quarta-feira, 27 de abril de 2016

COMO TIRAR PROVEITO DE REDES SOCIAIS SEM PERDER PRODUTIVIDADE

 
Especialista alerta: excesso pode atrapalhar desenvolvimento da carreira. Boa parte dos jovens checa redes sociais no trabalho, diz pesquisa.

Os jovens que passam horas navegando pelas redes sociais durante o horário de trabalho podem prejudicar seu futuro profissional. O alerta é de Manoela Costa, gerente da Page Talent, unidade de negócios da Page Personnel dedicada ao recrutamento de estagiários e trainees. Segundo ela, jovens que não sabem utilizar o Facebook, Twitter, LinkedIn e outras redes de forma equilibrada podem comprometer sua trajetória profissional.
“As redes sociais fazem parte do cotidiano desses jovens. A maioria acessa diariamente pelo smartphone ou pelo computador. O que tem de ser ponderado é a quantidade de horas que esses profissionais passam conectados às redes durante o horário de trabalho. Muitos perdem a concentração, o foco e acabam deixando de realizar ou atrasando a entrega de projetos importantes. O jovem precisa ficar atento ao uso das redes para que isso não seja um entrave no desenvolvimento de sua carreira”, diz.
Por meio de um levantamento realizado nacionalmente em 2012 com cerca de 200 estagiários e trainees, a Page Talent procurou entender se os jovens utilizavam as redes sociais e por quanto tempo ficavam conectados nesses sites. Quase metade dessa amostra (46%) afirmou que checa as redes sociais durante o horário de trabalho. E 42% desse mesmo público confidenciou que passa ao menos uma hora por dia ligado nas redes de relacionamento durante o expediente. Além disso, um terço dos entrevistados reconheceu que a atividade pode atrapalhar na produtividade.
Segundo Manoela, a produtividade de um profissional em suas horas de trabalho é um quesito muito utilizado em avaliações periódicas. “Os gestores sempre avaliam o que você conseguiu produzir dentro das horas de trabalho que cumpriu. Os que trabalham em carga horária regular e não conseguem alcançar suas metas, desde que plausíveis e normalmente atingidas pelo restante da equipe, normalmente são os que têm a tendência de acessar as redes com maior frequência – ou os que estão sempre conectados no celular”, afirma a especialista.
“Claro que não podemos generalizar. Há outros fatores que influenciam na produtividade dos jovens profissionais, como falta de autonomia, de conhecimento, de experiência e de uma gestão bem direcionada e influenciam muito nos resultados finais apresentados por cada profissional”, diz.
Para ela, as redes sociais são benéficas e também podem ser uma aliada no ambiente profissional. “Com elas há a possibilidade de se conectar com pessoas-chaves do seu negócio, de se manter informado sobre as empresas relacionadas ao seu ramo de atuação e até mesmo levantar informações relevantes a respeito de qualquer aspecto do dia a dia de trabalho. Para os que não conseguem deixar de acessar as redes durante o expediente, faça isso com inteligência. Assim elas podem melhorar sua produtividade em vez de prejudicá-la", aconselha.

Veja dicas do que pode e do que não pode nas redes sociais em seu trabalho
Christian Barbosa, especialista em administração de tempo e produtividade

Manoela Costa, da Page Personnel


Daniela Ribeiro, da Robert Half

Seja seletivo nas suas redes – quantidade de redes não é qualidade. Para que participar de redes sociais que não são relevantes? O ideal é focar nas principais, na qual seus amigos e interesses estão localizados.




Não fale mal da empresa ou dos colegas/chefes


Coloque uma foto no perfil.  Use uma foto pessoal. A foto pode ser casual, mas certifique-se de que é profissional.

Cancele e-mails de notificações – todas as redes permitem configurar o aviso de recebimento de e-mails. Caso contrário, vai ser difícil controlar a vontade de saber o porquê você foi “taggeado” na foto de seu amigo.




Não divulgue informações confidenciais como faturamento, clientes etc.


Respeite o mural. Se você não gostaria de ter o seu comentário publicado em um outdoor, não o escreva no seu mural do Facebook ou de outra pessoa.

Determine um foco nas redes – quem tenta agradar a gregos e troianos ao mesmo tempo se complica com um dos lados. Crie uma estratégia para cada rede que você tiver. Por exemplo, se for utilizar o Twitter para fins profissionais, não misture com assuntos pessoais. Muitas empresas utilizam as redes sociais na hora de contratar um profissional e vai pegar muito mal se tiver fotos suas bêbado depois da balada. Mantenha coerência no perfil.




Não exponha os concorrentes.




Fique atento. Você utiliza o Facebook para fins pessoais ou profissionais? Se você decidir adicionar colegas de trabalho e clientes, mantenha uma abordagem inteiramente profissional.

Determine horários – não sou contra ver seu Facebook durante o horário de expediente, sou contra o abuso desse uso. Caso queira acessar as redes no trabalho para fins pessoais, utilize seus horários antes ou após o expediente e seu horário de almoço.




Não poste fotos internas (festas, confraternizações)




Evite colocar o que você comeu hoje ou em qual bar você vai à noite.

Siga poucas pessoas, mas relevantes – para que seguir gente que não tem nada a ver ou que o conteúdo se tornou irrelevante? Faça uma dieta de pessoas que você segue, repare nos próximos dias quem não tem agregado valor e simplesmente deixe de seguir esta pessoa.





