Saiba mais sobre o
diabetes tipo 2
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica na
qual o organismo não produz suficientemente ou utiliza inadequadamente a
insulina necessária para que as células do corpo absorvam e possam aproveitar a
glicose de modo adequado. Está mais freqüentemente associado com a idade avançada,
obesidade, histórico familiar da doença, histórico anterior de diabetes
gestacional, falta de atividade física e algumas etnias. Você não está sozinho:
existem mais de 230 milhões de pessoas vivendo com diabetes no mundo.
• Pelo menos a metade das pessoas com
diabetes tipo 2 não sabe que tem a doença.
Prevalência de
diabetes no Brasil e no mundo
Mundo: 6,6% da população adulta da população
adulta (20 - 79 anos)
Brasil: 12,1% da população adulta da população
adulta (30 - 69 anos)
Dicas para lidar com
uma doença crônica:
• É fundamental atuar em várias frentes: dieta,
exercício e medicação, ou seja, proponha-se a uma mudança de estilo de vida! Isto
vai aumentar sua disposição, melhorar a qualidade do seu dia a dia, além de
alcançar o controle da glicose no sangue, a chamada glicemia;
• Seu médico tem vários objetivos no
tratamento. O que é mais conhecido pelos pacientes é a glicemia de jejum (GJ),
ou seja, a glicose medida no sangue logo pela manhã. Outra avaliação muito
importante é a glicemia após uma refeição principal, a chamada glicemia pós-prandial
(GPP), que você mesmo pode realizar em casa. Existe ainda um outro exame de
sangue para medir os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) que é capaz de
refletir as glicemias dos últimos 2-3 meses. Através deste último exame seu médico
tem a noção de como esteve sua glicemia ao longo dos últimos tempos;
• A hiperglicemia (excesso de açúcar) crônica
está relacionada a um aumento de complicações cardiovasculares nos pacientes
com diabetes tipo 2 para a redução da glicose;
• Existem cada vez mais tratamentos disponíveis
para lidar com esta doença. O objetivo do tratamento do diabetes, combinando
dieta, exercício e medicação, consiste em controlar a glicose (açúcar) no
sangue até o nível mais normal possível e assim diminuir a ocorrência de
complicações graves relacionadas a esta doença;
• Aproximadamente 55% das pessoas com
diabetes tipo 2 que estão em tratamento utilizando somente um medicamento,
alcançaram uma meta adequada de controle do açúcar no sangue (HbA1c < 7%) depois
de 3 anos;
• Apesar do baixo controle da glicose,
muitas pessoas com diabetes tipo 2 não têm sintomas e talvez não estejam
dispostas a intensificar o tratamento para a redução da glicose;
• Envolva-se no seu tratamento! Vários
estudos mostraram que pacientes envolvidos e motivados a se tratarem são os que
mais convivem bem com o diabetes ao longo do tempo;
• Para diminuir a carga diária que
representa o diabetes tipo 2, os pacientes devem estar ativamente envolvidos no
automanejo da doença.
O manejo do diabetes não se trata somente de controlar
a glicose, mas do paciente como um todo:
• O tratamento do paciente por uma equipe
multidisciplinar (médicos, nutricionistas, enfermeiras, educadores físicos) pode
ter como resultado um melhor controle da glicemia;
• Mudar o estilo de vida não é fácil, mas é possível!
Basta encontrar o seu jeito de estabelecer uma rotina. Assim que você conseguir
se organizar, perceberá que o tratamento do diabetes pode ser incorporado
naturalmente no seu dia a dia e muito gratificante.
ALIMENTAÇÃO
Princípios para
orientação nutricional no Diabetes Mellitus
A orientação nutricional, com o
estabelecimento de um plano alimentar, associada a mudanças no estilo de vida,
incluindo atividade física regular, é fundamental para o controle dos indivíduos
portadores de Diabetes Mellitus.
