segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

DE OLHO NAS CONTAS


Assim como as empresas, os condomínios devem fazer seu orçamento para o próximo ano, definindo gastos, investimentos e o valor da cota a ser dividida por todos os condôminos no próximo período. E, como nas grandes corporações, o momento exige muita cautela dos síndicos.
Para Claudio Affonso, diretor de Condomínios da CIPA, o mais importante é elaborar uma previsão orçamentária coerente e conhecer bem a operação do condomínio, sempre se programando para obras ou reparos emergenciais.
- Uma vez elaborada a previsão orçamentária, o principal papel do gestor será procurar não fugir do orçamento e ter atenção redobrada nas despesas de consumo, como luz e água. Também é necessário ser diligente junto aos inadimplentes e, sempre que houver necessidade de gastos extraordinários, emitir um novo rateio específico para não afetar o seu orçamento ordinário - recomenda Affonso.
Flávia Ramos, gerente de condomínios da Precisão Empreendimentos Imobiliários, lembra que existem duas situações nesse caso. Há condomínios que fazem o rateio do 13º salário e das férias dos funcionários ao longo do ano.

Assembleia é soberana
O orçamento é apresentado pelo síndico ou pela administração do condomínio e sua aprovação é votada em assembleia. E a assembleia é soberana para a decisão, e pode também propor alterações na previsão orçamentária.
- Habitualmente se aplica um percentual de reajuste sobre o valor da cota condominial atual, no intuito de antecipar eventuais ajustes de preços nas tarifas públicas (luz, água e gás) - explica Rafael Thomé, diretor de condomínios da administradora BAP.
Rafael lembra ainda que toda definição impacta no orçamento e precisa estar refletida nos números do próximo ano. Por isso, é fundamental definir o nível de serviço que os condôminos querem e ressaltar que tudo impactará nas contas. Por exemplo, porteiro 24 horas, vigias, periodicidade da manutenção do jardim, forma de acesso dos moradores, funcionários próprios ou terceirizados etc.
- O grande desafio de toda administração condominial é conciliar o nível de serviço que todos querem ter (limpeza, segurança, comodidade, conservação) com o valor que todos podem ou querem pagar - diz ele.
- Nesse caso, a previsão orçamentária deverá ser feita no final do ano e aplicada em janeiro - explica ela.
Ela complementa lembrando que, quando se trata de previsão orçamentária para todas as despesas ordinárias do condomínio, a discussão é na Assembleia Ordinária em que é apresentada a projeção para o próximo ano ou gestão.

Custo de pessoal é de 60%
Em uma previsão orçamentária, a parte de pessoal representa, geralmente, 60% dos custos. Flávia Ramos, gerente de condomínios da Precisão Empreendimentos Imobiliários, explica que, quando a administradora apresenta a previsão orçamentária, no que diz respeito à folha de pagamento, os valores lançados seguem a estimativa do último dissídio.
- A preocupação, nesse caso, é saber se o valor do dissídio do próximo ano seguirá dentro da margem de estimativa que a administradora irá utilizar. Se a previsão for menor, corre o risco de prejudicar o orçamento do condomínio - explica Flávia.
Anna Carolina Chazam, gerente de Gestão Predial da Estasa, lembra que o reajuste da cota é sempre um desafio, pois inescapavelmente onera as despesas do morador.
- O reajuste dos funcionários é o que mais impacta e nem sempre é possível estabelecer um orçamento abaixo da inflação - salienta.
Cortes de gastos e dispensa de funcionários devem estar neste planejamento? Flávia Ramos, da Precisão, explica que sim, já que a previsão orçamentária deve ser elaborada de forma precisa.
Ela lembra ainda que se cortes de gastos foram necessários, o síndico deverá renegociar contratos e dispensar serviços supérfluos. A folha de pagamento, por ser o maior impacto financeiro do prédio, deverá ser enxuta. Cada condomínio tem sua necessidade quando se trata de quadro de funcionários.
- O importante é não haver horas extras excedentes, fazer o prévio planejamento de férias e suas coberturas e, se for preciso, é necessário estudar novas possibilidades para redução ou adequação do quadro de funcionários. Nesse caso, basta o condomínio solicitar o auxílio do departamento pessoal de sua administradora - diz ela.
Por Ana Carolina Diniz
Fonte Cipa