Os prazos e
objetivos variam conforme o perfil: tudo depende do seu comportamento
Geralmente, vemos os termos “poupador” e “investidor”
sendo usados como sinônimos – ou, pelo menos, como coisas muito parecidas. No
entanto, há diferenças técnicas entre quem poupa e quem investe e você pode ser
uma coisa ou outra – talvez as duas, se estiver com a disciplina financeira em
dia.
Poupador: Planeja
primeiro, compra depois
Tudo depende do seu comportamento. Quando
pensa em comprar uma bicicleta nova e, em vez de parcelar a perder de vista no
cartão de crédito, você vai juntando o dinheiro mês a mês antes de ir à loja?
Esse é o traço fundamental do verdadeiro poupador: ele se planeja primeiro e
gasta depois.
“O
poupador junta dinheiro pensando em utilizar o principal, não os rendimentos”,
define Janser Rojo, planejador financeiro da Soma Invest. Neste caso, a reserva
para aquela viagem ou para um conjunto de móveis novos é típica do poupador.
A primeira meta do
poupador é evitar o parcelamento
A mira está no sonho de consumo e, por isso,
o período de reserva não costuma ser maior que um ano. “Geralmente fica na
poupança ou na conta corrente mesmo”, lembra Conrado Navarro, planejador
financeiro e sócio do Dinheirama. No entanto, a opção da conta corrente não
serve para todo mundo. “Quem não tem muito controle precisa separar o dinheiro
do uso diário, senão vai embora.”
A maior preocupação do poupador deve ser,
sempre, a manutenção do poder de compra. Além de procurar aplicações de renda
fixa que tenham rendimento próximo da inflação, o poupador pode e deve
continuar monitorando os preços do produto desejado. “É necessário acompanhar
seu dia a dia. Só assim você garantir que está guardando seu dinheiro para ter
pelo menos [o rendimento maior do que a] inflação no prazo em que você pretende
realizar a compra.”
Investidor: Planeja,
investe e volta a planejar
O investidor, por sua vez, está mais
preocupado com os rendimentos da sua aplicação. “Essa pessoa está menos
associada ao patrimônio material e é mais apegada à possibilidade de ter
qualidade de vida e recursos em longo prazo”, sinaliza Navarro.
A previdência privada, por exemplo, é uma
aplicação prática do investidor que guarda hoje e aposta no rendimento para
recolher ganhos significativos lá na frente.
O que está em jogo é a rentabilidade e,
justamente por isso, trata-se de uma modalidade de reserva um pouco mais complexa.
Você terá de estudar os juros, as taxas de administração, os prazos e tudo mais.
“O investidor normalmente tem uma carteira
de investimentos”, aponta Navarro. Neste sentido, você pode pensar em aplicações
mais conservadoras para o curto prazo e as mais ousadas, como um fundo de ações,
por exemplo, para o tiro mais longo.
Na hora de usufruir da rentabilidade, o
investidor deve fazer mais uma rodada de planejamento
“Somos emocionais e
imediatistas. É da nossa natureza”
Se você ainda não tem nenhuma reserva, ou só
aquela para emergências, seu ponto de partida é o objetivo. Para quem ainda não
está acostumado a ver dinheiro parado, é muito mais fácil ter algo na mira para
prazos mais curtos. “Primeira meta é comprar coisas sem parcelamento”, explica
Navarro.
Por isso, prefira começar vestindo a figura
do poupador. “Quando você entende que é capaz de economizar pensando em algo e
depois usufrui deste esforço, você entende o desafio”, comenta. “É uma etapa
que todas as pessoas precisam passar.”
Tudo isso para deixar de lado uma faceta
humana. “Somos emocionais e imediatistas. É da nossa natureza”, pontua o
planejador financeiro.
No entanto, depois de dar o pontapé inicial,
a melhor alternativa é manter três reservas independentes, com foco no curto,
no médio e no longo prazo. Para Janser Rojo, da Soma Invest, o ideal é que os
três recebam rigorosamente a mesma atenção – e os mesmos depósitos. “É necessário
ter um equilíbrio entre aproveitar o presente e planejar o futuro.”
O centro das atenções deve estar na
disciplina de aportes e de monitoramento. Acompanhar de perto suas aplicações
garante que você esteja sempre observando a rentabilidade e os objetivos das
aplicações. “Tem de estar sempre acompanhando e monitorando, para não perder
dinheiro.”
Por Bárbara Ladeia
Fonte iG Economia