Nos últimos anos, diversos produtos foram
elaborados para tornar a vida dos diabéticos mais fácil e saborosa. Além disso,
muitos tabus e determinações que os faziam ter que seguir uma dieta restritiva
desaparecerem. Atualmente, sabe-se que esses indivíduos devem ter uma alimentação
saudável com pouquíssimas restrições ou restrições.
Então, se você é diabético e pretende adotar
um plano alimentar saudável, siga atentamente as recomendações:
Carboidratos
A quantidade e a qualidade do carboidrato
consumido devem ser bem controladas. Qualquer carboidrato consumido em excesso
resultará no aumento dos níveis de glicose no sangue e manifestação dos
sintomas do diabetes. Por isso, é importante conhecer melhor esse nutriente e
as fontes alimentares mais adequadas para este caso.
Carboidratos simples: esse tipo de carboidrato tem capacidade de
fornecer mais rapidamente energia ao organismo. São os açúcares (branco,
cristal, mascavo e demerara) e mel. Frutas também contêm carboidratos simples,
sendo um dos motivos pelos quais esses alimentos não devem ser consumidos
livremente pelos diabéticos. O consumo de açúcar, mel, balas, doces e
refrigerantes com açúcar, além de aumentar os níveis de glicose, está associado
à obesidade e elevação das triglicérides no sangue.
Carboidratos
complexos: são mais vantajosos,
pois apresentam uma absorção mais lenta no intestino, diminuindo os picos de
aumento de glicose após uma refeição. Os alimentos que contêm carboidratos
complexos são: arroz, milho, pães, macarrão, farinhas, cereais, aveia, batata,
mandioca, entre outros. A fim de melhorar ainda mais o conteúdo de nutrientes
desses alimentos, auxiliar o trânsito intestinal e retardar a absorção da
glicose é recomendado que esses alimentos sejam consumidos em sua forma
integral como, por exemplo, arroz integral, pães preparados com farinhas
integrais, biscoitos integrais, cereais matinais etc. As fibras também são
carboidratos complexos que auxiliam no controle da glicemia. É recomendado o
consumo de 20 gramas ao dia sob a forma de hortaliças, leguminosas, grãos integrais
e frutas.
Na presença de diabetes é sugerido controle
complementar rigoroso dos níveis de triglicérides e de colesterol sanguíneos,
pois um dos principais fatores para o aparecimento das doenças cardiovasculares
é o aumento de gorduras no sangue (dislipidemias). As gorduras consumidas na
dieta afetam diretamente os níveis de gorduras no sangue.
Gorduras
Os alimentos contêm os seguintes tipos de
gorduras:
Colesterol: é encontrado apenas em alimentos de origem
animal, carnes gordurosas, leite integral e derivados, frios e embutidos,
frutos do mar e vísceras. O colesterol alimentar influencia diferentemente os níveis
de colesterol no sangue.
Gordura saturada: presente principalmente em produtos de
origem animal, carnes gordurosas, leite e derivados, polpa e leite de coco e em
alguns óleos vegetais como dendê. Quando consumida em excesso pode aumentar os
níveis de colesterol “ruim” (LDL).
Gordura trans: as principais fontes são os alimentos
industrializados que contêm gordura hidrogenada, como sorvetes, bolachas,
alimentos de consistência crocante e margarinas duras. Quando consumida em
excesso, a gordura trans aumenta o colesterol “ruim” (LDL) e reduz o colesterol
“bom” (HDL).
Gorduras insaturadas
(poli e mono): nesta categoria
encontram-se as poli-insaturadas que são ácidos graxos Ômega 3: óleos vegetais
de soja, canola e linhaça e também os peixes de águas frias como sardinha, atum
e salmão e ômega 6: óleos de soja, milho ou girassol. A ingestão de gorduras
poli-insaturadas pode reduzir o LDL e o colesterol total. Já as monoinsaturadas
são encontradas no óleo de canola, azeite de oliva, azeitona, abacate e
oleaginosas (amendoim, castanhas, nozes, amêndoas). Quando consumidas, reduzem
igualmente o colesterol sem, no entanto, diminuir o HDL-C (bom colesterol).
