Algumas dicas
profissionais tradicionais que deveriam ser questionadas - ou simplesmente
ignoradas
Muitas das "regras" que faziam sentido antes não funcionam para essa
geração
Ela trabalha como advogada há mais de 30
anos e, muitas vezes, foi uma das poucas, se não a única, mulher fazendo o que
ela faz, no lugar em que trabalha.
Eu, por outro lado, trabalho para uma
revista com uma seção dedicada exclusivamente às Mulheres, publicada em um
formato que não existia quando a minha mãe começou a trabalhar (as interwebs),
e a maioria das pessoas com quem trabalho diretamente, inclusive chefes, são
mulheres. Mais uma vez, planetas totalmente diferentes.
Considerando esses fatores, muitas das "regras"
de carreira que faziam sentido para a minha mãe e sua geração não funcionam
para mim e para a minha geração.
Aqui estão algumas dicas profissionais
tradicionais que as mulheres deveriam questionar, ou simplesmente ignorar - seja
por estarem ultrapassadas ou, sinceramente, por nunca terem feito muito sentido
mesmo.
1. "Nunca
recuse uma oportunidade de fazer networking."
É bom estabelecer conexões profissionais (as
estimativas sugerem que aproximadamente 70% dos empregos são conseguidos através
de networking), mas a ideia de "fazer networking só por fazer" está equivocada,
segundo Vanessa Loder, palestrante, coach executiva e CEO da empresa Akoya
Power.
"As pessoas acham que precisam tomar um
café e fazer contato com todo mundo, e acabam se desgastando bastante".
Loder (que tem um MBA de Stanford e
trabalhou no mercado financeiro antes de começar a A-koya) aconselha aos clientes
que aceitem reuniões com pessoas que despertam a sua curiosidade, ainda que não
saibam explicar por quê.
"Talvez você ache alguma pessoa ou função
fascinante, e tenha a intuição de que você gostaria de conversar com a pessoa e
descobrir mais", ela disse.
"Eu realmente aconselho às mulheres a
seguir essa intuição e ouvir aquela voz interna".
2. "Acima de
tudo, pense de forma estratégica."
É claro que a estratégia tem os seus limites.
Se você só explora as oportunidades de carreira que parecem ter uma ligação
direta com o seu emprego, você acaba perdendo muita coisa boa.
"Siga o seu coração e a sua intuição, e
vá para reuniões ou aulas que você sente que são certas para você, ao invés de
forçar a barra", disse Loder.
Talvez não haja nenhum resultado daquela
aula de fotografia, ou da entrevista de emprego em outra área totalmente
diferente. Mas talvez isso te leve por um caminho inusitado e interessante.
Ou como Steve Jobs comentou certa vez --
"você não consegue ligar os pontos olhando para frente; você só consegue
fazer isso olhando para trás".
3. "Reduza o
seu plano de cinco anos."
Ao ponderar o "plano de cinco anos",
aquele que ninguém gosta, não pense pequeno; pense em expansão.
"Quando eu encorajo os meus clientes a
visualizar como eles querem que as suas vidas estejam em cinco anos, eu peço
que eles pensem tanto na vida profissional quanto pessoal - e aí peço que eles
pensem ainda maior", disse Loder.
Imagine o que você quiser e depois
acrescente um "alvo de superação", além disso.
E peça aos seus amigos que se envolvam também,
já que talvez consigam imaginar possibilidades para você que você mesmo não
consegue ver.
A tendência é pensar no plano de cinco anos
como uma forma de simplificar as coisas.
"[Mas] o objetivo é pensar o mais
abrangente e ousadamente possível", afirmou Loder.
4. "É bom fazer
várias tarefas ao mesmo tempo..."
Como a Presidente e Editora Chefe do
HuffPost Arianna Huffington disse: "Nós achamos que fazer várias coisas ao
mesmo tempo é ser eficiente, que nos poupa tempo. Mas na verdade, a ciência
mostra que não é possível fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo -- o que
fazemos é trocar de tarefas e é uma das coisas mais estressantes que fazemos".
