Dois professores indicam as melhores atitudes para
vencer o bloqueio de falar inglês e que servem para estudantes de qualquer
língua estrangeira
Aproveitar todas as oportunidades para praticar a
conversação em outra língua é essencial para quem busca ser fluente no idioma
Começar
a estudar o idioma é o primeiro passo. Mas o caminho até a fluência é longo e
para algumas pessoas passa obrigatoriamente por um obstáculo difícil de
superar: o bloqueio para falar.
Para
o instrutor do Berlitz Educação Global, Luis Simões, que tem duas décadas de
experiência em ensino da língua inglesa, casos de estudantes que reclamam da
dificuldade em por em prática o que aprenderam em uma conversação são
frequentes.
Mas
o que fazer, neste caso? É possível destravar as habilidades de conversação em
inglês ou em qualquer outro idioma? Para dois especialistas consultados por
EXAME.com é, sim, totalmente possível. Para isso, eles selecionaram algumas
dicas. Confira:
1 Não tenha vergonha do sotaque
“As
pessoas se preocupam muito, principalmente, as mais tímidas e reservadas. Elas
tendem a procurar desculpas para não falar”, diz Simões. Uma das justificativas
para o bloqueio é o sotaque forte, segundo o professor do Berlitz.
Na
opinião dele, a vergonha por não ter a pronúncia de um nativo é reflexo do
perfeccionismo. Mas, antes de ficar mudo ao menor sinal de uma conversa em
outra língua, leve em consideração que o importante é transmitir a mensagem e
ser compreendido. “Hoje em dia não se censura a regionalidade, até se valoriza
que traços locais sejam conservados”, diz Simões.
2 Fale sem medo de errar
Autocrítica
muito elevada é um dos fatores limitantes para o aprendizado, diz Rosângela
Souza, fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas e do ProfCerto.
A
exposição ao idioma e o erro são fundamentais para o aprendizado, afirma a
especialista. “É como aprender a dirigir. Se só estudar o livrinho, não sai
dirigindo. Se tiver medo de pegar o carro ou de deixar o carro morrer, não
aprenderá”, explica.
“Só
se aprende começando a falar”, concorda Simões. Errar é importante durante o
processo de aprendizado, explica. “É ótimo acertar, mas a pessoa não esquece os
erros especialmente quando são corrigidos”, diz o professor do Berlitz.
3 Não tenha receio de ser corrigido
A
não ser que você peça para um estrangeiro corrigi-lo, ele não o fará, afirma
categoricamente, Luis Simões. “Nunca vi isso acontecer”, diz.
É
comum o receio de que o estrangeiro vai agir com dureza ao ouvir seu interlocutor
cometendo um erro. “Muito pelo contrário, ao perceber o interesse em aprender a
sua língua, o estrangeiro fica feliz e valoriza o esforço”, diz Simões.
Por
isso, é raro que façam qualquer correção espontaneamente. “Seria uma
grosseria”, diz o professor do Berlitz.
4 Aproveite as oportunidades para praticar
Não
fuja, pratique. Procure pessoas que estudem ou já falem a língua e com quem
tenha mais intimidade para conversar, indica Simões.
Para
os mais tímidos, é uma boa forma ir “soltando a língua” em situações mais
informais, primeiro.
Quem
frequenta cursos regulares do idioma deve entender que aquele é o momento certo
para se esforçar e tentar, de fato, falar na outra língua.
“Dificilmente
as pessoas saem da escola e vão buscar sozinhas situações em que vão praticar o
idioma. Por isso, é importante praticar em sala de aula”, diz.
5 Equilibre habilidades de compreensão, leitura,
escrita e fala
O
ideal é ter o equilíbrio na prática das quatro habilidades, defende Rosângela.
“Só que a mais difícil é a conversação”, ressalta.
E
a especialista alerta: “Monteiro Lobato disse: quem não lê, mal ouve, mal fala,
mal vê. A leitura constante nos dá vocabulário, consolidação de estruturas
gramaticais e milhões de ideias de como se expressar”. Por isso lembre-se, ler
e ouvir são essenciais também para destravar a fala.
“A
leitura no aprendizado do inglês ou de outros idiomas muito diferentes do
português acontece de forma gradativa, pois o aluno precisa ter um nível
pré-intermediário para começar a ler temas variados e conteúdo mais densos”,
lembra a especialista. Comece aos poucos e escolha textos adequados ao seu
nível de conhecimento.
6 Assista filmes com legendas no idioma original
Para
níveis a partir do intermediário, Simões indica assistir a séries ou filmes com
legendas no idioma original. “Para acompanhar juntamente com o áudio”, diz o
professor.
Comece
com filmes que você já viu e conhece a história para testar sua capacidade
compreensão. Ou aposte em filmes de ação, que têm frases mais curtas e
objetivas. “As comédias têm muita gíria e romances épicos trazem vocabulário de
difícil compreensão“, lembra Simões.
7 Ouça músicas acompanhando a letra
Mais
uma forma de usar o interesse a favor do aprendizado do idioma. Escolha músicas
de que gosta e pesquise a letra.
“Música
ajuda muito e acrescenta vocabulário. Mas é importante ter em mente que
trata-se de uma poesia, portanto quem manda é a harmonia”, diz Simões se
referindo às gírias e à linguagem mais distante do padrão de algumas canções.
8 Fuja da tendência à tradução simultânea
Ficar
traduzindo palavra por palavra de um texto, além de chato e demorado, é um
perigo, diz Simões. “As palavras têm significado cultural”, lembra Simões.
Ele
cita a expressão “chá de cadeira”, em português. Nesse caso, fica claro que a
tradução literal não funcionaria. “O importante é perceber quais são as
palavras mais importantes e se está sendo possível acompanhar a história. Se
não está, é hora de parar e procurar o significado das palavras”, diz Simões.
Por
Camila Pati
Fonte
Exame.com