Não torne público conteúdo muito pessoal e não publique comentários pejorativos.



Mantenha o foco. Por mais que você goste, se você usa o Facebook para negócios, resista à tentação de postar atualizações sobre jogos, quiz e grupos dos quais participa.

Utilize agregadores – existem sites e softwares que permitem centralizar suas redes sociais ou atualizar a partir de um único post.


Utilize a rede para estratégia de marketing e amplie a rede de relacionamento.

Evite desabafar. Todo mundo está conectado e as pessoas continuam cometendo o erro de postar comentários negativos ou fofocas sobre seus subordinados, supervisores ou colegas.

Seja relevante nas suas redes – as pessoas gostam de seguir pessoas que fornecem um conteúdo relevante, na medida certa e com periodicidade. Aquele chato que posta muito e de uma vez só acaba perdendo seguidores. E o que publica posts dizendo que acordou de mau humor também não agrega.




Receba comentários ou elogios de pessoas antenadas (avalie notícias de mercado, acontecimentos no mundo etc).

Pergunte antes de marcar uma foto. Cheque com as pessoas antes de marcá-las em fotos, especialmente quando você achar que elas podem não gostar, e não marque alguém de sua rede de negócios, a menos que você peça permissão.

Aproveite seu tempo de espera – Eu gosto muito de atualizar minhas redes quanto estou no aeroporto ou esperando para começar um evento. Aproveitar esse tempinho é muito válido desde que seu celular ou tablet estejam habilitados para tal. Existem centenas de softwares para esses dispositivos que mandam muito bem.






Utilize as redes como ferramenta de pesquisa sobre as empresas.


Rede social não requer “real time answer” – Não sinta-se obrigado a responder uma mensagem na mesma hora em que a pessoa te enviou. Se fosse urgente de verdade, ela encontraria outra forma de falar com você. Se você cria esse péssimo hábito de responder assim que chega, além de acostumar mal as pessoas, vai perder muito tempo desnecessariamente.





Participe ativamente de grupos de interesse/área de formação/grupos de trabalho.


– A vida existe lá fora – Não é porque a vida social se tornou digital que você vai se esconder atrás de um computador em seus relacionamentos. É preciso reservar um tempo para estar junto com os amigos e família presencialmente.





Seja referência em algum assunto/tema (ex: blogs de trainees, moda etc)


Requisito para contratação
Assim como as empresas estão de olho na produtividade de funcionários que costumam usar redes sociais, as companhias também têm usado os sites de relacionamento para avaliar se os candidatos têm o perfil adequado para fazer parte do seu quadro de funcionários.
O estrategista em marketing Gabriel Rossi afirma que o comportamento nas redes sociais conta no momento da seleção do candidato, além de todos os tradicionais requisitos procurados pelas corporações como experiência, dinamismo e segundo idioma.
“A aferição de perfis em redes sociais já virou hábito de setor de recursos humanos em grandes empresas. E há até casos de companhias que pedem para que os candidatos enviem os links de seus perfis nas redes sociais junto com o tradicional currículo. É aí que está a importância de pensar antes de incluir algum comentário no Linkedin, Facebook, Twitter, Orkut ou até mesmo fotos no Instagram. As empresas avaliam a postura, gostos e comportamento geral dos candidatos”, diz.
Mas, segundo ele, as redes não podem ser encaradas como fonte de pontos negativos, mas podem ser usadas para construir networking e demonstrar o domínio sobre determinados temas. “Há perfis que valorizam alguma característica do candidato, como a predileção por esportes ou atividades beneficentes. E isso conta na escolha do profissional pela empresa”, diz Rossi. “Mas casos, por exemplo, de falar mal dos antigos colegas de trabalho, do ex-chefe ou da empresa na web demonstram falta de ética, de respeito e de profissionalismo, mesmo que a pessoa tenha razão em sua reclamação. É importante lembrar que grande parte do que se faz na internet fica registrado tanto nas timelines quanto em sites de buscas. São os ‘rastros digitais’. Isto, com certeza, depõe contra ou a favor do candidato”, diz.

Adicionando colegas
A maioria dos executivos brasileiros não vê problemas em adicionar colegas de trabalho na rede social Facebook, segundo pesquisa realizada pela Robert Half, empresa de recrutamento especializado.
O estudo revela que 41% dos profissionais que atuam no país se sentem muito confortáveis em adicionar os chefes na rede social e 51% quando são apenas colegas de trabalho. O levantamento foi realizado com 1.775 pessoas em 13 países e grandes centros.
Enquanto no Brasil os executivos se sentem confortáveis em adicionar contatos profissionais no Facebook, o levantamento aponta que na média mundial apenas 19% se sente muito confortável em se tornar amigo dos superiores na rede social.
Para Daniela Ribeiro, gerente sênior das divisões de marketing e vendas e engenharia da Robert Half, é importante saber segregar as redes sociais. “É comum vermos a migração dos assuntos profissionais para o Facebook. A recomendação é de que as questões pessoais fiquem restritas ao Facebook e profissionais ao LinkedIn e Twitter”, diz. “A preocupação maior, além da marca que o profissional representa, é a marca dele mesmo”, alerta.

Por Marta Cavallini
Fonte G1