Muitas vezes, achamos que a negociação só começa quando encontramos a outra parte para dar início às conversas que levarão ao acordo. Mas, na verdade, para que o acordo seja alcançado e atenda às nossas expectativas, precisamos fazer um longo “dever de casa” antes de entrar em ação.
É muito comum pensar na negociação como o momento em que as pessoas sentam à mesa para discutir os termos do acordo que farão. Ali, elas comunicam as suas posições, apresentam argumentos para convencer o interlocutor, dirimem conflitos para finalmente chegar a uma solução que seja boa para ambas as partes. Podemos dizer que este é o ápice da negociação, mas para chegar lá os bons negociadores se preparam e planejam cada passo que darão na mesa de negociação. A seguir como planejar uma negociação.
PREPARAR
- Defina seu poder de decisão e time.
- Saiba seus interesses.
- Estime sua melhor alternativa e defina situação de não acordo.
- Imagine os interesses dos outros.
- Prepare-se para sugerir opções de benefícios mútuos.
CRIAR VALORES
- Explore o interesse de ambos os lados.
- Se abstraia de criticismos.
- Invente sem comprometimento, relação de troca.
- Crie opções e pacotes que “aumentem o tamanho da torta”.
DISTRIBUIR VALORES
- Comporte-se de maneira a criar confiança.
- Crie padrões e critérios para “dividir a torta”
- Utilize terceiros para sugerir possíveis distribuições.
- Elabore acordos quase que auto executáveis.
ACOMPANHAR
- Concorde em monitorar acordos.
- Facilite o cumprimento.
- Continue trabalhando para melhorar o relacionamento.
- Concorde em utilizar terceiros para solucionar desacordos.
Um dos segredos de todo bom negociador é preparar-se com afinco para a negociação, e esta preparação envolve definir com clareza os objetivos que se quer alcançar e desenvolver alternativas possíveis, caso a negociação não leve a um acordo.
Lembre-se que, o tempo investido em planejamento e preparação antes das negociações irá substancialmente melhorar os resultados de qualquer negociação.
A maioria dos times de negociação subestima a quantidade de tempo necessário para se preparar adequadamente para uma negociação.
Entenda sobre os estilos de negociadores
Negociação é o processo de comunicação cujo o objetivo é chegar a um acordo mútuo sobre necessidades e opiniões divergentes. Negociar significa persuadir, ao invés de usar força bruta. Além do mais, negociar quer dizer que o outro lado sentir-se-á satisfeito com o resultado da negociação. Como tal, a negociação é um repertório de comportamentos que inclui comunicação, venda, marketing, psicologia, sociologia, firmeza e administração de conflitos. Sobretudo, significa ter uma nítida compreensão de nossas próprias motivações e das do outro.
Numa negociação é importante identificarmos o(s) estilo(s) do(s) negociador(es) para que se possa atuar conscientemente e conduzir a negociação para um resultado cooperativo.
Entenda mais sobre os estilos:
ANALÍTICO
PONTOS FORTES
- Decisões bem fundamentadas
- Ações eficientes
- Persistência
- Raciocínio lógico
- Senso de organização
ASPECTOS A EVITAR
- Inflexibilidade e teimosia
- Apego a detalhes
- Excesso de cautela
ASPECTOS A DESENVOLVER
- Senso de improvisação
- Decisões rápidas
- Exposição a risco
VISIONÁRIO
PONTOS FORTES
- Soluções inovadoras e idéias revolucionárias
- Percepção aguçada e receptividade a mudanças
- Espírito inquieto, intuitivo e criativo
ASPECTOS A EVITAR
- Individualismo e instabilidade
- Interrupções e perda de concentração
- Idéias fantasiosas e irrealistas
ASPECTOS A DESENVOLVER
- Objetividade e senso prático
- Autodisciplina e foco nos compromissos
- Hábito de trabalhar em equipe
APOIADOR
PONTOS FORTES
- Conciliação de conflitos e soluções negociadas
- Integração de equipes e construção de ambientes participativos
- Comunicabilidade e diplomacia
ASPECTOS A EVITAR
- Hesitação e transigência
- Excessivo apego ao informal
- Prolixidade e evasivas
ASPECTOS A DESENVOLVER
- Resistência a pressões
- Objetividade e foco nos resultados práticos
- Exteriorização das discordâncias e críticas
CONTROLADOR
PONTOS FORTES
- Agilidade para decidir e rapidez para agir
- Objetividade e senso prático
- Entusiasmo
- Impulsividade e volubilidade
- Impaciência e arrogância
- Tendência a pressionar
ASPECTOS A DESENVOLVER
- Autodisciplina
- Serenidade e resistência a frustrações
- Hábito de ouvir as outras pessoas
Como negociar qualquer coisa…
“Como negociar qualquer coisa com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo” é um livro de Frank L. Acuff que nos leva a reconhecer que em tempos de globalização, o domínio das habilidades de negociação internacional passa a ser um imperativo para todos os empresários e executivos.
