Saber escutar é uma
das principais características de um líder. Conheça as vantagens de ser um bom
ouvinte
Para bom entendedor, meia palavra basta, diz
a sabedoria popular. Ela reflete uma das características mais inconfundíveis
dos bons ouvintes: a capacidade de compreensão. Esse comportamento, baseado em
uma postura atenta e ponderada, porém ativa, é capaz de melhorar os
relacionamentos e inspira credibilidade e sabedoria no ambiente profissional.
“É muito comum ver uma pessoa que parece
escutar o outro, mas está com a cabeça longe, pensando em outras coisas. Quem não
presta atenção ao diálogo já vai logo imaginando argumentos para contradizer o
outro, criando conflitos. O bom ouvinte, ao contrário, abre mão de qualquer
julgamento e colhe todas as informações que precisa, resultando numa conversa
tranquila, sem atritos”, explica Cibele Nardi, coach e especialista em
comportamento.
Pessoas muito dispersas e com uma postura
arrogante têm dificuldade para abrir espaço para o diálogo horizontal e acabam
funcionando como um “repelente” de relacionamentos. O extremo oposto também não
é saudável: todo mundo gosta de se sentir que é compreendido, por isso a escuta
passiva pode ser interpretada como uma atitude desinteressada do ouvinte.
Ser extrovertido, porém, não significa ser
incapaz de prestar atenção ao que os outros falam. “Para não correr esse risco,
é necessário ser uma pessoa empática, ou seja, saber se colocar no lugar do
outro. Mesmo que você tenha vontade de falar e goste de interagir, é preciso
saber o momento certo para falar”, ressalta Eduardo Ferraz, consultor em gestão
de pessoas.
Liderança
Essa habilidade também é vista como uma
vantagem estratégica no mercado de trabalho. “Os grandes negociadores são bons
ouvintes, você nunca vai escutar um negociador matraca, que não dá atenção aos
seus clientes. Essas pessoas prestam atenção também aos gestos do outro e não
ficam alheios ao que está acontecendo, por isso eles costumam se sair melhor em
situações de conflito”, acrescenta Eduardo Ferraz.
Além de terem uma postura muito mais lógica
e racional no meio profissional, bons ouvintes são líderes que inspiram confiança,
credibilidade, respeito e sabedoria.
“Você transmite a imagem de alguém que faz a
diferença e traz harmonia aos relacionamentos. Na função de líder, essa pessoa
vai ser mais reconhecida e conseguirá obter mais resultados da própria equipe. Todo
mundo quer conviver com pessoas assim”, afirma Cibele Nardi.
Ego controlado
Como eles valorizam a escuta ativa e evitam
julgamentos precipitados durante um diálogo, as expectativas em relação a outra
pessoa acabam sendo reduzidas. Bons ouvintes não se deixam levar pelo próprio
ego, que na maioria das vezes só causa sofrimento a todos os envolvidos, sejam
eles ouvintes ou não.
Com o ego controlado e julgando menos as
ideias e atitudes das outras pessoas, ou seja, trabalhando apenas com situações
e exemplos concretos, baseados no que as outras pessoas realmente disseram, os
bons ouvintes conseguem lidar melhor com situações de frustração.
Humildade e harmonia
“Uma pessoa que atropela a fala dos outros
acaba passando uma imagem arrogante, é falta de educação. Ninguém gosta de
conversar com pessoas assim”, pontua Manuela Rodriguez, especialista em
comunicação e comportamento. Humildade é um traço recorrente entre as pessoas
que sabem ouvir. Em vez de impor uma ideia ou argumento aos outros, eles buscam
agregar algo de bom à discussão, ou apenas tirar alguma lição importante
daquela conversa.
A principal consequência dessa atitude é que
conflitos e brigas por conta de opiniões diferentes são evitadas, tornando as
relações mais harmoniosas e construtivas.
“Essa é uma postura que pode ser levada até para
o relacionamento a dois. Quantas vezes os casais não começam uma briga por um
motivo bobo, mas transformam aquilo em algo ainda maior, por não terem essa
humildade?”, questiona Manuela Rodriguez.
Sabedoria
Melhorar a capacidade de ouvir os outros é amadurecer,
tornar-se uma pessoa menos apegada em relação às próprias ideias. Ser sábio,
portanto, é compreender que o mundo não pensa exatamente como você e não há nada
de errado com isso. Todos podem contribuir de alguma maneira durante uma
conversa, mesmo que as ideias sejam conflitantes.
O primeiro passo para ser um bom ouvinte é ter
consciência de que essa habilidade precisa ser trabalhada, ou seja, vale deixar
a vaidade de lado e assumir que tem escutado os outros com pouco empenho e atenção.
“A partir daí, o importante é estabelecer metas
para diminuir a ansiedade e melhorar a concentração, atributos fundamentais
para quem quer prestar mais atenção aos outros. Ser uma pessoa mais segura também
é válido, pois as ideias param de se basear no achismo e, consequentemente,
julga-se menos”, finaliza Cibele Nardi.
Por Giovanna Tavares
Fonte iG Comportamento