A fim de começar 2017 com o pé direito e terminá-lo no
azul, condomínios devem se programar desde já para as despesas fixas e sazonais
Em
um condomínio na Zona Sul, uma moradora reclama que a taxa que paga mensalmente
— sem incluir nada além do salário dos porteiros, prestadores de um serviço que
já nem é mais 24 horas por dia — passou de R$ 700 para R$ 1.100. Na Barra, as
principais despesas de alguns condomínios-clube já estão altíssimas, antes
mesmo de janeiro chegar, por conta do amplo consumo de água e uso do
ar-condicionado. E, na Tijuca, administração e moradores conversam a respeito
da implantação de um sistema novo de câmeras.
Relatos
de situações como essas são comuns nos e-mails e cartas que recebemos dos
leitores do Morar Bem. Assim como, às vésperas de um novo ano, os moradores
fazem um planejamento prévio de suas despesas, o condomínio também deve ter em
mente um esboço dos gastos — mesmo porque, os aumentos afetam diretamente os
residentes.
As
despesas de um residencial, genericamente, podem ser divididas entre custeio ou
fixas (como o pagamento do IPTU e o reajuste de salário de funcionários);
emergenciais, (como o próprio nome já diz, elas justificam a importância de se
ter um bom fundo de reserva); e investimentos (implementações com o objetivo de
diminuir os gastos, por exemplo, tais como sistema de captação de chuva e
práticas de uso consciente).
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A recomendação é que se pague o IPTU parcelado, a não ser que o desconto à
vista seja considerável e o condomínio tenha dinheiro em caixa. Outra despesa
obrigatória que deve ser lembrada é o reajuste anual do salário dos
funcionários. O percentual varia, mas é possível se ter uma ideia com base nos
anos anteriores — explica o presidente do Instituto Pró-síndico, Dostoiévscki
Vieira.
Segundo
ele, também devem ser considerados os gastos sazonais e a evolução do valor das
despesas ao longo do ano. No verão, por exemplo, a tendência é que se gaste
mais com água e luz. Porém, dependendo do condomínio, pode ser que esses sejam
meses com menores despesas, se a maioria dos moradores viajar. Como cada
residencial tem suas peculiaridades, o ideal é calcular a média do mês a partir
das oscilações.
O
gerente de condomínios da Administradora Apsa, Valnei Ribeiro, lembra ainda que
é preciso já no começo do ano organizar a papelada para enviar à Receita
Federal a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf ) e para emitir
ao Ministério do Trabalho a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de
todos os funcionários. Assim como providenciar o pagamento do seguro de
incêndio obrigatório.
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Antes, no fim do ano, é importante atentar também para a realização da
Assembleia Geral Ordinária (AGO). Afinal, além de ela ser obrigatória por lei,
são indispensáveis a prestação de contas e, principalmente, a votação do
orçamento para 2017 que acontecem nesta assembleia. Os condôminos têm o direito
de ter essa informação para calcular uma média mensal de custos e, assim,
organizar as suas despesas — pontua Ribeiro.
Para
a presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi),
Deborah Mendonça, a assembleia para aprovar a previsão orçamentária também é
importante para fazer uma análise do que se tem em caixa, dos gastos que serão
enfrentados e do que pode ser reduzido.
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Comparar preços de produtos, aproveitar os descontos, mesmo que isso signifique
comprar itens com fornecedores diferentes, investir em manutenção preventiva e
postergar gastos extras com itens que não se encontram em situação de
emergência são algumas das estratégias que podem ajudar no planejamento
financeiro — orienta.
Vale
lembrar que o condomínio deve estar atento ao seu fundo de reserva. Vieira
orienta ainda que o administrador tenha em mente que esse fundo é para obras
emergenciais. Portanto, o seu dinheiro não deve ser usado para outros fins. A
recomendação é que o valor total reservado seja sempre equivalente a um mês ou
45 dias de arrecadação.
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O condomínio não é uma empresa. Por isso, não precisa ter lucro. Entretanto, há
que se operar com folga no caixa para quando realmente o dinheiro for
necessário —aconselha Deborah.
ESTRATÉGIA PARA AUMENTO
Caso
a conclusão seja que a taxa de condomínio está muito defasada, Vieira sugere
que o aumento seja dividido em duas vezes no ano, dando uma folga para o bolso
dos moradores. Mas como comunicar os condôminos e ter o planejamento
orçamentário aprovado? A estratégia de apresentação das despesas é fundamental
para que eles entendam e colaborem, diz.
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O indicado é que o síndico ou a administradora faça uma simulação com os gastos
previstos e entregue aos condôminos antes da reunião. Assim, eles já vão para o
encontro munidos de informações. A chance de alguém aceitar de cara um aumento
é maior se ele compreender o que está sendo feito. Portanto, converse,
justifique e mostre claramente como o dinheiro será gasto antes da votação do
orçamento — sugere o presidente do Pró-síndico.
Outro
tema que também deve ser amplamente conversado é a implementação de sistemas
que visem a redução de custos, como o reaproveitamento da água da chuva e a
troca das lâmpadas comuns pelas que consomem menos energia.
Vieira
explica que é importante avaliar bem se o condomínio dispõe da verba e se pode
esperar pelos resultados, que, geralmente, são de médio a longo prazo. Para
baixar a conta no fim do mês, também é válido criar campanhas de
conscientização e desenvolver uma boa comunicação com os moradores.
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Para minimizar esse aumento extraordinário, o síndico deve propor ações que
ajudem na racionalização. Portanto, é recomendável continuar investindo no
controle de despesas, contando com a colaboração dos moradores, funcionários e
administração do condomínio. Esse planejamento financeiro mais controlado deve
continuar e virar rotina — ressalta Deborah.
Fonte
O Globo