terça-feira, 3 de dezembro de 2024

SAIBA COMO PLANEJAR UMA TRANSIÇÃO DE CARREIRA

Primeiro passo é ter consciência de que um processo de mudança não acontece do dia para a noite, afirma especialista

A complexidade da vida moderna, as novas opções de atividades profissionais e o desejo de maior liberdade e bem-estar pessoal têm levado muitas pessoas a pensarem em mudar de emprego e até mesmo de carreira. De acordo com a coach Dayse Gomes, mestre em administração e formada em coaching pelo Erickson College, podemos dizer que estamos na era da realização, onde o maior desejo é encontrar uma carreira gratificante, algo mais do que apenas um trabalho diário: uma atividade que permita suprir as necessidades financeiras, mas também gere satisfação pessoal.
E é neste cenário que surge a fatídica questão: como planejar o processo de transição de carreira?
O primeiro passo, segundo a coach, é ter consciência de que um processo de mudança não acontece do dia para a noite. Em média, um ciclo de transição de carreira demora cerca de dois a três anos para se concretizar, considerando desde os primeiros sinais da crise de insatisfação, a coragem de assumir o desejo de mudança, as experimentações e a tomada de decisão para se lançar em busca de novas opções.
— Qualquer ruptura não costuma ser uma decisão repentina — ressalta Dayse.
Segundo ela, é importante que a pessoa investigue a natureza das escolhas feitas até o momento atual da sua vida e avalie se estão em linha com a sua verdadeira vocação:
— Muitas das vezes, as escolhas realizadas na juventude, no início da vida profissional, carregam uma forte dose de herança familiar, em especial, a escolha da formação educacional. Quando isso ocorre, é bastante comum que, com o passar do tempo, as motivações do passado se esvaziem, abrindo lugar para dúvidas e, até mesmo, frustrações.
Para ajudar aqueles que estão vivendo este momento de questionamento, Dayse listou outras dicas de como fazer essa transição na vida profissional e pessoal ocorra de maneira tranquila e bem sucedida:

1. Invista no autoconhecimento. Busque entender os seus valores, os seus interesses, o estilo de vida que mais lhe agrada e as suas verdadeiras paixões. Muitas das vezes a ajuda de um coach é fundamental para esse tipo de investigação, ajudando a definir a sua verdadeira identidade e a identificar as motivações que mais pesam para a carreira: dinheiro, status, respeito, vocação, talento, vontade de fazer a diferença, uma causa, etc.

2. Abandone a crença limitadora de que trocar de carreira é desperdiçar experiências e habilidades. O fato de ter investido tanto tempo em uma área profissional não deve ser uma barreira para você seguir novos caminhos. Saiba que as competências adquiridas em experiências anteriores podem ser aplicáveis em novos contextos.

3. Pense em coisas que te chamam a atenção. Não pense em profissões, mas em realizações, em atividades que te dão prazer ou despertam o seu interesse. Ás vezes, um hobby pode esconder uma verdadeira vocação e uma habilidade pouco valorizada pode ser o pontapé para a realização de novos empreendimentos.

4. Elabore um plano de transição, com destaque para as ações que quer e as que não quer fazer. Ou seja, recalibre a sua agenda. Pense também nos recursos que precisa ou pode investir, ou mesmo naquilo que pode abrir mão, caso decida reduzir suas atividades profissionais atuais para se dedicar a outras.

5. Busque pessoas e grupos de referência dentro daquilo que possui interesse. Inicie novos relacionamentos, amplie o seu círculo social, seu networking.

6. Ao invés de colocar em prática o tradicional método de mudança com foco no “planejamento”, utilize o método da “experimentação”. Isso significa interagir com o ambiente, com as atividades e com as pessoas que, na sua visão, estão realizando aquilo que deseja. Ou seja, ao invés de apenas definir uma meta, um destino, a melhor forma de promover a mudança é iniciar um envolvimento com novas possibilidades, viver novas experiências e realizar experimentos, mesmo que em forma de projetos. Isso permite avançar, com menor risco e resultados efetivos.

7. Escolha um mentor, de preferência alguém que também tenha vivido um processo de transição. Este apoio é fundamental para ajudar a enfrentar os temores do novo caminho, compartilhar ensinamentos e ajudar a manter a autoestima e a confiança em alta.

8. Por último, abandone a ideia de que existe um único trabalho ideal, sob medida, capaz de gerar toda a satisfação e plenitude. O novo contexto e as mudanças de mercado substituem o conceito de estabilidade por empregabilidade. Isso significa que os relacionamentos e vínculos de longo prazo passam a ser substituídos por diferentes modelos e contratos de trabalho, incluindo a possibilidade de ter múltiplos empregadores ou de se construir uma carreira mais autônoma e empreendedora. Portanto, fique atento: é bem possível que a sua felicidade não seja alcançada com uma simples mudança de emprego, mas na descoberta da sua melhor forma de se relacionar com os seus talentos, interesses e prioridades particulares.
Fonte O Globo Online