Dicas importantes para uma boa negociação são destacadas de forma clara e objetiva, este é um daqueles livros que não pode sair da cabeceira de nossa cama. Ao acordar e se dirigir para uma negociação não deixe de ver e rever as dicas abaixo.
Negociando na América Latina – Brasil
Cumprimentos
- Dê a mão nos encontros. Ao despedir-se de um grupo pequeno, dê a mão a todos os participantes.
- Amigos próximos se abraçam ao se encontrar. As mulheres se beijam nas duas faces.
- Os brasileiros costumam usar o primeiro nome, mas não o faça até que peçam.
- Uma saudação comum é Como vai?
- Leve muitos cartões.
Conversação
- Os brasileiros gostam de falar sobre o rápido desenvolvimento do país e os seus recursos naturais, incluindo as bonitas praias.
- O esporte nacional é o futebol. O basquete também é popular e o voleibol é muito jogado nas praias.
- Seja expressivo ao falar. Os brasileiros gostam de conversar e costumam ser muito expressivos e veementes nas suas opiniões. Embora os brasileiros sejam calorosos, amistosos e extrovertidos, não faça perguntas de ordem pessoal (como idade ou salário). Mas não se surpreenda se lhe fizer esse tipo de pergunta.
- Tente sentir-se confortável com a maior proximidade física. O interlocutor brasileiro pode ficar a menos de trinta centímetros se a conversa for em pé.
Dicas importantes para a negociação
- Os brasileiros gostam de pechinchar. As negociações são feitas lentamente e a contragosto.
- Chegue pontualmente às sessões de negociação, embora seu interlocutor provavelmente chegará alguns minutos depois da hora marcada, com exceção de São Paulo, onde as pessoas são pontuais.
- Converse sobre assuntos gerais antes de entrar no tema da negociação.
- Estabeleça um relacionamento pessoal com seu interlocutor.
- Não confunda com raiva a exaltação que os brasileiros mostram ao defender seu ponto de vista.
Dicas do dia-a-dia
- As refeições são consideradas eventos sociais, mas ocasionalmente se discutem assuntos de negócios em São Paulo e no Rio.
- Se você for convidado para um jantar na casa de uma pessoa, leve um pequeno presente , como doces ou vinho.
Questões do gênero
- No Brasil, em geral, há um ambiente favorável para as mulheres de negócios internacionais.
- O machismo não é tão forte quanto no México. As mulheres estão começando a ocupar cargos de direção.
- Os homens brasileiros têm tendência de olhar e fazer comentários sobre as mulheres que andam pela rua.
Lembre-se também…
- Com mais de 150 milhões de habitantes, o Brasil é um bom mercado a longo prazo. Os produtos norte-americanos são muito apreciados e procurados, e geralmente há uma atitude positiva em relação aos negócios com os Estados Unidos.
- O Brasil está passando por várias reformas econômicas, em torno de privatizações, diminuição das históricas altas taxas de inflação, e em outras áreas.
- Nos últimos anos, a economia brasileira tem sido ajudada por significativos investimentos estrangeiros.
Como o próprio autor diz, este livro é para aqueles que estão nas trincheiras e precisam de diretrizes praticas. Sinta-se beneficiado com está publicação, lembrando ainda, que este autor é americano.
E não é que o cara entende de brasileiros!
Cooperar ou competir?
Por vezes nos deparamos com tensões nas negociações que dependendo de nossa posição perante a outra parte o resultado pode não ser o esperado. A pergunta é, o que devemos fazer?, cooperar ou competir?
Uma das ferramentas mais aplicadas na decisão entre cooperar ou competir numa negociação está na teoria dos Jogos, e veja agora como a versão clássica da teoria dos jogos, “Dilema do Prisioneiro”, aplica-se às negociações.
- Se entendo que meus concorrentes sejam racionais e visam atingir seus melhores resultados, de que modo devo levar em consideração o comportamento deles para tomar minhas decisões para maximizar meus resultados?
Lembre-se, você não tem o que merece, você tem o que negocia!
Por Gustavo Felipe Franceschini
Fonte AboBusi