São Paulo viu, neste ano, o nascimento de
menos bancas de advocacia — em comparação aos últimos anos — aliar-se ao
crescimento constante do número de advogados. Uma das explicações para a
diminuição do número de escritório é o crescimento dos já existentes. Com isso,
o mercado disputa cada vez mais os bons advogados, tornando a contratação cada
vez mais seletiva.
Atualmente, são mais de 240 mil advogados
inscritos na seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil e cerca de 750
mil em todo o país. Selecionar aqueles que vão ocupar uma mesa no escritório é motivo
de dor de cabeça para muitas bancas. Processos seletivos mais complexos
auxiliam a escolha, mas, como a estrutura dos escritórios ainda não está totalmente
profissionalizada no que se refere a esse tipo de processo, é bom atentar para
as falhas cometidas pelos responsáveis pela contratação.
A consultora Giuliana Menezes, da Page
Assessment, departamento de avaliação de talentos da Michael Page, depois de
trabalhar com recrutamento de advogados — na área “Legal” da empresa — fez uma
lista dos 10 maiores erros na contratação. A revista Consultor Jurídico lista,
abaixo — e explica — os problemas, que foram apresentados por Giuliana em uma
de suas palestras sobre administração legal.
1 – Pressa para
achar o candidato certo.
O processo seletivo é muito cansativo. Quando
o responsável pela seleção já está cansado, acaba fazendo perguntas
direcionadas, já dizendo, na pergunta, o que deseja ouvir na resposta. Quem
precisa de alguém para a área de fusões e aquisições do escritório, por
exemplo, deve perguntar: “De quantos processos de fusões e aquisições você já participou?”.
A forma errada, que entrega a resposta que se quer ouvir, seria: “Você já participou
de mais de dez processos de fusões e aquisições?”.
2 – Não ser claro ao
explicar o papel do futuro contratado no time, nem como o escritório funciona.
Uma forma de evitar a alta rotatividade na
banca é contar as coisas ruins que o candidato poderá enfrentar depois de
contratado. O advogado também cria expectativas sobre o local em que vai
trabalhar e, por isso, é preciso mostrar o desafio a ser superado. A saída de
advogados por encontrar um cenário diferente do prometido dá má fama a empresas
e escritórios no mercado.
3 – O recrutador “achou”
que tinha algo errado com o candidato, mas não conseguiu identificar e
contratou com base na opinião de outras pessoas.
Deixar de lado a intuição, diz Giuliana
Menezes, é o primeiro passo para errar. Quem já contratou outras pessoas sabe
quando não vai dar certo, mesmo que não saiba explicar o motivo.
4 – Não “tirar as
referências” do profissional.
Segundo Giuliana, é necessário passar mais
tempo ligando para antigos empregadores do que entrevistando o candidato. É importante
perguntar o que o advogado desenvolveu em seu antigo escritório, se ele aceita
bem ordens e se suporta pressão no trabalho, por exemplo.
5 – Aceitar
cegamente a indicação de um amigo.
Amizade tem limite, principalmente quando
envolve o desenvolvimento de um escritório. É necessário gastar tanto tempo
avaliando um indicado por amigos quanto qualquer outro profissional.
6 – Contratar um
profissional que aceita ganhar 30% menos do que ganhava em seu antigo emprego.
Para contratar alguém que vai ganhar menos, é
importante oferecer um crescimento rápido, para que a pessoa veja que,
futuramente, poderá voltar ao estilo de vida que tinha. É um advogado que deverá
ser acompanhado de perto, pois, a perda de salário, com o tempo, pode provocar
um desânimo com o trabalho.
7 – Contratar um
advogado sênior e esperar que ele se vire sozinho.
O tempo de mercado do profissional não
significa que ele não precise de orientação, principalmente para se adaptar à mudança
na carreira. Mesmo o advogado sênior precisa saber como agir e o que é esperado
dele no novo emprego.
8 – Mudar a linha de
reporte do profissional no primeiro mês no emprego.
Quando o contratado vê mudanças muito rápidas
em sua chefia, pode ter crise de relacionamento e de compromisso com o seu novo
coordenador. Se a mudança for iminente, é importante deixar claro já no momento
da contratação.
9 – Demorar a
explicar o cálculo do bônus.
Como muitos escritórios trabalham com
remuneração fixa somada a bônus, um cálculo difícil de bônus e que demora a ser
explicado ao “novato” pode gerar desmotivação.
10 – Não ter sorte.
Às vezes, os erros acontecem, mesmo que toda
a prevenção tenha sido feita. O importante é tentar de novo, sem esquecer de
nenhum dos nove erros citados acima.
Por Marcos de Vasconcellos
Fonte Consultor Jurídico