TEM
DIFICULDADES NO MOMENTO DE CONVERSAR COM O CLIENTE? NÃO SABE O QUE
PERGUNTAR? SEGUE ALGUMAS DICAS PARA TER MAIS CONFIANÇA E EXTRAIR AS
INFORMAÇÕES CORRETAS.
Essa
é uma das dificuldades de muitos profissionais que iniciam a
carreira na advocacia, os primeiros anos são realmente bem
desafiadores.
O
primeiro cliente, o primeiro atendimento, o primeiro caso, os
primeiros honorários, tudo vai te tirar da zona de conforto do
início, tudo é novo, tudo é desafio e você pode pensar em
desistir várias vezes, mas com o tempo você vai pegando o jeito da
coisa e a satisfação em ver o sorriso no rosto do cliente e o caso
dele resolvido não tem preço e vale muito a pena todo esforço e o
desafio.
O
objetivo de auxiliar os advogados e advogadas no atendimento do
cliente previdenciário que quer pleitear algum benefício por
incapacidade, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou
auxílio-acidente, mas algumas dicas servirão também para o
atendimento em outras áreas do Direito.
1)
TRATE BEM O CLIENTE
Trate
cada cliente da forma mais educada possível, seja atencioso,
demonstre interesse no que ele está falando, na sua dor, no problema
que ele tem para te contar, preste atenção em cada detalhe.
O
cliente neste momento quer a sua atenção, portanto, deixe o
telefone de lado, coloque no silencioso e dedique toda sua atenção
a ouvi-lo. Será importante ter empatia com o cliente, nossa
expressão corporal fala muito sobre nós e o cliente perceberá caso
você demonstre falta de interesse ou que não sabe do assunto.
Use
linguagem acessível, simples e que o cliente entenda. Este não é o
momento para usarmos termos jurídicos ou jargões que só quem é da
área entende. Você precisa se colocar no lugar do cliente e fazer
com que ele te entenda e confie em você.
2)
IDENTIFIQUE O PROBLEMA
Preste
atenção naquilo que o cliente vai te contar, na dor que ele tem e
que ele quer que você resolva e, assim, extraia todas as informações
necessárias.
O
cliente previdenciário normalmente já chega fragilizado, muitas
vezes com o benefício indeferido ou cessado. Na maioria das vezes
são pessoas maduras, que já vem sofrendo de alguma patologia há
algum tempo, sofrendo alguma dificuldade na vida, no diaadia.
Pergunte
se ele já foi ao INSS, se ele já fez algum requerimento, se este
requerimento foi indeferido, se ele possui documentação probatória,
se ele está fazendo tratamento e qual, se ele já procurou um
médico, se já fez perícia ou se será necessário requerer.
Analise
se ele já não entrou com requerimento administrativo, pois se já
estiver em andamento no âmbito administrativo ainda não cabe entrar
com uma ação judicial. Mas nada impede que você junte procuração
e passe a acompanhar o andamento desse requerimento, adotando as
medidas cabíveis.
3)
ANALISE DETALHADAMENTE A DOCUMENTAÇÃO
-
Analise se ele já tem laudos médicos, atestados, se estão recentes
ou não e analise se constam que o segurado possui incapacidade
temporária (auxílio-doença) ou definitiva (aposentadoria por
invalidez) ou se há consolidação das lesões (auxílio-acidente);
-
Verifique qual a patologia/doença do cliente que deu origem àquela
incapacidade;
-
Analise se o cliente está fazendo algum tratamento e qual, verifique
se é o momento certo de buscar algum benefício, sendo sempre
sincera com o cliente, nunca o iludindo;
-
Seja sempre cauteloso com o cliente. É melhor ser pessimista
inicialmente, sem dar grandes esperanças e entregar mais do que o
cliente espera, do que prometer resultado e no fim não alcançar o
objetivo almejado;
-
Se o cliente não possui as provas necessárias o oriente a qual
médico procurar e quais informações serão necessárias para
pleitear o benefício;
-
Caso o segurado ainda não tenha, faça o cadastro dele no sistema do
“Meu INSS”, para analisar o CNIS e verificar se possui qualidade
de segurado, carência.
-
Analise também as carteiras de trabalho do segurado.
4)
FAÇA AS PERGUNTAR CERTAS
a)
O histórico laboral: se trabalhou com agentes insalubres ou
perigosos, por exemplo, verificando o nexo entre a incapacidade e o
labor do segurado;
b)
O histórico da patologia: qual o início, data do acidente, data da
cirurgia, etc. Seja no requerimento administrativo ou judicial junte
os documentos/laudos/atestados antigos também, traçando uma linha
do tempo até chegar nos documentos recentes, chegando na
incapacidade que o acomete atualmente.
c)
Pergunte sobre os sinais e sintomas da patologia: os sinais são
aquilo que é externo, possível de ser captado através de um exame
e constantes no documento médico, por exemplo. São as
exteriorizações da patologia no corpo do cliente. Já os sintomas
são aquilo que o segurado te relatará que sente em razão dessa
patologia. Pergunte qual medicação ele toma, analise as bulas e
quais efeitos colaterais são descritos nela.
d)
Pergunte sobre a atividade habitual que o segurado exercia: o que ele
costumava fazer e que agora não consegue pois está impossibilitado?
Como exemplo, uma segurada facultativa, humilde, que é dona de casa,
que lava as roupas na mão pois não tem máquina de levar e que
precisou fazer uma cirurgia em razão do desgaste; ou um empregado
que está impossibilitado de exercer suas atividades em decorrência
de alguma doença/acidente etc.
e)
Caso o segurado não possua a documentação médica necessária, o
oriente como consegui-la: caso necessário, escreva em um papel as
informações a serem levadas ao médico para que este faça constar
no laudo/atestado médico estas informações.
Mas
um conselho de amiga: não dirigia uma “cartinha” ao médico
dizendo o que ele precisa fazer. Tem médicos que entenderão super
bem, mas tem outros que acharão que você está determinando como
eles têm que trabalhar e se sentirão ofendidos, rsrs.
f)
Sempre leve em conta as condições pessoais do seu cliente:lembre-se
de que cada caso é um caso. Há condições pessoais que podem levar
a concessão do benefício, como, por exemplo, o portador de AIDS.
Neste caso, mesmo que o laudo/atestado/perícia constate que este
indivíduo possua condições de voltar às atividades, é
entendimento jurisprudencial de que pelo fato da estigmatização
este indivíduo terá grandes dificuldades de se recolocar no mercado
de trabalho, o que lhe daria direito a concessão do benefício.
5)
SEJA O MELHOR PROFISSIONAL PARA O SEU CLIENTE
Por
fim, a última dica é: seja o MELHOR profissional que seu cliente
pode ter.
A
relação do cliente com o advogado é baseada na confiança e por
isso você deve demonstrar SER uma pessoa de confiança. Demonstre
interesse no caso e que fará tudo o que estiver ao seu alcance para
lutar pelos direitos dele, e, de fato, lute.
Nosso
objetivo como advogados/advogadas que somos é a geração de valor
na vida dos nossos clientes através do resultado alcançado,
confiança e atenção despendidos a eles. Sempre que possível dê
um feedback ao cliente, eles gostam de saber que você se lembra
deles.
Por
Brenda Gonçalves
Fonte
JusBrasil Notícias