Não chegar atrasado, antecipar perguntas e pesquisar
sobre a empresa são algumas das recomendações
Uma
entrevista de emprego é, geralmente, um momento de tensão, que gera
expectativas — nem sempre correspondidas. Afinal, o espaço para erros é grande
e um pequeno deslize pode custar a vaga. Inspirado pelo “ABC da
Entrevista" publicado pelo site americano U.S. News, o Boa Chance listou
28 itens — um para cada letra do alfabeto — aos quais os candidatos devem
prestar atenção antes, durante e depois da entrevista para aumentar as suas
chances.
O infográfico com as 28 dicas
Arte/Marcio Coutinho
É
que, na verdade, a entrevista de emprego começa bem antes do encontro entre o
candidato e o recrutador. A preparação deve envolver bastante pesquisa sobre a
companhia contratante, o que inclui alguns passos básicos, mas que muita gente
esquece, segundo o U.S. News, como entrar no site da empresa e clicar nos links
como “missão”, “história” e “valores”. Procurar se munir do máximo de
informações possíveis sobre o segmento da atuação da companhia também é
recomendado. E outra coisa é ler, mais de uma vez, a descrição do cargo
pretendido e as atribuições das tarefas, pensando nas formas como se encaixa
para realizá-las.
—
Participar de uma entrevista requer a reflexão prévia dos seus objetivos
profissionais, suas competências diferenciadoras e o quanto a empresa e a
respectiva vaga contribuem ou não para realizá-los. Tendo clareza sobre esse
ponto você amplia suas chances de aproveitar a entrevista para focar nas suas
experiências e características que melhor respondem às demandas atuais da
empresa e do responsável pela vaga — destaca Claudia Klein, sócia da
Argumentare, consultoria especializada em coaching e treinamento.
Fraquezas podem ser percebidas
Aproveitar
o momento pré-entrevista para tentar antecipar perguntas e fazer uma reflexão
sobre conquistas e derrotas nos empregos anteriores também pode ajudar o
candidato a se sair bem.
—
Se você faz uma boa preparação, a entrevista ocorre de maneira mais leve e
descontraída. Por isso, vale a pena relembrar fatos e situações marcantes pelas
quais passou no último trabalho para poder dar exemplos quando forem pedidos —
afirma Lisângela Melo, gerente nacional de Recrutamento e Seleção do
ManpowerGroup.
E,
quando o assunto passa dos pontos fortes para as fraquezas e dificuldades, a
entrevista costuma entrar em terreno mais delicado. Para os especialistas, o
melhor é sempre ser sincero.
—
Porque a mentira aparece, então o melhor é falar a verdade. Porém, hoje, se o
recrutador for bom e dominar as técnicas de entrevista, ele consegue perceber
as dificuldades do candidato sem ter necessidade de fazer perguntas diretas. E
o mesmo vale para habilidades como liderança e proatividade, entre outras — diz
Lisângela.
Itens
de ordem prática também devem ser levados em consideração antes da entrevista.
A recomendação é que o candidato se informe sobre o local onde fará a
entrevista e, se necessário, vá até lá nos dias anteriores, para calcular
quanto tempo vai demorar.
—
Chegar no horário que foi agendado é fundamental. Atrasos podem acontecer, mas,
nesses casos, é essencial que o candidato ligue avisando — afirma Luciana
Tegon, sócia diretora da Consultoria Tegon, especializada em processos de
recrutamento e seleção.
Luciana
diz, também, que a preocupação com a aparência é importante, especialmente para
as mulheres, que têm mais chances de errar.
—
As mulheres devem evitar roupas curtas, decotadas, bijuterias grandes e
perfumes muito fortes. Já os homens devem apostar no terno ou na calça com
camisa social, dependendo do cargo — diz ela, acrescentando que, mesmo se a
vaga for em uma empresa informal, é melhor pecar pelo excesso de arrumação. —
Um traje mais discreto e formal é sempre a melhor opção, mesmo para empresas mais
descoladas.
Porém,
alerta, Lisângela Melo, gerente nacional de Recrutamento e Seleção do
ManpowerGroup, o interessado na vaga deve avaliar se vai se adaptar à cultura
de uma empresa formal:
—
Uma pessoa extremamente formal pode não se adaptar a uma companhia com a
cultura de uma empresa descontraída.
O
aperto de mão inicial também dá pistas sobre o candidato, assim como o nível de
contato visual que mantém com o recrutador.
—
Todo o conjunto de posturas é avaliado. Um candidato que não faz contato visual
pode demonstrar um comportamento furtivo — acredita Luciana Tegon.
Redes sociais exigem cautela do candidato
Além
disso, não são apenas os comportamentos durante a entrevista que podem falar
sobre o potencial funcionário. Cada vez mais as redes sociais também são usadas
pelas empresas para conhecer mais sobre o perfil do candidato.
—
Isso inclui não apenas as fotos que são postadas, mas os grupos de discussão
aos quais o candidato pertence e os tipos de assunto que costuma postar —
afirma Luís Fernando Martins, da Page Personnel.
A
discrição nas redes sociais também deve fazer parte da rotina daqueles
profissionais que estão buscando uma oportunidade, mas continuam empregados.
—
Se um profissional faz check-in em uma empresa de recrutamento e seleção, por
exemplo, poderá ser descoberto pelo chefe ou mesmo por um colega de trabalho —
diz Martins.
Cobrar
um retorno após a entrevista não é prática malvista, desde que seja respeitado
o prazo estabelecido pela empresa.
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Durante o processo seletivo, é de bom tom que o candidato questione a empresa
sobre a expectativa de feedback. Caso, depois desse prazo, a companhia não
tenha entrado em contato, o candidato pode enviar um e-mail sucinto — ressalta
o gerente da Page Personnel.
Hábito
mais difundido nos Estados Unidos, o e-mail de agradecimento é bem-visto também
no Brasil, de acordo com Luciana Tegon.
—
Isso demonstra que o candidato tem realmente interesse no cargo.
O
que não pode mesmo, segundo os especialistas, é mentir.
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Ser demitido não é demérito algum, mas tem que ser sincero e explicar o que
aconteceu. Geralmente, os recrutadores não deixam de avaliar ninguém só por
demissão — ressalta a sócia-diretora da Tegon.
Recrutadores têm perfis diferentes
Outro
ponto é que o participante de uma entrevista deve ter jogo de cintura para
saber lidar com recrutadores, que podem atuar de formas bastante distintas.
—
Há aqueles que fazem perguntas para testar mesmo, enquanto outros fazem
entrevistas mais baseadas nas competências. Por isso, é importante que o
candidato seja sempre elegante ao falar de seus empregos e chefes anteriores.
Até porque qualquer mentira pode ser checada. E costuma ser — diz Luciana.
Por
Maíra Amorim
Fonte
O Globo Online