Para 46% dos
gestores, dois erros de digitação já podem eliminar candidato
Em seu livro “Socialnomics”, de 2012, o
consultor americano Erik Qualman prevê que, por volta de 2022, o currículo de
papel estará morto. Mas, enquanto isso não acontece, o documento continua sendo
a principal ferramenta utilizada para se conseguir um novo emprego, embora cada
vez mais complementado por informações de redes sociais, especialmente as incluídas
no LinkedIn.
E, por mais que alguns profissionais apostem
na renovação do formato, elaborando currículos criativos e cheios de design, a
grande maioria usa mesmo o bom e velho Word. O que não representa qualquer
problema, dizem especialistas, desde que alguns aspectos sejam observados.
— O currículo é a primeira apresentação e
tem que ter conteúdos básicos, que permitam ao recrutador saber se o candidato
atende aos requisitos da vaga — afirma Jacqueline Resch, sócia e diretora da
Resch RH, para quem erros de gramática e ortografia são imperdoáveis em um currículo.
Segundo pesquisa feita recentemente nos EUA
pela consultoria Robert Half, entretanto, a tolerância dos gestores e
recrutadores americanos em relação à quantidade de erros de digitação nos currículos
varia. Para 46% dos entrevistados, dois erros bastam para que o candidato seja
desconsiderado com base no currículo, enquanto 27% toleram até três erros e 17%
só relevam um.
O curioso é que o resultado mostra que os
gestores estão mais tolerantes que há cinco anos. Levantamento de 2009 revelava
que um erro era o bastante para que um currículo fosse desconsiderado por 40%
dos entrevistados. Outros 36% apontaram dois erros e 14%, três. Para Sócrates
Melo, diretor de operações da Robert Half, no Brasil, a exigência costuma ser
maior.
— Acredito que somos menos tolerantes, mas a
necessidade, de fato, gera tolerância. Erros podem existir, sim. Se for grave
ou se o volume for grande, eles ganham relevância. Mas se for algo que ocorreu
por falta de atenção, por exemplo, eu realmente não vejo tanto problema.
Veja o que destacar e o que não precisa ser
incluído no documento:
EDUCAÇÃO:
SIM: É importante destacar os cursos de graduação,
pós, mestrado ou doutorado que tenham sido realizados, mas sempre de forma
objetiva, indicando o ano de conclusão e, apenas se for relevante, algumas
disciplinas cursadas.
NÃO: Não é necessário listar todo o histórico
educacional, desde o ensino fundamental. Também não é recomendado incluir
cursos que não tenham sido concluídos ou aqueles que foram feitos há muito
tempo.
EXPERIÊNCIA:
SIM: Essa parte conta muitos pontos, mas o
profissional deve saber resumir bem suas atividades, para o recrutador entendê-las
de cara. O currículo ideal não deve ter mais de duas páginas, então longas experiências
correm risco de nem serem lidas.
NÃO: Listar todas as experiências profissionais
só é pertinente para um recém-formado ou universitário. Se o candidato está em
um nível mais sênior no mercado, não faz diferença se ele trabalhou em loja ou
deu aula particular no início da carreira.
IDIOMAS:
SIM: A fluência em língua estrangeira deve ser
destacada, pois é bastante valorizada. Mas, se o inglês está enferrujado, vale
a pena ser honesto e colocar, por exemplo, o ano de conclusão do curso, para
indicar possível necessidade de atualização, o que nem sempre será um problema.
NÃO: Indicar que tem “espanhol básico” ou “inglês
intermediário” é um dos erros mais cometidos por candidatos. Se a fluência for
realmente necessária para a vaga, isso será testado, e a informação do currículo,
desmentida.
OBJETIVOS:
SIM: Quem opta por incluir o campo “Objetivos
profissionais” no currículo precisa ser sucinto e específico: o candidato deve
listar a área de atuação pretendida e explicitar os conhecimentos em poucas
linhas e com clareza.
NÃO: “Profissional pró-ativo com objetivo de
atuar na área de administração e colaborar com a empresa”. Para colocar um
objetivo vago e genérico, que não diz muita coisa, é melhor suprimir essa parte
do currículo.
NÃO ESQUECER:
Nos contatos, e-mail e celular devem estar
sempre visíveis. Não é necessário incluir dados como identidade e CPF. Hoje em
dia, recomenda-se também colocar no currículo links para os perfis nas redes
sociais ou para blogs ou sites pessoais. Mas isso só vale para o que estiver
atualizado. Se o recrutador clicar e vir que o último tweet do candidato é de 2011,
poderá desconsiderá-lo. O mesmo vale para o LinkedIn, que, além de atualizado,
deve ter uma foto que indique profissionalismo.
Por Maíra Amorim e Ione Luques
Fonte O Globo Online