E além de estressante, é ineficiente. "As
pesquisas indicam que leva de 10 a 20 minutos para focar a nossa energia
novamente em um projeto quando ele é interrompido", disse Emily Seamone,
conselheira de transição de carreira e de trabalho e estilo de vida.
Concentre-se em apenas uma coisa ao mesmo
tempo. É mais eficaz e você manterá a sua sanidade.
5. "…e
intervalos longos sem trabalhar não ficam bem no currículo".
Ficar um tempo sem trabalhar, seja por
escolha ou devido às circunstâncias, antes era considerado um sinal de alerta
em um currículo, mas isso mudou.
Não importa se você passou tempo viajando,
desenvolvendo um novo projeto, criando um filho ou ajudando a sua família e
amigos, a chave é "vender" esse tempo de intervalo para os
recrutadores.
Seamone sugere ser breve, profissional e se
possível, ligar a sua experiência com algo profissional. E não sinta-se nem um
pouco culpado.
"Se você sentir-se inseguro, a pessoa
que vai lhe entrevistar vai perceber, ao invés, de você dizer 'Eu tive uma
oportunidade incrível, ou, eu desenvolvi tal projeto, ou eu ajudei a cuidar da
minha irmã", Loder afirma. "Assumir a experiência com confiança é bem
mais importante do que o 'intervalo'."
6. "Preparação,
preparação, preparação."
Katty Kay e Claire Shipman argumentam na
recente matéria da capa da revista Atlantic, "Homens sub-qualificados e
despreparados não pensam duas vezes sobre mergulhar de cabeça. Qualificadas
demais e superpreparadas, muitas mulheres ainda ficam receosas". As
mulheres só se sentem confiantes quando acham que são perfeitas. Ou
praticamente perfeitas.
Por conta disso, Loder encoraja os clientes
a "ir mais devagar" e entender a diferença entre estar
suficientemente preparado e ficar enlouquecido.
Ela citou um de seus mentores, uma
professora na universidade de Stanford que experimentou improvisar uma palestra.
Ela descobriu que conseguiu se sair muito bem, e ficou até mais relaxada e
tranquila.
7. "Você precisa
seguir a sua paixão."
Não há dúvida de que fazer algo que você simplesmente
adora, profissionalmente, é maravilhoso -- "mas lembre-se de que isso nem
sempre garante um emprego estável ou um bom salário", Seamone disse.
Não sinta-se derrotada se o seu emprego
atual não é necessariamente tudo aquilo que você sonhou, nem sinta-se obrigada
a transformar cada uma de suas paixões (o seu amor por escrever, ou, quem sabe,
cozinhar) em uma carreira.
E, lembre-se também, de que pode levar algum
tempo para descobrir qual é essa paixão.
As pessoas precisam de tempo para conhecerem
a si mesmas "profissionalmente", afirmou Seamone.
Ainda que o seu emprego não acenda uma chama
ardente dentro do seu coração, ele ainda pode lhe conduzir por caminhos novos e
interessantes.
8. "A sua
personalidade de trabalho e a sua personalidade real são pessoas diferentes."
Existem limites para o quanto você pode se
soltar no escritório e o que é aceitável em uma empresa tipo startup é provavelmente
bem diferente do que é aceitável em um ambiente de trabalho coxinha.
Mas a ideia de que você precisa de alguma
maneira ser uma versão mais séria de si mesma (ou de praticamente qualquer
coisa) quase não existe mais -- e não faz nenhuma falta.
"O papel do sucesso no mundo
profissional pertencia tradicionalmente a um homem branco durante muito tempo,
e muitas culturas ainda consideram que esse é o padrão", disse Loder.
"Mas a maneira de ser mais feliz -- e de causar um impacto -- é ser autêntico”.
Por Catherine Pearson
Fonte Exame.com