Primeiro passo é ter consciência de que um processo de
mudança não acontece do dia para a noite, afirma especialista
A
complexidade da vida moderna, as novas opções de atividades profissionais e o
desejo de maior liberdade e bem-estar pessoal têm levado muitas pessoas a
pensarem em mudar de emprego e até mesmo de carreira. De acordo com a coach
Dayse Gomes, mestre em administração e formada em coaching pelo Erickson
College, podemos dizer que estamos na era da realização, onde o maior desejo é
encontrar uma carreira gratificante, algo mais do que apenas um trabalho
diário: uma atividade que permita suprir as necessidades financeiras, mas
também gere satisfação pessoal.
E
é neste cenário que surge a fatídica questão: como planejar o processo de
transição de carreira?
O
primeiro passo, segundo a coach, é ter consciência de que um processo de
mudança não acontece do dia para a noite. Em média, um ciclo de transição de
carreira demora cerca de dois a três anos para se concretizar, considerando
desde os primeiros sinais da crise de insatisfação, a coragem de assumir o
desejo de mudança, as experimentações e a tomada de decisão para se lançar em
busca de novas opções.
—
Qualquer ruptura não costuma ser uma decisão repentina — ressalta Dayse.
Segundo
ela, é importante que a pessoa investigue a natureza das escolhas feitas até o
momento atual da sua vida e avalie se estão em linha com a sua verdadeira
vocação:
—
Muitas das vezes, as escolhas realizadas na juventude, no início da vida
profissional, carregam uma forte dose de herança familiar, em especial, a
escolha da formação educacional. Quando isso ocorre, é bastante comum que, com
o passar do tempo, as motivações do passado se esvaziem, abrindo lugar para
dúvidas e, até mesmo, frustrações.
Para
ajudar aqueles que estão vivendo este momento de questionamento, Dayse listou
outras dicas de como fazer essa transição na vida profissional e pessoal ocorra
de maneira tranquila e bem sucedida:
1.
Invista no autoconhecimento. Busque entender os seus valores, os seus
interesses, o estilo de vida que mais lhe agrada e as suas verdadeiras paixões.
Muitas das vezes a ajuda de um coach é fundamental para esse tipo de
investigação, ajudando a definir a sua verdadeira identidade e a identificar as
motivações que mais pesam para a carreira: dinheiro, status, respeito, vocação,
talento, vontade de fazer a diferença, uma causa, etc.
2.
Abandone a crença limitadora de que trocar de carreira é desperdiçar
experiências e habilidades. O fato de ter investido tanto tempo em uma área
profissional não deve ser uma barreira para você seguir novos caminhos. Saiba
que as competências adquiridas em experiências anteriores podem ser aplicáveis
em novos contextos.
3.
Pense em coisas que te chamam a atenção. Não pense em profissões, mas em
realizações, em atividades que te dão prazer ou despertam o seu interesse. Ás
vezes, um hobby pode esconder uma verdadeira vocação e uma habilidade pouco
valorizada pode ser o pontapé para a realização de novos empreendimentos.
4.
Elabore um plano de transição, com destaque para as ações que quer e as que não
quer fazer. Ou seja, recalibre a sua agenda. Pense também nos recursos que
precisa ou pode investir, ou mesmo naquilo que pode abrir mão, caso decida
reduzir suas atividades profissionais atuais para se dedicar a outras.
5.
Busque pessoas e grupos de referência dentro daquilo que possui interesse.
Inicie novos relacionamentos, amplie o seu círculo social, seu networking.
6.
Ao invés de colocar em prática o tradicional método de mudança com foco no
“planejamento”, utilize o método da “experimentação”. Isso significa interagir
com o ambiente, com as atividades e com as pessoas que, na sua visão, estão
realizando aquilo que deseja. Ou seja, ao invés de apenas definir uma meta, um
destino, a melhor forma de promover a mudança é iniciar um envolvimento com
novas possibilidades, viver novas experiências e realizar experimentos, mesmo
que em forma de projetos. Isso permite avançar, com menor risco e resultados
efetivos.
7.
Escolha um mentor, de preferência alguém que também tenha vivido um processo de
transição. Este apoio é fundamental para ajudar a enfrentar os temores do novo
caminho, compartilhar ensinamentos e ajudar a manter a autoestima e a confiança
em alta.
8.
Por último, abandone a ideia de que existe um único trabalho ideal, sob medida,
capaz de gerar toda a satisfação e plenitude. O novo contexto e as mudanças de
mercado substituem o conceito de estabilidade por empregabilidade. Isso
significa que os relacionamentos e vínculos de longo prazo passam a ser substituídos
por diferentes modelos e contratos de trabalho, incluindo a possibilidade de
ter múltiplos empregadores ou de se construir uma carreira mais autônoma e
empreendedora. Portanto, fique atento: é bem possível que a sua felicidade não
seja alcançada com uma simples mudança de emprego, mas na descoberta da sua
melhor forma de se relacionar com os seus talentos, interesses e prioridades
particulares.
Fonte
O Globo Online