Assim como as empresas, os condomínios devem
fazer seu orçamento para o próximo ano, definindo gastos, investimentos e o
valor da cota a ser dividida por todos os condôminos no próximo período. E, como
nas grandes corporações, o momento exige muita cautela dos síndicos.
Para Claudio Affonso, diretor de Condomínios
da CIPA, o mais importante é elaborar uma previsão orçamentária coerente e
conhecer bem a operação do condomínio, sempre se programando para obras ou
reparos emergenciais.
- Uma vez elaborada a previsão orçamentária,
o principal papel do gestor será procurar não fugir do orçamento e ter atenção
redobrada nas despesas de consumo, como luz e água. Também é necessário ser
diligente junto aos inadimplentes e, sempre que houver necessidade de gastos
extraordinários, emitir um novo rateio específico para não afetar o seu
orçamento ordinário - recomenda Affonso.
Flávia Ramos, gerente de condomínios da
Precisão Empreendimentos Imobiliários, lembra que existem duas situações nesse
caso. Há condomínios que fazem o rateio do 13º salário e das férias dos
funcionários ao longo do ano.
Assembleia é
soberana
O orçamento é apresentado pelo síndico ou
pela administração do condomínio e sua aprovação é votada em assembleia. E a
assembleia é soberana para a decisão, e pode também propor alterações na
previsão orçamentária.
- Habitualmente se aplica um percentual de
reajuste sobre o valor da cota condominial atual, no intuito de antecipar
eventuais ajustes de preços nas tarifas públicas (luz, água e gás) - explica
Rafael Thomé, diretor de condomínios da administradora BAP.
Rafael lembra ainda que toda definição
impacta no orçamento e precisa estar refletida nos números do próximo ano. Por
isso, é fundamental definir o nível de serviço que os condôminos querem e
ressaltar que tudo impactará nas contas. Por exemplo, porteiro 24 horas, vigias,
periodicidade da manutenção do jardim, forma de acesso dos moradores, funcionários
próprios ou terceirizados etc.
- O grande desafio de toda administração
condominial é conciliar o nível de serviço que todos querem ter (limpeza, segurança,
comodidade, conservação) com o valor que todos podem ou querem pagar - diz ele.
- Nesse caso, a previsão orçamentária deverá
ser feita no final do ano e aplicada em janeiro - explica ela.
Ela complementa lembrando que, quando se
trata de previsão orçamentária para todas as despesas ordinárias do condomínio,
a discussão é na Assembleia Ordinária em que é apresentada a projeção para o
próximo ano ou gestão.
Custo de pessoal é
de 60%
Em uma previsão orçamentária, a parte de
pessoal representa, geralmente, 60% dos custos. Flávia Ramos, gerente de
condomínios da Precisão Empreendimentos Imobiliários, explica que, quando a
administradora apresenta a previsão orçamentária, no que diz respeito à folha
de pagamento, os valores lançados seguem a estimativa do último dissídio.
- A preocupação, nesse caso, é saber se o
valor do dissídio do próximo ano seguirá dentro da margem de estimativa que a
administradora irá utilizar. Se a previsão for menor, corre o risco de
prejudicar o orçamento do condomínio - explica Flávia.
Anna Carolina Chazam, gerente de Gestão
Predial da Estasa, lembra que o reajuste da cota é sempre um desafio, pois
inescapavelmente onera as despesas do morador.
- O reajuste dos funcionários é o que mais
impacta e nem sempre é possível estabelecer um orçamento abaixo da inflação - salienta.
Cortes de gastos e dispensa de funcionários
devem estar neste planejamento? Flávia Ramos, da Precisão, explica que sim, já
que a previsão orçamentária deve ser elaborada de forma precisa.
Ela lembra ainda que se cortes de gastos
foram necessários, o síndico deverá renegociar contratos e dispensar serviços
supérfluos. A folha de pagamento, por ser o maior impacto financeiro do prédio,
deverá ser enxuta. Cada condomínio tem sua necessidade quando se trata de
quadro de funcionários.
- O importante é não haver horas extras
excedentes, fazer o prévio planejamento de férias e suas coberturas e, se for
preciso, é necessário estudar novas possibilidades para redução ou adequação do
quadro de funcionários. Nesse caso, basta o condomínio solicitar o auxílio do
departamento pessoal de sua administradora - diz ela.
Por Ana Carolina Diniz
Fonte Cipa