Para alguns, é um palavrão. Muita gente nem
consegue pronunciar direito — que dirá praticar? Quem sabe fazer e faz bem-feito
afirma que que é prazeroso e quer praticar com mais frequência. Há os mais
tímidos, que adorariam dominar essa técnica, mas não têm ideia por onde começar.
Afinal, as escolas pouco discutem a
importância dessa questão. As influencers não ensinam isso em tutoriais, meninas!
Mesmo com poucas informações claras a respeito do tema, todo mundo afirma
categoricamente que está sempre fazendo, que pratica mais que a maioria das
pessoas e que os resultados são sempre satisfatórios. Na hora do vamos ver, entretanto,
muita gente trava e até passa vergonha.
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Claro: estamos falando sobre networking. E
apostamos que você também tem dúvidas sobre como fazer.
Agora que o Carnaval acabou e que, como
dizem por aí, o ano finalmente começou, ouvimos seis profissionais bem-sucedidas
para desbravar essa arte de se relacionar bem, manter-se conectado com gente
interessada e gerar negócios a partir dessas relações. Veja o que elas nos
ensinaram:
Networking tem que
virar hábito
"O primeiro passo para quem quer
desenvolver uma rede de relacionamentos é se perguntar: 'Eu gosto realmente de
gente? De me relacionar com pessoas?'. Networking exige dedicação. É como dieta.
Para funcionar, não basta fazer três meses e acreditar que os resultados desse
esforço permanecerão para sempre. É preciso ser um hábito, e um hábito
prazeroso. Ao contrário dos americanos que são muito 'business oriented' [voltados
para os negócios], os brasileiros gostam de misturar vida pessoal e trabalho. Aqui
o networking se estabelece aos poucos, da mesma forma que se desenvolve uma
amizade. Mais do que falar de negócios, a pessoa espera que você demonstre
interesse por tudo que ela faz e que você a ouça verdadeiramente. É preciso se
fazer sempre presente, porque nada pior para uma relação do que quando uma das
partes só procura o outro nos momentos em que precisa. Responda e-mails e
WhatsApp sempre. Marque almoços e cafés para falar sobre a vida, mande
mensagens vez ou outra para saber se está tudo bem ou para compartilhar uma
informação interessante e faça com excelência o trabalho que você se propõe a
fazer — pois isso é o que vai fazer com que as pessoas queiram a conhecer e lhe
deem atenção quando você procurá-las!"
(Ana Lúcia Zambon, sócia da Tastemakers)
É preciso ter um
propósito claro
"Networking nunca deve ser feito
visando apenas o lucro. É necessário ter um propósito claro. Comece se
perguntando coisas como: por que é importante eu conhecer tal pessoa? O que
podemos trocar um com o outro? Como eu e essa pessoa podemos unir forças para
transformar uma realidade e melhorar não apenas nossas vidas, mas a vida de
outras pessoas? Sabendo as respostas dessas perguntas, você saberá quem é
relevante para conhecer. Mas é preciso ter um interesse genuíno para
estabelecer conexões verdadeiras. Todo mundo nota quando alguém se aproxima por
pura vantagem financeira. O dinheiro é consequência de qualquer relação. Um
jeito eficaz de se conectar a alguém é compartilhar experiências emocionais. Após
ter um pouco de intimidade com a pessoa, e se você sentir que tem abertura, convide-a
para ir a um show de um artista que vocês curtem ou fazer uma viagem para um
destino que ambos almejam conhecer. Isso vai criar um elo e vai naturalizar
essa relação."
(Luciana Rodrigues, presidente e CEO da agência de publicidade
Grey Brasil)
Conhecer-te a ti
mesmo é importante
"Terapia ajuda — e muito — a fazer
networking. Autoconhecimento é essencial para estabelecer relações de verdade. A
falta de organização interna de sentimentos atrapalha muito nossa conexão com o
próximo. Se não estamos confortáveis com nós mesmos, como entender a melhor
maneira de se relacionar com o outro, de colocar cada relação numa gavetinha
diferente e estar apta a fazer sempre uma reorganização dessas relações? Quando
estamos seguros sobre nós, conseguimos ser generosos com os outros e isso ajuda
bastante a criar e manter um networking. Quando falo em generosidade não me
refiro a ajudar alguém sem segundas intenções. Ser generoso também é saber dar
feedbacks não tão positivos, para que a pessoa repense uma atitude e consiga se
relacionar melhor com o mundo. As pessoas ficam gratas com conselhos
construtivos, pois percebem que não queremos agradar. Outro ponto essencial de
uma rede de relacionamentos é investir em pessoas, e não nos cargos que elas ocupam.
