quinta-feira, 19 de novembro de 2020

COMO EVITAR QUE SUA CARTEIRA FAÇA A FESTA DE LADRÕES

Deixar fotos, recibos e chaves na carteira pode transformar um simples furto em um enorme prejuízo; veja as dicas do que não levar na carteira
 
Levar muitos documentos ou diferentes cartões pode facilitar fraudes por parte dos ladrões
As carteiras estão cada vez mais “aparelhadas”, uma carteira criada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), inclusive, tem um sistema que vibra toda vez que o dono faz uma transação para estimular o controle de gastos. Com várias funcionalidades, como as divisórias, compartimentos para moedas e os mais diversos modelos, algumas pessoas acabam usando as carteiras para guardar quase tudo e mais um pouco. Mas, na verdade, este hábito pode torná-la um prato cheio para ladrões em roubos e furtos.
EXAME.com conversou com o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, capitão Cleodato Moisés do Nascimento, para reunir algumas dicas de segurança sobre como fazer bom uso da carteira para minimizar os prejuízos em situações de perdas e crimes, como roubos, golpes de sequestro e furtos. Veja a seguir:

1. Não guarde itens pessoais como cartas e fotos
Por que ter uma carteira? Para algumas pessoas a resposta poderia incluir: para guardar cartinhas dos filhos, fotos 3x4, cartões pessoais de visita e até mesmo receitas médicas. Claramente, são itens que não precisam estar na carteira e que podem contribuir para revelar valiosas informações para os ladrões.
Com informações como o nome do filho e a escola onde ele estuda em uma conta e uma foto que mostra sua aparência, um ladrão pode descobrir o telefone de um parente e aplicar o famoso golpe do sequestro - aquele no qual os bandidos fingem estar com alguém da família e pedem por telefone uma recompensa em dinheiro por meio de um depósito. “No falso sequestro, o objetivo do criminoso é causar pânico de imediato, então quanto mais informações ele tiver, maior a pressão que ele fará e mais chances de ser bem-sucedido o golpe”, diz o capitão Moisés.
Se a tentativa de golpe ocorrer na sequência do furto, a vítima pode até desconfiar de que os dois crimes estão ligados. Mas alguns bandidos esperam o tempo passar e telefonam apenas meses depois, levando a vítima a não ligar o blefe ao roubo ou furto passado.

2. Não guarde chaves na carteira
A combinação de uma chave guardada na carteira com alguma informação que revele a porta que ela abre traz grandes riscos de tornar um simples furto em um roubo à residência.
Ainda que não haja uma informação que permita encontrar o endereço em algum lugar da carteira, com outras informações simples, como o nome do dono da chave, os ladrões podem chegar até o endereço.
E, por mais que nenhuma destas hipóteses ocorra, é recomendável, por precaução, trocar a fechadura. Assim sendo, haverá o prejuízo com a conta do chaveiro, que por menor que seja, é, no mínimo, desagradável.

3. Evite carregar muitos cartões
Em relação aos cartões, a regra é deixar na carteira apenas aqueles que serão usados, principalmente em se tratando de cartões de crédito. Os cartões de débito sempre exigem senhas, por isso podem dificultar transações pelo ladrão. Mas alguns pagamentos com cartões de crédito requerem apenas a assinatura e a comprovação com um documento. Como nem todos os comerciantes fazem essa comprovação, as chances de um ladrão utilizar o dinheiro é maior. “Muitas vezes o comerciante não exige identidade ou, se exige, não olha direito”, diz Moisés.
Segundo informações da Visa, quem decide se o cartão será emitido com chip e portanto se exigirá senha ou não é o banco, e todos os estabelecimentos permitem o uso dos dois cartões.
O porta-voz da PM ainda ressalta que em uma situação como um sequestro relâmpago, a existência de mais de um cartão pode representar um prejuízo maior, porque o sequestrador pode exigir que sejam sacados os valores limites de cada um dos cartões.
Também não é raro que a vítima só perceba que foi furtada horas depois ou apenas no dia seguinte. Com mais tempo e mais de um cartão de crédito, a festa dos bandidos está feita.
No caso de haver necessidade de ter mais de um cartão na carteira, recomenda-se registrar em algum outro lugar quais eram os cartões que estavam guardados. Não é muito difícil esquecer que no meio dos cartões de débito e crédito havia um cartão de compras de supermercado que também precisa ser cancelado.