Álcool
O consumo excessivo de álcool deve ser
evitado, mesmo que eventualmente.
O consumo de bebidas alcoólicas deve ser
limitado a 1 dose por dia para mulheres e 2 doses por dia para homens. Uma dose
é definida como: 350 ml de cerveja (1 lata de cerveja), 150 ml vinho ou 45 ml
de bebida destilada. Essa quantidade deve estar de acordo com as orientações de
seu médico e nutricionista, dependendo de outras condições clínicas. O tipo de
bebida alcoólica consumido não influencia no controle do diabetes.
Para evitar hipoglicemia (baixo nível de
glicose), o álcool deve ser sempre ingerido juntamente com os alimentos. Lembrando
que o álcool é muito calórico e o seu consumo se predispõe a obesidade, que por
sua vez apresenta efeitos negativos sobre o controle do diabetes.
Diet x Light
A definição de alimento light deve ser
direcionada aos produtos que apresentam redução mínima de 25% em determinado
nutriente ou calorias, quando comparado com alimento convencional. O diet
significa que o alimento tem ausência total de um nutriente. Portanto, a
primeira diferença entre alimento diet e light está na quantidade permitida de
nutriente. Enquanto o diet precisa ser isento, o light deve apresentar uma redução
mínima de 25% de nutrientes ou calorias em relação ao alimento convencional. A
segunda diferença é que o alimento light não é, necessariamente, indicado para
indivíduos que apresentam algum tipo de doença (diabetes, colesterol elevado,
doença celíaca, fenilcetonúria). No caso dos indivíduos diabéticos o termo
correto é o diet, por ter ausência total de açúcar. Se for comprar algum
alimento light precisa conferir nos ingredientes descritos no rótulo, se na
composição tem açúcar ou não.
Recomendações
complementares
• Alimente-se a cada 4 horas para evitar
picos de hipo e hiperglicemia;
• Tenha sempre disponíveis alimentos práticos
para os intervalos das refeições como frutas, barras de cereais light ou
biscoitos salgados com fibras;
• Leia os rótulos com atenção. Não confie
apenas na denominação diet ou light. Observe atentamente a composição
nutricional do produto, identificando a quantidade de cada nutriente (gordura,
carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais);
• Procure manter o peso dentro da faixa de
normalidade;
• Meça regularmente a glicose sanguínea.
Atividade física
Atividades físicas auxiliam no tratamento e
na prevenção do diabetes. Praticar regularmente exercícios físicos facilita o
controle de açúcar no sangue, melhora os níveis da hemoglobina glicada, ajuda
você a perder peso, previne que você desenvolva doenças do coração e melhora
principalmente a sua qualidade de vida.
• Qual atividade física
é mais recomendada?
Qualquer atividade física pode ser benéfica
para diabéticos, mas aquelas que movimentam grandes grupos musculares são as
mais recomendadas.
Caminhada, natação, ciclismo e corrida são
atividades que ajudam você a controlar melhor o diabetes, como também perder
peso. Elas melhoram a capacidade do corpo em utilizar a glicose, ajudam o
controle glicêmico e aumentam o gasto energético diário. O programa de exercícios
deve ser realizado, se possível, diariamente, mas 3 a 5 vezes por semana,
durante 30 a 50 minutos, promove excelentes resultados no controle do diabetes.
Inclua também sessões de exercícios resistidos ou hidroginástica 2 vezes por
semana, pois estas proporcionam maior resistência, agilidade e força para o seu
corpo.
Lembre-se de que músculos fortes necessitam
de mais glicose, portanto ajudam você a controlar o diabetes.
Antes de iniciar seu exercício físico faça
alongamento dos principais grupos musculares, principalmente das pernas e dos
braços, pois ele facilita o inicio da atividade, previne lesões e melhora seu
desempenho. Esta rotina de alongamento deverá também ser realizada ao término
da sua atividade física.
Antes de começar um programa de atividades físicas,
alguns cuidados e orientações devem ser seguidos para que você faça de maneira
segura e eficiente.