Já fui destratada por pessoas que hoje me pedem favores. O mundo gira muito e
você não sabe quem pode lhe estender a mão amanhã."
(Patsy Scarpa, sócia da List & Co,.)
Não tenha medo de ir
direto ao assunto
"Quem está há muito tempo na estrada
entende os subtextos do networking. Portanto, respeite o tempo alheio e tenha
clareza quando abordar alguém. Ser direto e dizer 'Você consegue me dar 15
minutos via Facetime porque quero um conselho ou quero lhe apresentar um
projeto que podemos desenvolver a quatro mãos?' é mais efetivo que tentar ser
simpático e convidar alguém para um café por alguma razão nebulosa. Mulheres, em
geral, têm dificuldade de chegar e falar de cara sobre trabalho mesmo quando o
contexto da situação deixa claro que as duas partes têm interesse em criar uma
parceria. Nós precisamos perder esse pudor e ser mais diretas em nossas
intenções. Quando a relação estiver estabelecida, não abuse do contato
conquistado. Antes de requisitar qualquer coisa, pergunte-se se você se
sentiria confortável de realizar para alguém o pedido que fará. E se lhe
pedirem algo que você costuma cobrar para fazer, deixe claro que aquilo é seu
trabalho e que você ajudará a pessoa sem nenhum ônus. É importante ter essa
transparência para estabelecer limites e ninguém se prejudicar."
(Paula Gertrudes, publicitária e fundadora da agência de
publicidade Cara de Conteúdo)
Não basta trocar
cartões: tem que suar
"Para querer se dar bem na hora do
networking, você também tem que ser alguém relevante para outra pessoa. E você
só é relevante se tem uma boa reputação profissional, se está bem informado, se
consome conteúdos culturais diversificados. Esses fatores também vão conferir
credibilidade. Uma dica que sempre dou para quem trabalha comigo é: só aborde
alguém quando estiver muito seguro do que vai falar ou há o risco de criar uma
má impressão que pode perdurar para sempre. Ah, networking e preguiça não
combinam. Networking é suor, não é troca de cartões. Vá a eventos que sejam de
sua área de interesse, frequente cursos e palestras, prestigie festas de
pessoas com as quais você quer se conectar, mas tenha muito claro em sua mente
o que você pretende conseguir com tudo isso. Se você não tem um objetivo
definido, tudo isso vira puro oba-oba e não vai gerar nenhum fruto."
(Tati Oliva, fundadora da Cross Networking)
Rede social: uma
grande aliada
"Instagram, LinkedIn, Facebook são
ferramentas para se iniciar uma relação. Estude ao máximo gostos e hábitos que
podem unir você e a pessoa que você deseja conhecer. O ambiente digital nos
ajuda a conhecer mais detalhadamente a vida alheia, mas também nos auxilia na
hora de trabalhar nosso branding pessoal. As pessoas precisam se posicionar
como marcas para serem lembradas. Aproprie-se de um tema que você domina e use
as redes sociais para discorrer sobre o assunto. Quando você entrar em contato
com alguém desconhecido, seu perfil será analisado e ficará fácil de entender
como você pode ser útil para o outro. Entretanto, é preciso ter parcimônia nas
atitudes na vida real, pois não é por você estar acompanhando a rotina de
alguém que vocês são íntimos. Após o primeiro contato na rede social, peça o e-mail
e escreva contando as razões de você ter procurado a pessoa. Depois de um tempo,
marque um almoço. Quando a relação estiver solidificada, faça-se presente em
datas especiais, demonstre que você está acompanhando (e comemorando) a
evolução do outro. Estar disponível e atento é essencial para alimentar o
networking."
(Lu Medeiros, CEO da The Marketing Arm Brasil)
Por Ricky Hiraoka
Fonte Universa