4. Leve apenas um documento original e cópias
A mesma regra dos cartões vale para os documentos: levar apenas o essencial, como um documento original e o restante dos documentos em cópias. “Não tem como falar para não levar identidade, ela se faz necessária. Ou se a pessoa dirige, tem que estar com a habilitação, caso seja parada em uma blitz, por exemplo. Mas os outros documentos podem ser cópias”, diz Moisés.
Carregar CPF, carteira de trabalho, certidão de nascimento, contas e recibos pode abrir o leque de oportunidades de fraudes dos ladrões. Em alguns bancos, por exemplo, para abrir uma conta basta apenas apresentar um documento original, o CPF e o comprovante de residência.
Para aumentar a prevenção contra fraudes, uma boa medida é ligar para o plantão Serasa para informar sobre o furto, perda ou roubo. As informações são incluídas em um banco de dados da Serasa e ficam disponíveis para consulta por instituições financeiras e comerciais.

5. Ande apenas com as folhas de cheque necessárias
Uma folha de cheque roubada já pode causar problemas; um talão inteiro pode causar um verdadeiro estrago. As folhas de cheque são uma forma fácil e rápida de o ladrão utilizar o dinheiro da vítima. Por isso, a recomendação é não carregar o talão inteiro dentro da carteira e, no caso de roubo ou furto, pedir imediatamente à central de atendimento do banco emissor o cancelamento das folhas se elas estavam em branco, ou a sustação, se já haviam sido preenchidas.
Os bancos não costumam compensar cheques assinados por falsários. Mesmo assim, o comerciante que tiver prejuízos porque não conferiu a identidade e a assinatura - mesmo sendo isto de sua responsabilidade - poderá protestar e até causar a negativação do cheque. Nesse caso, o verdadeiro dono do cheque terá de comprovar sua inocência. Ainda que a acusação possa render à vítima uma indenização por dano moral, pode trazer fortes dores de cabeça.
Se um cliente tiver seus cheques roubados e o banco compensar o cheque, mesmo depois do pedido de bloqueio do talão, a instituição terá que arcar com os prejuízos. Anotar os números das folhas usadas ou preencher corretamente o canhoto de cada cheque, por exemplo, pode facilitar o trabalho de identificação do que deve ser sustado se houver problemas.

6. Não deixe senhas na carteira
A dica parece muito óbvia, mas esta é uma das principais recomendações da Polícia Militar. “Tem bastante gente que deixa a senha dentro da carteira, por isso sempre recomendamos que se for preciso anotar senhas, que elas fiquem longe do cartão", diz o capitão Moisés.
Ele também explica que muitos procuram avisar a família sobre o furto ou roubo antes de fazer o Boletim de Ocorrência e o bloqueio dos cartões. “Nessas horas é preciso agir de forma rápida”, diz Moisés. Para agilizar o processo, uma dica é ter os números das centrais de atendimento dos bancos e os números de cartões à mão, em um email que pode ser acessado a qualquer momento, para fazer o bloqueio imediatamente.
Com a quantidade de senhas exigidas atualmente, algumas pessoas não resistem a anotar as senhas em papéis, ou ainda usar mais de uma vez a mesma senha, além de senhas fáceis, como datas de nascimento, números de telefone, de documento de identidade, da residência, da placa do automóvel, palavras ou sequências de números, letras ou teclas, palavras ou nomes de pessoas. Se um cartão der sopa na carteira junto a documentos com informações que podem apenas sugerir este tipo de senha, isto pode facilitar o trabalho do ladrão. 
Uma forma inteligente de guardar senhas são os aplicativos desenvolvidos para esta finalidade. Alguns deles, como o Password, são feitos com sistemas que previnem que os dados sejam descobertos mesmo em caso de roubo do celular.
Por Priscila Yazbek
Fonte Exame.com