quinta-feira, 17 de agosto de 2023

VOCÊ É POUPADOR OU INVESTIDOR?

Os prazos e objetivos variam conforme o perfil: tudo depende do seu comportamento

Geralmente, vemos os termos “poupador” e “investidor” sendo usados como sinônimos – ou, pelo menos, como coisas muito parecidas. No entanto, há diferenças técnicas entre quem poupa e quem investe e você pode ser uma coisa ou outra – talvez as duas, se estiver com a disciplina financeira em dia.

Poupador: Planeja primeiro, compra depois
Tudo depende do seu comportamento. Quando pensa em comprar uma bicicleta nova e, em vez de parcelar a perder de vista no cartão de crédito, você vai juntando o dinheiro mês a mês antes de ir à loja? Esse é o traço fundamental do verdadeiro poupador: ele se planeja primeiro e gasta depois.
 “O poupador junta dinheiro pensando em utilizar o principal, não os rendimentos”, define Janser Rojo, planejador financeiro da Soma Invest. Neste caso, a reserva para aquela viagem ou para um conjunto de móveis novos é típica do poupador.

A primeira meta do poupador é evitar o parcelamento
A mira está no sonho de consumo e, por isso, o período de reserva não costuma ser maior que um ano. “Geralmente fica na poupança ou na conta corrente mesmo”, lembra Conrado Navarro, planejador financeiro e sócio do Dinheirama. No entanto, a opção da conta corrente não serve para todo mundo. “Quem não tem muito controle precisa separar o dinheiro do uso diário, senão vai embora.”
A maior preocupação do poupador deve ser, sempre, a manutenção do poder de compra. Além de procurar aplicações de renda fixa que tenham rendimento próximo da inflação, o poupador pode e deve continuar monitorando os preços do produto desejado. “É necessário acompanhar seu dia a dia. Só assim você garantir que está guardando seu dinheiro para ter pelo menos [o rendimento maior do que a] inflação no prazo em que você pretende realizar a compra.”

Investidor: Planeja, investe e volta a planejar
O investidor, por sua vez, está mais preocupado com os rendimentos da sua aplicação. “Essa pessoa está menos associada ao patrimônio material e é mais apegada à possibilidade de ter qualidade de vida e recursos em longo prazo”, sinaliza Navarro.
A previdência privada, por exemplo, é uma aplicação prática do investidor que guarda hoje e aposta no rendimento para recolher ganhos significativos lá na frente.

O que está em jogo é a rentabilidade e, justamente por isso, trata-se de uma modalidade de reserva um pouco mais complexa. Você terá de estudar os juros, as taxas de administração, os prazos e tudo mais.
“O investidor normalmente tem uma carteira de investimentos”, aponta Navarro. Neste sentido, você pode pensar em aplicações mais conservadoras para o curto prazo e as mais ousadas, como um fundo de ações, por exemplo, para o tiro mais longo.
Na hora de usufruir da rentabilidade, o investidor deve fazer mais uma rodada de planejamento

“Somos emocionais e imediatistas. É da nossa natureza”
Se você ainda não tem nenhuma reserva, ou só aquela para emergências, seu ponto de partida é o objetivo. Para quem ainda não está acostumado a ver dinheiro parado, é muito mais fácil ter algo na mira para prazos mais curtos. “Primeira meta é comprar coisas sem parcelamento”, explica Navarro.
Por isso, prefira começar vestindo a figura do poupador. “Quando você entende que é capaz de economizar pensando em algo e depois usufrui deste esforço, você entende o desafio”, comenta. “É uma etapa que todas as pessoas precisam passar.”
Tudo isso para deixar de lado uma faceta humana. “Somos emocionais e imediatistas. É da nossa natureza”, pontua o planejador financeiro.
No entanto, depois de dar o pontapé inicial, a melhor alternativa é manter três reservas independentes, com foco no curto, no médio e no longo prazo. Para Janser Rojo, da Soma Invest, o ideal é que os três recebam rigorosamente a mesma atenção – e os mesmos depósitos. “É necessário ter um equilíbrio entre aproveitar o presente e planejar o futuro.”
O centro das atenções deve estar na disciplina de aportes e de monitoramento. Acompanhar de perto suas aplicações garante que você esteja sempre observando a rentabilidade e os objetivos das aplicações. “Tem de estar sempre acompanhando e monitorando, para não perder dinheiro.”
Por Bárbara Ladeia
Fonte iG Economia