quinta-feira, 6 de junho de 2024

DICAS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE PARA BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE

TEM DIFICULDADES NO MOMENTO DE CONVERSAR COM O CLIENTE? NÃO SABE O QUE PERGUNTAR? SEGUE ALGUMAS DICAS PARA TER MAIS CONFIANÇA E EXTRAIR AS INFORMAÇÕES CORRETAS.

Essa é uma das dificuldades de muitos profissionais que iniciam a carreira na advocacia, os primeiros anos são realmente bem desafiadores.
O primeiro cliente, o primeiro atendimento, o primeiro caso, os primeiros honorários, tudo vai te tirar da zona de conforto do início, tudo é novo, tudo é desafio e você pode pensar em desistir várias vezes, mas com o tempo você vai pegando o jeito da coisa e a satisfação em ver o sorriso no rosto do cliente e o caso dele resolvido não tem preço e vale muito a pena todo esforço e o desafio.
O objetivo de auxiliar os advogados e advogadas no atendimento do cliente previdenciário que quer pleitear algum benefício por incapacidade, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente, mas algumas dicas servirão também para o atendimento em outras áreas do Direito.

1) TRATE BEM O CLIENTE
Trate cada cliente da forma mais educada possível, seja atencioso, demonstre interesse no que ele está falando, na sua dor, no problema que ele tem para te contar, preste atenção em cada detalhe.
O cliente neste momento quer a sua atenção, portanto, deixe o telefone de lado, coloque no silencioso e dedique toda sua atenção a ouvi-lo. Será importante ter empatia com o cliente, nossa expressão corporal fala muito sobre nós e o cliente perceberá caso você demonstre falta de interesse ou que não sabe do assunto.
Use linguagem acessível, simples e que o cliente entenda. Este não é o momento para usarmos termos jurídicos ou jargões que só quem é da área entende. Você precisa se colocar no lugar do cliente e fazer com que ele te entenda e confie em você.

2) IDENTIFIQUE O PROBLEMA
Preste atenção naquilo que o cliente vai te contar, na dor que ele tem e que ele quer que você resolva e, assim, extraia todas as informações necessárias.
O cliente previdenciário normalmente já chega fragilizado, muitas vezes com o benefício indeferido ou cessado. Na maioria das vezes são pessoas maduras, que já vem sofrendo de alguma patologia há algum tempo, sofrendo alguma dificuldade na vida, no diaadia.
Pergunte se ele já foi ao INSS, se ele já fez algum requerimento, se este requerimento foi indeferido, se ele possui documentação probatória, se ele está fazendo tratamento e qual, se ele já procurou um médico, se já fez perícia ou se será necessário requerer.
Analise se ele já não entrou com requerimento administrativo, pois se já estiver em andamento no âmbito administrativo ainda não cabe entrar com uma ação judicial. Mas nada impede que você junte procuração e passe a acompanhar o andamento desse requerimento, adotando as medidas cabíveis.

3) ANALISE DETALHADAMENTE A DOCUMENTAÇÃO
- Analise se ele já tem laudos médicos, atestados, se estão recentes ou não e analise se constam que o segurado possui incapacidade temporária (auxílio-doença) ou definitiva (aposentadoria por invalidez) ou se há consolidação das lesões (auxílio-acidente);
- Verifique qual a patologia/doença do cliente que deu origem àquela incapacidade;
- Analise se o cliente está fazendo algum tratamento e qual, verifique se é o momento certo de buscar algum benefício, sendo sempre sincera com o cliente, nunca o iludindo;
- Seja sempre cauteloso com o cliente. É melhor ser pessimista inicialmente, sem dar grandes esperanças e entregar mais do que o cliente espera, do que prometer resultado e no fim não alcançar o objetivo almejado;
- Se o cliente não possui as provas necessárias o oriente a qual médico procurar e quais informações serão necessárias para pleitear o benefício;
- Caso o segurado ainda não tenha, faça o cadastro dele no sistema do “Meu INSS”, para analisar o CNIS e verificar se possui qualidade de segurado, carência.
- Analise também as carteiras de trabalho do segurado.

4) FAÇA AS PERGUNTAR CERTAS
a) O histórico laboral: se trabalhou com agentes insalubres ou perigosos, por exemplo, verificando o nexo entre a incapacidade e o labor do segurado;

b) O histórico da patologia: qual o início, data do acidente, data da cirurgia, etc. Seja no requerimento administrativo ou judicial junte os documentos/laudos/atestados antigos também, traçando uma linha do tempo até chegar nos documentos recentes, chegando na incapacidade que o acomete atualmente.

c) Pergunte sobre os sinais e sintomas da patologia: os sinais são aquilo que é externo, possível de ser captado através de um exame e constantes no documento médico, por exemplo. São as exteriorizações da patologia no corpo do cliente. Já os sintomas são aquilo que o segurado te relatará que sente em razão dessa patologia. Pergunte qual medicação ele toma, analise as bulas e quais efeitos colaterais são descritos nela.

d) Pergunte sobre a atividade habitual que o segurado exercia: o que ele costumava fazer e que agora não consegue pois está impossibilitado? Como exemplo, uma segurada facultativa, humilde, que é dona de casa, que lava as roupas na mão pois não tem máquina de levar e que precisou fazer uma cirurgia em razão do desgaste; ou um empregado que está impossibilitado de exercer suas atividades em decorrência de alguma doença/acidente etc.

e) Caso o segurado não possua a documentação médica necessária, o oriente como consegui-la: caso necessário, escreva em um papel as informações a serem levadas ao médico para que este faça constar no laudo/atestado médico estas informações.
Mas um conselho de amiga: não dirigia uma “cartinha” ao médico dizendo o que ele precisa fazer. Tem médicos que entenderão super bem, mas tem outros que acharão que você está determinando como eles têm que trabalhar e se sentirão ofendidos, rsrs.
f) Sempre leve em conta as condições pessoais do seu cliente:lembre-se de que cada caso é um caso. Há condições pessoais que podem levar a concessão do benefício, como, por exemplo, o portador de AIDS. Neste caso, mesmo que o laudo/atestado/perícia constate que este indivíduo possua condições de voltar às atividades, é entendimento jurisprudencial de que pelo fato da estigmatização este indivíduo terá grandes dificuldades de se recolocar no mercado de trabalho, o que lhe daria direito a concessão do benefício.

5) SEJA O MELHOR PROFISSIONAL PARA O SEU CLIENTE
Por fim, a última dica é: seja o MELHOR profissional que seu cliente pode ter.
A relação do cliente com o advogado é baseada na confiança e por isso você deve demonstrar SER uma pessoa de confiança. Demonstre interesse no caso e que fará tudo o que estiver ao seu alcance para lutar pelos direitos dele, e, de fato, lute.

Nosso objetivo como advogados/advogadas que somos é a geração de valor na vida dos nossos clientes através do resultado alcançado, confiança e atenção despendidos a eles. Sempre que possível dê um feedback ao cliente, eles gostam de saber que você se lembra deles.
Por Brenda Gonçalves
Fonte JusBrasil Notícias