É necessário se preparar antes de tentar um acordo.
Conheça seus direitos e saiba qual a melhor forma de obter vantagens na
conversa
O
início do ano costuma ser um incentivo a mais para se livrar de dívidas como
forma de começar o novo ciclo com o pé direito. Em
um cenário ainda incerto sobre a recuperação da economia, especialistas
recomendam a quem perdeu recentemente parte da renda familiar ou está
inadimplente a buscar um acordo com os credores o quanto antes, evitando que a
dívida vire uma bola de neve no futuro.
Veja
a seguir como obter uma boa negociação com o banco e conheça os seus direitos
na hora de aceitar um acordo;
Proponha um valor que você possa pagar
De
nada adianta negociar o valor da dívida, mas acabar aceitando uma proposta do
banco que você não terá condições de pagar.
O
primeiro passo para fazer um bom negócio, portanto, é colocar no papel a renda
mensal, já descontando os impostos e benefícios, e subtraindo desse valor os
gastos essenciais, como os relacionados à casa, à alimentação e à saúde.
Depois
de fazer as contas, o consumidor deve cortar ao máximo as despesas supérfluas.
O saldo que restou é o que deve ser proposto como pagamento mensal da dívida ao
banco.
Eventual
renda extra, como o 13º salário, pode ser utilizada para abater o valor da
dívida. Nesse caso, o consumidor pode pedir desconto por causa do pagamento
antecipado das parcelas.
Verifique se há a cobrança de taxas abusivas
Antes
de renegociar a dívida, verifique se o contrato do financiamento não contém
irregularidades, como taxas de juros muito acima das praticadas pelo mercado.
As taxas médias cobradas pelos bancos em cada modalidade de empréstimo podem
ser consultadas no site do Banco Central.
De
acordo com Ronaldo Gotlib, advogado especializado em direito do devedor, neste
caso a lei está do lado do consumidor. “Mesmo que o banco alegue que o
consumidor tinha conhecimento da taxa no momento da assinatura do
contrato, ele pode alegar que não
pesquisou como deveria em um momento de desespero, ou assinou o contrato sem
entender qual era o valor.”
O
advogado ressalta que os juros de empréstimos mais caros, como os cobrados no
cartão credito e cheque especial, que giram ao redor de 15% ao mês, podem ser
sempre contestados na Justiça, ainda que estejam dentro da média do mercado.
“Neste caso, o CDC protege o consumidor ao entender que estas taxas causam
prejuízo considerável”.
Caso
haja alguma irregularidade, a pessoa deve denunciá-la aos órgãos de defesa do
consumidor e ao Banco Central e utilizar isso como argumento na busca por um
acordo com o banco. Dessa forma, será possível melhorar as condições do
pagamento do débito.
Pesquise as condições oferecidas por outros bancos
É
possível portar a dívida para outra instituição financeira que ofereça
condições melhores de pagamento. Ao pesquisar taxas de juros, prazos e
benefícios oferecidos por outros bancos é possível pressionar o credor para que
sejam oferecidas condições semelhantes.
Caso
o acordo não avance, o consumidor deve efetivamente levar a dívida para outra
instituição financeira. “A dica é ficar atento se as condições são, de fato,
mais vantajosas ou se o novo banco apenas estendeu o prazo da dívida para
fazê-la caber no bolso”, diz Gotlib.
Por
Marília Almeida
Fonte
Exame Online