Há quem diga que sorte é algo que nasce com
a pessoa. Ou você tem, ou não tem. Mas uma pesquisa realizada na Grã-Bretanha
acaba de jogar por terra esta teoria. Em um estudo com mil pessoas, o psicólogo
Richard Wiseman concluiu que cada um é capaz de fazer — e mudar — a própria
fortuna por meio de pensamentos e atitudes positivas.
Wiseman viu que, enquanto sortudos são
abertos a novas ideias e aproveitam as oportunidades que a vida oferece,
aqueles que se consideram azarados tendem a desistir rápido quando algo dá errado
e se convencem de que o universo conspira contra eles. Segundo o pesquisador,
para mudar a sorte, o primeiro passo é esperar coisas boas do futuro, e depois
começar a pensar e a agir como um sortudo.
Para a psicóloga Mônica Portella, diretora
do Grupo Psi+, fortuna e azar têm a ver com o quanto se trabalha para fazer
algo acontecer:
— Na verdade, não existe sorte, mas uma
maneira otimista de lidar com o mundo. Pessoas sortudas têm comportamento
proativo. Só pensar positivo não faz com que coisas boas aconteçam — afirma Mônica.
Já os pessimistas geralmente se percebem
como azarados porque sempre veem "o copo meio vazio". Assim, deixam
passar boas chances que estavam sob seus narizes e costumam paralisar diante de
adversidades, segundo a especialista.
— Essas situações são normais, fazem parte
da vida. A pessoa tem é que se preparar para elas. Há uma frase que diz que
sorte é quando o preparo encontra a oportunidade. E para estar preparado é preciso
conhecer os próprios talentos, usar pontos fortes e agir. Quem é despreparado
nunca vai ter sorte — avalia Mônica Portella.
Otimista desde criança
Na psicologia, chama-se estilo atributivo a
forma como um indivíduo qualifica a realidade. Esse traço da personalidade é forjado
até os 7 anos de idade e, por isso, o que os pais dizem ao filho quando ele é criança
terá reflexo direto no adulto realista, otimista ou pessimista. Encorajar os
pequenos a ver o mundo de maneira positiva pode determinar, no futuro, a sorte
ou o azar deles, alerta Mônica Portella.
Além de fortuna, ser otimista pode trazer
benefícios à saúde. Pesquisas já comprovaram que doentes que mantêm esperança
na cura se recuperam mais rápido.
— Quando a pessoa pensa que as coisas vão
funcionar, ela convida o corpo a transpassar a doença. Ser positiva a ajudará a
ter mais ânimo para fazer fisioterapia, por exemplo — afirma a psicóloga
Luciana de La Peña, do Espaço Trocando Ideias.
Quem cultiva o alto-astral também tende a
adoecer menos porque geralmente se cuida mais, se alimenta melhor e pratica
exercícios. Por outro lado, os pessimistas são mais propensos a desenvolverem
depressão.
Por Camilla Muniz
Fonte Extra – O Globo Online