• Avaliação médica
Ao iniciar um programa de exercícios físicos,
o ideal é que você faça uma avaliação medica. Diabéticos têm mais facilidade de
desenvolver doenças cardíacas do que pessoas não diabéticas. Portanto, o seu médico
terá condições de orientá-lo em relação ao tipo e intensidade de seu exercício
físico.
• Cuidados com os pés
Portadores de diabetes podem ao longo dos
anos apresentar problemas com os pés devido à neuropatia diabética, que provoca
perda de sensibilidade, alterações na mobilidade e deformidades nos pés. Escolha
um calçado confortável, sem costuras grossas internamente, e sempre use com
meias, pois elas protegem mais ainda seus pés. Caso você tenha alguma lesão nos
pés, evite realizar atividades como caminhadas ou corridas. O melhor é esperar
cicatrizar e em caso de dúvidas, procure seu médico.
• Uso de insulina e
hipoglicemia
Se você for usuário de insulina, é fundamental
que evite a hipoglicemia durante e após a atividade física. Lembre-se que aa
duração, a intensidade e se você começou a praticar recentemente são fatores
que podem aumentar as chances de hipoglicemia durante os exercícios físicos. Então,
siga estas recomendações:
- Se a glicemia for menor de 100mg/dl você deve
ingerir 15 g de carboidratos antes de iniciar a atividade física (15 g equivale
a 3 bolachas de água e sal ou uma barrinha de cereais ou uma fruta);
- Se a glicemia estiver acima de 300mg/dl,
procure não realizar os exercícios neste dia, pois você poderá aumentar ainda
mais sua glicemia;
- Se a duração da atividade for muito longa,
mais de 1 h, você deve repor mais 15 g de carboidratos, principalmente se
houver sintomas de hipoglicemia;
- Nunca pratique exercícios físicos em jejum.
Caso já tenha passado 2 horas da sua última refeição, faça um lanche rápido
antes de começar o exercício;
- Evite exercitar-se no pico de ação da
insulina. Por exemplo: insulina regular acontece normalmente após 4 horas da
aplicação, já a insulina NPH de ação lenta acontece entre 8 e 10 horas;
- Evite aplicar insulina nas pernas e braços.
Prefira o abdômen para melhorar a absorção da insulina;
- Se você pratica atividade física à noite,
faça um lanche antes de ir dormir, para evitar hipoglicemia tardia;
- Não se esqueça de hidratar seu corpo
durante os exercícios, beba água, principalmente em atividades físicas de longa
duração.
• Alguns cuidados
adicionais:
- Estabeleça um horário para praticar sua
atividade física;
- Inicie lentamente e vá aumentado
progressivamente a intensidade e o tempo de duração dos exercícios, respeitando
seus próprios limites e os estabelecidos pelo seu médico;
- Não se esqueça da sua medicação;
- Evite exercícios extenuantes,
principalmente se você for iniciante;
- Procure não exercitar-se em temperaturas
muito altas ou baixas;
- Não pratique exercícios físicos logo após
as refeições, espere pelo menos 1 h;
- Use roupas e calçados confortáveis, que não
limitem seus movimentos;
- Se você tiver condições busque a ajuda de
um profissional para estabelecer um programa de exercícios;
- Caso você sinta algum desconforto, dor no
peito, tontura, náusea, sudorese excessiva, falta de ar, visão turva, dores de
cabeça, taquicardia ou dores em geral, suspenda os exercícios e consulte seu médico.
• Orientações finais:
- Escolha a atividade física que mais lhe
agrade e que combine com você;
- Para o diabético é fundamental que, ao
estabelecer o programa de exercícios, leve-se em conta o tratamento
medicamentoso seguido;
- Não deixe de consultar seu médico
regularmente, pois a prática rotineira de exercícios físicos pode levar a
ajustes na medicação;
- Lembre-se de que a rotina de exercícios físicos
pode ser uma grande aliada no tratamento e controle da sua doença.
Fonte Clinileste