Ele
veio para facilitar, mas letras pequenas no contrato, cobrança de tarifas e mal
uso podem tornar o cartão de crédito um vilão na vida financeira dos consumidores.
Veja dicas do Idec para ajudar os pagadores a usar o cartão com mais
responsabilidade.
O
cartão de crédito é um meio de pagamento que visa facilitar as compras do
consumidor, evitando o uso do dinheiro em espécie, concentrando os gastos
realizados durante o mês em uma só conta, prometendo um melhor controle dos
gastos, detalhados na fatura. O cartão de crédito também permite parcelar a
compra, ou seja, se você quer um artigo muito caro e não tem o valor
suficiente, pode “passar no cartão” e dividir o valor total em parcelas, que
serão cobradas nas faturas mensais.
Mas
é importante ressaltar, dividir valores pequenos em várias parcelas não é uma
prática recomendada. A facilidade pode se tornar uma bola de neve de dívidas.
“O parcelamento de compras de pequeno valor, mesmo que o estabelecimento
ofereça a opção de parcelamento ‘sem juros’, cria a impressão que o gasto foi
menor porque dividiu a compra e deixando margem para realização de mais
compras, quando na verdade o consumidor está comprometendo a capacidade futura
de pagamentos”, orienta a economista do Idec, Ione Amorim.
Alguns
estabelecimentos comerciais dividem valores maiores de produtos mais caros em
várias parcelas, no entanto para a economista do Instituto, não é uma boa ideia
para os consumidores endividados, pois os valores são acrescidos de juros – que
muitas vezes considerados pequenos pelos consumidores, mas que com a capacidade
de pagamento já está bastante comprometida, devido ao acúmulo das parcelas de
outros produtos, torna o risco de endividamento muito mais próximo. Nesse caso,
o parcelamento com juros encarece mais a dívida quanto maior for o número de
parcelas, jogando para o futuro o endividamento presente.
Pagar contas pelo cartão de crédito pode ser uma
armadilha para o consumidor sim!
Este
meio de pagamento para contas (de luz, telefone, água) é arriscado porque
quando o banco faz publicidade para o consumidor pagar as contas no cartão
indicando 40 dias para pagar, não informa que esse prazo ocorre apenas uma vez,
no início dos pagamentos, e estes serviços são correntes e a cobrança é
realizada mensalmente. Além disso, os
bancos cobram tarifas para cada operação realizada (valores nos maiores bancos
variam entre o Banco do Brasil com R$ 3,00 e Santander com R$ 16,00) acrescido
de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ou seja, a conta fica mais cara.
“É um péssimo negócio para o pagamento de contas de baixo valor”, explica a
economista.
Programa de milhas
Com
relação ao programa de milhas ou pontos, ele se torna interessante apenas
quando o acumulo de pontos é uma consequência das operações realizadas no
cartão de crédito e não o principal objetivo. Porém, se o cartão for utilizado
com muita intensidade apenas para acumular os pontos, o consumidor está sendo
induzido a gastar mesmo que não tenha a necessidade. O resultado é que em
muitas situações os pontos acumulados devido ao pagamento de contas de baixo
valor são anulados em função do pagamento de tarifas e encargos.
Pagar o mínimo?
O
pagamento mínimo já é o indicativo de descontrole da situação financeira,
sobretudo quando o total da fatura apresenta o parcelamento de várias compras
de pequenos valor. Esse processo resulta na cobrança de juros sobre juros,
dando início ao que o mercado denomina de bola de neve, onde a dívida cresce
aceleradamente com taxas de juros média do crédito rotativo superiores a 205%
ao ano.
Crédito rotativo
Vale
destacar que a taxa básica de juros no Brasil - a taxa Selic - é de 9,5% ao ano
enquanto a taxa média de juros do crédito rotativo é superior a 205% ao ano, ou
seja, apesar de saber que a taxa do crédito deve ser acrescido dos custos de
captação, administração e o risco de inadimplência a taxa os juros do cartão de
crédito é 22 vezes maior que a taxa básica do mercado, refletindo a mais cara
linha de crédito para pessoas físicas.
Por
essa razão, o consumidor deve ficar atento aos parcelamentos de compras e a
partir do momento que não conseguir pagar a fatura integralmente no vencimento
deve procurar uma linha de crédito com taxa de juros menores, como crédito
pessoal ou consignado e liquidar todo o saldo do cartão. No período que estiver
pagando o saldo do cartão é recomendável não utilizá-lo para evitar um novo
ciclo de dívidas e comprometimento da renda acima da capacidade de
pagamento.
Fonte
Idec