Os
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, assustam:
o desemprego no Rio de Janeiro atinge cerca de 1,3 milhão de pessoas, ou seja,
15,6% da população. Por isso, o EXTRA ouviu especialistas que mostram como
lidar com a demissão e, o mais importante, como dar a volta por cima e
conseguir um emprego ainda melhor.
Especialista
em Recursos Humanos, Nayara Cardoso lembra que perder o emprego neste momento
de dificuldade econômica não acontece apenas com profissionais de um
determinado nível social ou escolaridade:
—
Pode acontecer com qualquer um e é normal. O primeiro passo é tentar entender o
que aconteceu. Em momentos de crise, alguns comportamentos deixam o
profissional em risco, como pessoas que não se atualizam ou que não se
qualificam. É importante ver quais foram os erros e voltar a se qualificar —
explica a professora de Recursos Humanos da Mackenzie Rio.
Leiza
Oliveira, especialista em carreira e presidente da Minds Idioma, repara essa
mudança no perfil dos alunos:
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Agora, a maioria está preocupada com a parte profissional. As pessoas percebem
que precisam ter o inglês em dia, para melhorar o currículo e manter ou
conseguir emprego.
Para
driblar o desemprego, voltar para a sala de aula é uma das recomendações do
especialista em gestão de carreiras e recolocação profissional, Luiz Fernando
Barbieri.
—
O sucesso de uma carreira tem três aspectos: competências, autoconhecimento e
networking, ou seja, uma boa rede de contatos profissionais. As competências
estão embasadas no conceito de que você possui: C-H-A, que significa:
conhecimento (saber), habilidade (saber fazer) e atitude (querer fazer).
Verifique em qual ponto não possui competência. Faltou-lhe habilidade no
sistema da empresa? Faltou proatividade, ou seja, ficou acomodado com o tempo?
Não tem conhecimento de inglês? — explica o coordenador do MBA em Gestão de Processos
do Ibmec Rio.
Psicóloga
clínica e sócia da Trajeto RH, Luciana Guedes Pinto explica que uma coisa
importante no processo de se realocar é estar bem.
—
Na entrevista, se o candidato está desanimado, o recrutador vai perceber. A
pessoa precisa saber seus pontos fortes e saber o que quer, para ter foco. Não
adianta atirar para todos os lados. Mais do que fazer um currículo, é preciso
ver quais são seus sonhos e se inscrever nos sites das empresas em que deseja
trabalhar, além de sites de vagas. Precisa decidir por uma área e lembrar de
amigos e conhecidos que já atuam nela. Essa rede de contatos é importantíssima.
Sem desanimar
Perder
o emprego pode deixar a pessoa se sentindo desanimada, rejeitada e com a
autoestima bem abalada. Apesar disso tudo, é importante não se deixar levar
pelos sentimentos negativos, segundo o médico psiquiatra Mario Louzã.
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A pessoa pode separar o lado subjetivo da demissão, do lado objetivo,
distinguindo os aspectos mais realistas dos motivos do desligamento. A partir
daí pode se recompor gradualmente e sair em busca de uma alternativa.
A
família e os amigos exercem um papel fundamental:
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Eles podem oferecer apoio emocional para o desempregado, buscando tirá-lo da
sensação de frustração e vergonha.
Em
alguns casos, o mais recomendado é procurar auxílio psiquiátrico ou
psicológico. Há universidades que oferecem atendimentos de graça.
CONFIRA AS DICAS
Avalie as opções
Não
procure apenas novos empregos na área em que já trabalhou. Esse pode ser o
momento de abrir horizontes e de ganhar dinheiro, mesmo que temporariamente,
com outros talentos, como artesanato e culinária. Muitas pessoas também podem aproveitar
os recursos da rescisão para investir no sonho de empreender e abrir um negócio
próprio.
Reflita
Avalie
seus pontos fortes e fracos para ver o que é necessário para voltar para o
mercado de trabalho. Cursos gratuitos ocupam a cabeça e podem melhorar o
currículo. Além disso, podem ser um pontapé para quem quer mudar de carreira.
A
Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece cursos online, no site www5.fgv.br/fgvonline/Cursos/Gratuitos.
Algumas opções gratuitas são “Introdução à Administração Estratégica”,
“Recursos Humanos” e “Fundamentos da Gestão de TI”.
O
Sesi e o Senai também disponibilizam aulas livres, sem custo para os
interessados, no site https://eadsenaies.com.br/, com certificação. Algumas
alternativas são “Fundamentos de Logística”, “Redação Administrativa”,
“Comunicação no Foco Organizacional” e “Tecnologia da Informação e
Comunicação”.
De olho na saúde
Preste
atenção na sua saúde mental e física. Aproveite para fazer atividades
gratuitas, como caminhadas, pois se manter em forma vai fazer você se sentir e
parecer melhor.
Cuidado redobrado
Evite
falar mal da empresa ou do chefe. Além de ser antiético, você não sabe se os
colegas e gestores podem indicá-lo para vagas em outras empresas.
Use as redes sociais da maneira certa
As
redes sociais servem para manter contato com amigos, parentes, colegas e
ex-colegas de trabalho. Desse contato, pode surgir uma nova oportunidade de
emprego e ter um perfil no LinkedIn é fundamental.
—
É uma ferramenta de trabalho. Quem não é visto, não será lembrado. Além disso,
por lá, as pessoas podem avaliar o seu trabalho e isso é uma fonte de análise
para os recrutadores que procuram os currículos dos profissionais no site —
afirma o especialista em gestão de carreiras, Luiz Fernando Barbieri.
Luciana
Guedes Pinto, sócia da Trajeto RH, lembra que os perfis em outras redes, como
Facebook, também são analisados pelas empresas:
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É importante evitar postagens do tipo “eu odeio trabalhar”. Por mais que seja
uma piada, não pega bem, porque os perfis falam muito sobre a personalidade.
Monte um currículo nota 10
O
currículo é a primeira impressão que a empresa terá sobre você, por isso, envie
um documento bem escrito, organizado e sem erros de português ou de digitação.
Peça que um amigo revise para verificar se algum erro passou despercebido.
Informe
os dados pessoais — como nome, telefone, e-mail e idade — atualizados. Não use
e-mails com apelidos e brincadeiras. Crie um e-mail profissional e sempre fique
de olho nele, porque essa é a forma de contato preferida de várias empresas.
Liste
suas experiências acadêmicas (nível de escolaridade, cursos feitos) e
experiências profissionais (nome da empresa, cargo, data de admissão, data de
demissão e principais atividades). Não minta no currículo, os exageros são
facilmente descobertos nas entrevistas.
Por
Marcela Sorosini
Fonte
Extra – O Globo Online