatueta. Como estava há dias sem comer, a
velhinha não pensou duas vezes, vendeu a estatueta e comprou comida para si e o
gato.
Assim,
de barriga cheia e com energias renovadas, resolveu fazer outra estatueta para
deixar como talismã da sorte, conforme o gato lhe dissera no sonho. Porém, mal
acabara de concluir a imagem, outra pessoa apareceu e comprou a segunda
estátua.
Os
dias foram passando e quanto mais a velhinha fazia estátuas semelhantes ao seu
gatinho, todas com uma pata estendida, mais pessoas apareciam para comprá-las.
Com isso, a anciã prosperou e, ela e seu estimado gatinho, nunca mais passaram
necessidades.
A
estatueta da sorte, que a princípio não tinha nome, passou a ser chamada por
todos de Manekineko, o “gato que acena”.
Significados das posições das patas do Manekineko
Pata
esquerda levantada: Atrai uma boa clientela.
Pata
direita levantada: Atrai fortuna e sorte.
As
duas patas levantadas: Também pode encontrar o Manekineko com as duas patas
levantadas ou até com as quatro patas para cima, o que é bem raro, que
simboliza fortuna e sorte, e, ao mesmo tempo, atração de pessoas.
Altura
da pata: Quanto mais alta a pata for, melhor, pois atrai mais dinheiro ou
clientes.
Significados das cores do Manekineko
Branco:
Purificação
Preto:
Proteção
Rosa:
Amor
Dourado:
Dinheiro
Verde:
Sorte nos estudos
Vermelho:
Saúde
Tricolor:
Muita sorte
Por
Maria Rosa
Fontes:
•
Livro: Legends of Japan | Author: F. Hadland Davis
•
Livro: Japan – Dictionary Culture and Civilization | Autores: Frederic Louis
David and Alvaro Iwang
•
Dicionário: Shogakukan – Dicionário Universal Japonês-Português | Autor: Jaime
Coelho | Editora: Shogakukan
•
Jornal Nippo Brasil